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Saúde-se o dia 3 de Dezembro

por neves, aj, em 03.12.05

(...e dizê-lo cantando a toda a gente)

Image hosted by Photobucket.com E foi assim que...
cinco após as onze
numa manhã um pouco fria
passei pelo trauma primeiro
da minha vida,
vi a luz do dia
papá e mamã olhei
e comigo murmurei:
“Eis-me... Bom dia”!

in Origens






A véspera tinha sido cansativa...

Porque era Dezembro, esse dia teria amanhecido bem frio e seria bem cedo quando o casal-quase-a-ser-pai entrou na Daniel de Matos em Coimbra. Ele, carregando a pequena mala com as roupitas em que o azul e o rosa eram tons pouco predominantes, porque o adorável mistério se desejou manter até ao final, teria aberto a pequena porta lateral para dar passagem à barriga empinada da futura mãe.

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Não havia agitação... a ida nem fora às pressas tanto que os sinais estavam ausentes e se o casal estava ali é porque as semanas se vinham arrastando em demasia e a preocupação do Elias doutor-amigo é que achou, por bem, marcar o mais belo dos acontecimentos na vida de um casal, e não outro que se queira julgar, para essa Quinta-Feira que era o dia da semana da habitual consulta.

A gestação tinha sido normal, cuidada, os meses passavam em alegria e o futuro rebento até colaborava com movimentos reflexos que lembravam pontapés (chutes) e que faziam a delícia dos pais...

principalmente do paterno que se sentia ainda mais babado ao imaginar-se com um Ivan futebolista nos braços (palermices de uma sociedade machista)... todavia os registos apontam que nas primeiras semanas a mãe também recebeu a habitual visita dos mal-estares matinais, mas notou-se a ausência dos enigmáticos, pouco credíveis e tão propalados desejos porque, convenhamos, isto de sentir desejo por algo é coisa que ataca durante todo o ano e não escolhe homem nem mulher.
Assim, nada levava a crer que na hora da decisão, e após o inquilino ter dado as voltas necessárias e precisas, a porta da casa uterina se recusasse a abrir. Tentou-se ajudar, mas após horas e horas de espera, impaciência e ansiedade, o resultado foi nulo. O Elias, também ele cansado pelo sofrimento materno, marcou a operação para o dia seguinte...

Também porque era Dezembro essa Sexta-Feira teria nascido fria e enevoada, mas num repente o céu tornou-se tão redondinho quanto o número que marcava o calendário, o sol elevou-se raiando por todos os seus poros e o mundo ficou mais iluminado... os relógios marcavam cinco após as onze.

3
Dezembro

O mistério da concepção estava revelado e a menina iria chamar-se Raquel para enlevo do pai e por comum acordo do casal.

Decorreram 23 anos e a pequena amora que se fixou pulsando no ventre materno cresceu. Amadureceu, é mulher e é assim que o pai a considera, mas jamais a sua memória poderá esquecer a imagem, a primeira imagem, do pequeno bombom de amarelo embrulhado, dormindo de mãos fechadas em punho e revelando ao pai a mais bela das orelhitas.

Irina Raquel...filha... em palavras menos trabalhadas digo-te que é meu desejoque sintas, tal como eu o estou a sentir, o quanto osquilómetros se podem reduzir a metros e o majestoso Atlânticose tornar em pequeno riacho... um beijito doce deparabéns.
Gosto tu
Teu pê-á-í





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publicado às 11:05


12 comentários

De Agostinho a 10.12.2005 às 22:07

Parabéns à Raquel!O amor de pai é transmitido nestas palavras com ternura e encanto e nunca será esquecido...Momento mágico que muito bem decreves.Um grande abraço para ti Seven.

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