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Chá de Tília

por neves, aj, em 17.10.04
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diz qu'é bom p'ros nervos e até ajuda a digerir!

... e a primeira xícara vai p'ro Luiz Felipe Scolari. Sim essemesmo, o seleccionador nacional de futebol que levou a "equipa detodos nós" ao honroso segundo lugar no Campeonato Europeu de Seniores.
"...são uns eme, três pontinhos" e "Vão-se efe, trêspontinhos"... foi asism que a simpática (Felipão certamente diria gostosa) apresentadora do canal televisivo RedeTV começou portranscrever  notícia veiculada pelo jornal desportivo A Bola. A citadanotícia referia-se a frases presumivelmente proferidas por Scolari em conversacom jornalistas logo após a conferência de imprensa no final doPortugal-Rússia. Trata-se portanto de conversa off-record e tal como a outratem carimbo para poder ainda dar que falar (lembram-se dessa tal outra conversa?Uma famigerada conversa que envolveu o também seleccionador Oliveirinha emuma das fraudes célebres no futebol português com prejuízo nítido da minhaBriosa?).
Não é pretensão deitar achas p'ra fogueira, mas Voz do Seven não pode ficar indiferente a tal cena que se tem de classificar comoinqualificável. Naquilo que até posso titular de Carta Aberta, digamos assim, ao companheiro FelipeScolari começo por lhe dizer: "Ó pá, francamente… não havia nechexidade".Compreendo que um homem não é de aço, é feito de carne e ossos e também temnervos. Sei também que, por vezes, os jornalistas são uns chatos do caraças eperguntam ou escrevem aquilo que nós, entenda-se vós os famosos, nãogostamos... embora sejam esses jornalistas que em outras alturas nos projectampara o Mundo, que nos colocam no mais alto pedestal cobrindo-nos com tamanhafama que nos permite fazer contratos milionários.
Compreendo também que queresenterrar o affaire Liechtenstein (longe vá a hipotética ironia no francesismoempregue... Voz do Seven não se refere de maneira alguma a anónima Paulahospedada em estância suíça qualquer). Queres esquecer os vergonhosos dois adois, porque até tu te sentes envergonhado e não sabes explicar. Eu, como aesmagadora maioria do povo português também gostava de ficar esclarecido comoé que é possível uma equipa de futebol composta por jogadores profissionaisque actuam nas melhores equipas nacionais e alguns até nas melhores da Europa,conseguem a proeza de empatar, após um favorável dois a zero, com umaformação tão modesta composta unicamente por três profissionais (segundoouvi na rádio). Nem o apoio da assistência faltou, porque a maioria dospresentes era portuguesa. Será que, conforme tu dirias, os jogadores portugueses entraram no jogo de saltoaltopavoneando-se em completo desrespeito pelo adversário? Então aqui há culpas. Etuas também. Não afirmaste tu no célebre jogo com a Espanha no Euro 2004, que "era matar oumorrer"? Dissesses-lhes a mesma coisa para este jogo, ora pois. Dizes tu (ainda) que na ressaca nãodeste raspanete aos teus jogadores. Pois a eles é que lhes devias ter dito parase irem efe, três pontinhos... eu, aqui a milhares de quilómetros mandei-os. Enão me arrependo. Apesar de tudo tentei convencer-me que o escândalo de Sábado à noite não passou de umacidente de percurso e nem sequer escrevi sobre o desaire e se o faço agoraé porque surgiu este caso que tu cozinhaste. Porque as dúvidas surgem... comose empata com uma equipa amadora e passados quatro dias depois joga-se comtamanha garra e até se dão sete a uma Rússia? Algo se passou caro Felipão...algo se passou.
Estou a perder ofio à meada caro Felipão. Não era minha pretensão falar do passado. Quero irpara a frente, pois acredito piamente que vamos ser apurados para o Mundial 2006e quero que saibas que estou com a Selecção de todos nós (e não a tua oudoutro qualquer) e que de maneira alguma os jornalistas conseguirão virar-mecontra a Equipa das Quinas, como tu afirmaste. Escrevam o que escreverem. Sei que tens o status de Campeão do Mundo em Futebol, mas isso não te dá o direito de"roncares" o que te vier à cabeça. Afinal és o Seleccionar Nacionalde Portugal e Portugal não é uma qualquer república de bananas. É um facto que somos um país pequeno, comas suas limitações próprias e futebolisticamente, por mais que corramos,outros países nos ultrapassam. Nós sabemos e admitimos, caro Felipão. Mas oque não pode estar ausente é a dignidade. A Selecção Nacional Portuguesa é(também) um símbolo da Pátria Lusa. Une os portugueses à sua volta e umatleta que veste a camisola verde-rubra tem de se consciencializar que está arepresentar Portugal. Tal como o técnico que os comanda e que tem, ou deveriater, responsabilidades ao mais alto nível e não é exagero se afirmar não muito distantes de um governante. Inevitavelmente a imprensa mundial, do teu Brasil também, falado caso que geraste com os jornalistas e é vergonhoso que o nome de Portugal fique manchado por frases indecorosas, impróprias a todos os níveis e proferidas em verdadeiro momento de descontrole emocional, a raiar a loucuramomentânea, pelo Seleccionador Nacional Português. Não Felipão, não. Haja dignidade.
Não sou Cristo para te poder perdoar. Nem sei se há algo a perdoar, nem seise admites que erraste. Também não sei se Madail leva a coisa a sério e tevai puxar as orelhas. Mas mereces uma repreensãozita. Cartão vermelho jamais,mas amarelo sim. Pelo que já constatei por aqui, pelo teu Brasil, pelo o que me é oferecido pelas tevês sei que és um homem bastante emocional, que ferve em pouca água, mas todos te consideram um gajo porreiro. Com provas dadas. Embora não me sinta obrigado a agradecer-te pelo que tens feito pelo futebolportuguês, visto que é o teu trabalho e tanto mais que ganhas mais num mês doque um cidadão ganha em anos, quero que saibas que tinha consideração por ti. Não vou dizer que a perdi completamente, mas... entendes, não? É um facto que, no teu jeito peculiar, conseguistereunir o povo português à volta da Selecção e aqui fica o meureconhecimento público pelo trabalho. Mas, tens que ter cuidado. E assim, resta-merecomendar-te, para teu bem e para melhor entrares nessaEuropa que tanto ambicionas, que tomes um xícara de chá de tília todos osdias ao acordar. É produto natural e não causa dependência e até dizem queproduz efeitos que se sobrepõem a quaisquer xanaxes ou lexotans.Acredita. Convinhaigualmente que quando estiveres com os estupores dos jornalistas faças aquiloque eu recomendava aos meus alunos de Matemática: antes de responderes enche opeito de ar em inspiração profunda e deixa passar cinco, dez segundos...evitam-se muitas asneiras. Acredita.
Ah... afinal parece que o jornalistaque te trouxe à memória o passeio ao Liechtenstein é uma senhora. Jornalista do Record queaté dedicou um Editorial ao assunto. Mas... ouve lá Felipão, por amor dequem mais ames. Isso faz-se? Isso diz-se? A uma mulher? Sinceramente. Seu grossodir-te-iam por aqui. Olha,outro conselho... passa na florista mais próxima compra um raminho de rosas econvida a senhora para comer um bom bacalhau regado com um bom branco... seaceitar talvezela tenha a dignidade de esquecer o assunto.

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Também vou oferecer uma xícara destemilagroso chá ao treinador Carlos Alberto Parreira. Já sei, já estarão adizer que nada tenho a me meter em assuntos da Selecção Nacional Brasileira,pois como cidadão estrangeiro em casa estranha devo fechar o bico e blá, blá,blá... et cetera.
Fique registado que não pretendo meter opinião emestratégia alheia, nem tenho intenção alguma em desestabilizar a equipa. Aquestão é  com Parreira e as duas linhitas que escrevo é para lheaconselhar a tomar o chazito, pois dizem que a citada infusão também tem propriedades estimuladoras de uma boa digestão. E oseleccionador canarinho parece que tem muitos problemas desses. Principalmente se a iguaria parece queestá no papo e afinal é indigesta p'ra caraças. Foi o que aconteceu noúltimo Brasil-Colômbia com um frustrante (para as cores brasileiras bementendido) zero a zero final.
Na conferência de imprensa Parreira lamentou-se efez queixa mais ou menos nestes termos: "só pode haver futebol se as duasequipas quiserem e hoje uma delas [Colômbia, digo eu] não o quis". Com odevido respeito senhor Carlos Alberto Parreira, a Colômbia tem de tratar da sua(dela) vidinha. Pois é verdade que fez marcação cerrada, mas não foi àmargem das leis do futebol e como era (ou ainda é nem sei) a última colocadado grupo, necessitava tanto de pontos como de pão para a boca. Realmente o jogoperdeu beleza, mas então queria que eles viessem jogar abertos contra o Brasil,selecção campeã do mundo e que possui um lote de jogadores dos mais desejadosdo planeta? Se o fizessem era autêntico suicídio, não? Levariam uma tosa queo avião até regressaria derreado duma asa pelo peso das bolas sofridas.
Repito que não é matéria que me digarespeito, mas ninguém se segura perante tal discurso de um treinador que estácomo que "condenado" a ser campeão do mundo. E pelos vistos não sou só eu que penso assim, alguns comentadores desportivos tambémdiscordaram, embora meigamente, de tais palavras. Se neste jogo o Brasil nãoencontrou soluções, pois tem que se dar mérito ao adversário embora verdadeseja dita que os craques canarinhos não estavam muito inspirados. Acontece.
Ofereço, assim, uma xícara de chá de tília para futuras boas digestões.








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