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Oi... pode falá!

por neves, aj, em 31.03.04

src=http://img44.photobucket.com/albums/v136/seven2004/oi_pode_fala1.jpg width="315" height="228">

... é uma das expressões que ouço amiúde e que mais me prende a atenção...

size=3>Ninguém porá em causa que, aquando da descoberta (ou achamento) em 1500, Álvares Cabral impôs a língua portuguesa como idioma oficial nestas terras exóticas (exóticas para Cabral e seus pares, entenda-se). Também ninguém duvidará que a linguagem usada por um povo sofre modificações ao longo dos tempos, seja por influência externa, seja por vontade popular. E, afinal não é o povo quem mais ordena? Ele terá sempre força para fazer prevalecer a denominação que atribui às coisas.O português hoje falado e escrito por terras brasileiras possui uma estrutura muito própria que teve o mérito de saber moldar-se às influências dos vocábulos multilingues que o invadiram: assim, não desprezando a língua mãe, adoptou e absorveu (desde logo) os dialectos africanos trazidos pelos escravos e (mais tarde) os idiomas migrantes mais díspares, desde o italiano ao holandês ou alemão passando pelo castelhano ou japonês. Com tais ingredientes, o cozinhado teria de sair bem gostoso: para além de expressões bem típicas que atravessam fronteiras e que até chegam a "colonizar" outras paragens, o povo brasileiro oferece-nos um melódico sotaque que é ímpar no mundo e nos contagia de alegria. E nos dias de hoje, queiramos ou não, temos obrigatoriamente de considerar dois "tipos" de Português

(idioma, atente-se): o de Portugal e o do Brasil. Para além de existirem termos e expressões de qualquer um dos povos que são (quase) imperceptíveis pelo outro, há diferenças relevantes na grafia. Contam-se neste caso, e do lado brasileiro, a supressão dos cês e pês mudos como em facto e baptismo ou a substituição do acento agudo pelo circunflexo em algumas palavras como Antônio no lugar do portuguesíssimo António. Todavia, o que acabei de dizer não é completa novidade, principalmente para os utilizadores das novas tecnologias. Em qualquer processador de texto, já surge a diferenciação entre os dois "tipos" de idioma, cada qual com o seu próprio dicionário de português (de Portugal e do Brasil). Agora, imaginem o cuidado que terei de ter para vos servir correctamente o que fabrico. Como no computador que utilizo só está instalado o corrector ortográfico de "português do Brasil" vejo-me na obrigação de redobrar de cuidados e educar a mente no sentido de que quando sou avisado de erro é porque a palavra poderá estar, certamente, escrita de forma correcta no meu, "nosso português". Verdadeiro contra-senso, não?

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publicado às 16:08



  
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    Este Salazar nada tem a ver com o "teu amigo".

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