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Uma manhã de Abril
(Redigimos e publicámos em 2002, Abril no semanário Defesa da Beira - Santa Comba Dão)
Minutos, poucos, após as dez ouve-se o troar dos primeiros morteiros de salva.
É o sinal. O primeiro.
Tal como E Depois do Adeus vinte e oito anos antes.
Só que hoje o "tocar a reunir" não é destinado às tropas revoltosas e sim às hostes populares.
Afinal a Festa pertence ao Povo.
O ponteiro do relógio aproxima-se da meia-hora e os tons da Fanfarra dos Bombeiros Voluntários já se fazem ouvir.
É o sinal dois.
Tal como Grândola, Vila Morena vinte e oito anos antes.
Só que hoje os tanques não avançam como naquela madrugada de Abril.
25 de Abril de 1974
Portugal amordaçado acorda da letargia de 48 anos e sai à rua. O Povo não esquece e agora em Liberdade todos os anos lembra o acontecimento. Neste dia há sempre um cheirinho a cravo encarnado nos ares da mais recôndita povoação ou da urbe mais importante do país.
A nossa cidade de Santa Comba Dão não foge à regra.
Quinta-feira, 25 de Abril de 2002
No Largo do Município, que se desejaria liberto das viaturas automóveis, o Corpo de Bombeiros está perfilado em posição de sentido junto aos mastros das bandeiras.
Atrás de si tomam posição as entidades autárquicas do concelho, símbolos do verdadeiro Poder Local uma das conquistas da Revolução.
Ao som da "marcha de continência", a Bandeira Nacional Portuguesa é hasteada no mastro central. Seguidamente sobem em simultâneo as bandeiras da União Europeia e da cidade.
Defronte e em postura silenciosa, o Povo em comunhão presta homenagem.
Será à volta de uma centena de pessoas. Não mais. Homens e Mulheres a quem Abril ofereceu Igualdade de Direitos. Principalmente os "jovens de então" ostentam na lapela ou na mão um Cravo Vermelho, que florista anónima imortalizou como símbolo da Revolução dos Cravos.
Chega ao fim a solenidade.
E a Fanfarra dos Bombeiros Voluntários de Santa Comba Dão despede-se da população com Arruada pelas artérias principais da cidade.
As Comemorações do 25 de Abril por aqui ficaram.
Em voz democrática, o Povo comenta que sabe a pouco. Comenta igualmente a pouca participação da juventude. Pergunta-se pelas razões de tal alheamento. Culpa dos jovens? Ou falta de iniciativas que os mobilizem e os levem a participar? Com que direito se critica a "ignorância" dos jovens na matéria?
O garante da Democracia e da Liberdade não pode ser enfiado em gaveta alguma.
25 de Abril Sempre, não pode ser mero slogan.
Compete à Escola, aos Pais e à Sociedade em geral estar atentos e lutar pela continuidade dos seus ideais, por uma sociedade mais justa e mais igual.... é que por vezes sopram "certos ventos" que podem deitar tudo a perder.
Este Salazar nada tem a ver com o "teu amigo".
O que andas a ler... "obrigas-me" a revisitar o pa...
Adorei a parte final da recomendação, O limão foi ...
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