Voz do Seven

Euro2004 a 8 mil Km –V

Portugal  2 – 1   Holanda

Ena pá,estamos na Final...

Pela primeira vez numa competição de Seniores, a Selecção NacionalPortuguesa está numa Final.
Conseguimos finalmente ultrapassar o "traumadas meias-finais" onde já tínhamos esbarrado por três ocasiões, noMundial 66 e Europeus de 84 e 2000. É justo, deste modo, considerar como um feitoesta presença na Final no próximo Domingo, 4 de Julho, no deslumbranteEstádio da Luz.
O desafio das meias ante a Holanda prometia e apesar daapreensão (sempre é a Holanda) os mais familiarizados com estas coisas dosfutebóis lá se animavam recordando os últimos bons resultados obtidos com a"laranja mecânica". O Salão de Festas da Casa de Portugal estava bemcomposto. Apesar de ser dia de semana e as 15:45 horas serem uma "hora realmente inconveniente" a sala estava quase a abarrotar, comgente a ser obrigada a presenciar de pé o que viria a ser, talvez, o melhordesafio da Selecção das Quinas. Desnecessário se torna dizer que ascores verde, vermelha e amarela enfeitavam o ambiente e os bombos e o acordeãonão paravam de se fazer ouvir. Com naturalidade, é um Portugal muitopersonalizado que toma conta das operações e o receio inicial ao papãoholandês vai desaparecendo.
Tá no papo, ouve-se... como já disseestamos numa casa portuguesa, com certeza.
Surge o primeiro por CristianoRonaldo e exige-se o segundo, mas a bola teima em não entrar. Cada vez que aEquipa das Quinas pega na bola e parte para o ataque a euforia é grande e aspessoas não conseguem manter-se sentadas... e quando a bola em arco de Maniche se anicha nas redes é odelírio. A tranquilidade instala-se nas nossas mentes, ainda para maistínhamos um Luís Figo, verdadeiro capitão, ao seu melhor nível calando muitas vozes detractorasque mais não fazem que desestabilizar.
Mas, mais uma vez os deuses quiseramtestar as nossas capacidades de sofrimento, quiçá a prepararem-nos para odesafio final, e os derradeiros minutos foram sufocantes. O apito final ouve-see, qual Alvalade em São Paulo, oscachecóis também se agitam e as bandeiras esvoaçam, entoam-se cânticos e grita-se Portugal... Portugal.
Ena pá, estamos na Final... é uma festaportuguesa, com certeza, recolhida em imagens por três estações televisivasbrasileiras (uma delas com transmissão em directo) e pela nossa TVI.
São sucessos comoeste que trazem a imprensa e divulgam o futebol português, dizia-me Marinho Peres, o maisportuguês dos treinadores brasileiros, e que ainda não perdeu as esperança deacrescentar mais umas épocas às 12 que já leva a treinar clubes portugueses,desde Belenenses ao Sporting, passando pelo Vitória de Guimarães. Simpáticoquanto baste, não se furtou às solicitações. Deu entrevistas a jornalistas,alguns deles portugueses que me pareceram "estagiários" dada ajuventude revelada,  conversou com conhecidos e até deu uma palavrinha aquem ousou dirigir-se a ele, como foi o meu caso.
A caminho do metrô,orgulhosamente reparei em dois automóveis com bandeiras nacionais portuguesasao vento e cruzei com um pequeno grupo de jovens, provavelmenteluso-descendentes, envergando as nossas cores e em reinação total pelas ruasdesta enorme urbe.
É uma festa portuguesa, com certeza.

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