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Herpes Zoster
(afinalnão eram "dores de parto", a situação era mais dura,muito mais... que as mães perdoem a brincadeirinha dacomparação)
Seriam umas17:30 horas (de Quinta-feira 8) quando eu deitado no bancotraseiro do Táxi, por as dores se tornarem cada vez maisinsuportáveis, rumei de volta ao Hospital das Clínicas parasaber dos resultados da análise à urina que, lembro, foidireccionada no sentido de pesquisar possível "pedra norim".
Por tão injusto que estou a ser narrando unicamente na primeira pessoa dosingular, abra-se aqui, e já, um pequeno parêntesis para homenagear com enormegratidão a dedicação de minha companheira,mulher, esposa que apesar de nunca ter lidado com situação detamanho calibre teve a calma e a paciência necessárias eprecisas para me apoiar e aturar... obrigado sócia.
A viagem que sesabia curta estava a tornar-se longa, demasiado longa... a minhamente tentava distrair-se com a paisagem urbana que passava pornós e ao mesmo tempo interrogava-se (nem todo o discernimento seperde) quanto ao aparecimento próximo ao umbigo de meia dúziade pequenas bolinhas em fila indiana. As pontas dos dedosbrincavam com as ditas bolinhas e longe estava eu de saber, porfalta de prática, que carregava juntinho à pele do corpo otrunfo p'ra descoberta da maleita.
Indultado de novo e sempre penoso processo burocrático por sóir saber resultado de exame, as portas da Emergência(Urgência) abriram-se mais facilmente e eu até já pareciafilho da casa. Ainda recordavam o paciente que se contorcia comdores e que até recusava a cadeira, por ser de todo impossívelsentar, gentil e solicitamente oferecida pelos outros utentes...e eu aqui tenho prazer em dar-lhes voz, de dizer como égratificante conviver com este povo que é livre da praga daspalavras meramente circunstanciais e que oferece afectos sem nadacobrar. É esse povo que faz a esmagadora maioria dos utentes dosServiços de Saúde Pública, os que não podem comprar o"pacote de saúde" através de caríssimos convénioscom empresas e que são tão publicitados via TV (poderosíssimomeio no Brasil) e tão enaltecidos que até dá a ideia de que asTACs deles descobrem o que não existe. Não sei se tamanhapublicidade aos planos de saúde e aos hospitais particulares(oferecendo os seus serviços como de um hotel se tratasse)causará algum constrangimento aos que não têm possibilidadeseconómicas... eu, por mim, já habituado ao Serviço Públicopor utente que já era do Serviço Nacional de Saúde Portuguêsrecusei-me a aderir a tamanho absurdo de pagar uma renda mensal auma empresa qualquer para me tomar conta do corpo e hoje sei que,em casos de maior gravidade me colocariam igualmente num HospitalPúblico ou, pior de tudo, se no plano de saúde que tivessefeito não constasse a doença (ou exames necessários) que meviria a atacar eu teria que me virar por outro lado ou entãopuxar, novamente, pelo cordão à bolsa... ora batatas.
Voltando ànossa... à minha dor.
A primeira coisaque a doutora (a mesma doutora) me disse é que a hipótese decálculo renal teria que ser descartada, já que a análise àurina tinha sido inconclusiva. Ao mesmo tempo que me mandavadespir a camisa logo lhe fui falando na tal meia dúziade bolinhas que me faziam cócegas... de imediato, o argutoespírito médico injectou a doutora para fora da cadeira e,observando-me (também) as costas, quase que gritou
herpes...Herpes Zoster
e, não contendoa excitação, a doutora até foi chamar o colega que atendia noconsultório ao lado para também ele observar, porque afinal éassim que o médico evolui na sua profissão.
A conversa alargou-se a mais um... falou-se da dificuldade defazer o diagnóstico do Herpes Zoster pela ausência (inicial)das bolhinhas, o que para mim é perfeitamente compreensível,porque médico não é mágico nem bruxo, ele apenas faz o seujulgamento por interpretação de sintomas e sinais,socorrendo-se por vezes de exames complementares. A doutoraavisou-me que a doença ainda estava a instalar-se, que asvesículas iriam aparecer em maior quantidade e também não seesqueceu de me dar explicação clara do aparecimento da doençaque chegou até mim e que o povo brasileiro chama de cobreiroe eu apelidei de zona, motivo de risada para os doutorespor no Brasil tal vocábulo se referir também, e na voz popular,à zona onde estacionam as meninas vendedoras de prazer.
(em posteriornavegação pela internet fiquei a saber que afinal o cobreirotambém pode ser por aqui apelidado de zona e também de cobrelo,aliás como em Portugal... fica o convite para saber mais sobre o="http://vozdoseven.weblog.com.pt/arquivos/2005/12/herpes_ligacoes.html"target="_blank">HerpesZoster
face="Verdana">, como se caracteriza, como aparece e até ascrenças populares, não faltando as rezas nas benzeduras)A minha aventurapelo HC estava a chegar ao fim... a receita foi carimbada e assinada,apertaram-se as mãos, agradeci com reconhecimento à doutora eapesar de as dores não me largarem sentia-me mais aliviado.
Como cá paramim
Pedro, o que tens? é pura conversapara boi dormir, como diz a minha sócia, parei na Farmáciamais perto de minha residência, tomei a injecção receitada eabasteci-me das pílulas, que ingeridas a tempo e horas nãonecessitam de cantilenas benzidas para se tornarem eficazes. Hoje,Quinta-feira, apesar de ainda me sentir um pouco debilitado jáconsigo sentar-me por períodos mais longos e assim fazer chegaraté vós as novas que vão surgindo. Não me furto de vosrelatar o que me aconteceu (sei que para alguns poderá tornar-seem prosa desinteressante e até maçadora), porque para além dedivulgar, desmistificando (também) a doença, não me fica nadamal fazer o agradecimento público à instituição Hospital dasClínicas e, é sempre gostoso de dizê-lo, enaltecer oacompanhamento humano de que fui alvo. (tendo em contaque o aparecimento do ="http://vozdoseven.weblog.com.pt/arquivos/2005/12/herpes_ligacoes.html"target="_blank">HerpesZoster
Senhor, um cobreiro
Pedro, curai
Senhor, com quê?
Com águas das fontes
E ervas dos montes
Seca, seca, seca!
A saga das dores continuou por mais dois dias e só no Domingo demanhã senti um certo alívio. Desloquei-me à Farmácia paralevar mais uma injecção, a segunda de três, e já vim paracasa a pé quase cantando e rindo.
(calma pessoal,que a situação está sob controle... agora é pura prosa)
Não posso precisar a hora, massei que foi logo de manhãzinha. Quanto ao dia afirmo comsegurança que foi na Quarta-feira passada porque elas (as dores)amainaram durante o disputadíssimo desafio de futebol entre osencarnados do Benfica e do Manchester que os da Luz venceram comexibição personalizada e me trouxe a lembrança das noitesmágicas europeias de Costa Pereira, Coluna, Eusébio ecompanhia. Homem sofre caros amigos... A aurora chegou e com ela anecessidade de procurar ajuda. Pela primeira vez desde que cáestou parti em busca de salvação... de uma salvação que minhamente confusa nem apelava para a cura da maleita antes sim, emverdadeiro contra-senso, apenas pelo fim do estado doloroso. Passavam 5 minutos das 7:00 horas da manhã de Quinta-feira quando tirei a senhada vez na emergência do Instituto Central do colossalHospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidadede São Paulo, o ="http://www.hcnet.usp.br/index.htm" target="_blank">="#000080" size="2" face="Verdana">HCFMUSP
Nessa noite, de quarta paraquinta, a cama tornou-se objecto non grato e só o sofáou a carpete da sala é que me aturavam os devaneios... deitadode costas ou de ventre, de joelhos ou na mais bizarra dasposições eu tentava apagar o fogo que me consumia, tentavaacalmar o ardor de uma dor tão intensa quão brutal e quechamava um figo aos miligramas de paracetamol que euenfiava para o estômago.
Essa dor que de início pareciaque chegava como cólica sobre o rim esquerdo bem depressa setornava lancinante como punhalada irradiando pela zona lombar comuma ou outra intromissão à frente e de imediato comecei asentir dificuldade (e medo) em urinar não propriamente pelo actode expelir em si, mas devido às fortes dores nas costas.
Calhou-me em sorte uma doutora(a espera teria sido de uns 30 minutos, nem tanto) que a certoponto do interrogatório, quase que aposto, teria ficado um poucoconfusa, dado que todo e qualquer tipo de dor que ela chutavaeu dizia que sim, que tinha. E ainda mais confusa teriaficado quando me deu o célebre murrinho ou soquinho sobre o rim quegeralmente identifica a existência de cálculo renal e eu nem memexi. Encaminhando o seu juízo para "pedra no rim", adoutora lá foi afirmando que provavelmente a crise já teriapassado ou seja por outras palavras que a hipotética pedrinhajá estaria a caminho da bexiga ou quem sabe até já poderia tersaído para o exterior. Medicou um complexo analgésico que umaenfermeira me administrou na veia e fui, seguindo uma linha quejá não lembro a cor, "fazer um Raio X".
Quando regressei com a chapa quenada ajudou, as dores tinham aumentado e a doutora, cada vez maisintrigada, mandou-me deitar, fez palpação de todo o abdómen,mas parecia tudo normal dentro daquela anormalidade. Foi-meadministrada uma segunda dose analgésica de buscopan ecompanhia e fui, linha afora, até ao Laboratório de Análisespara que me fosse feita uma colheita de urina.
O resultado daanálise só estaria ao dispor 4 ou 5 horas depois e a doutora,nora de uma patrícia de Lisboa (a manhã já ia alta osuficiente para termos entabulado conversa) recomendou-me queviesse até casa, descansasse e voltasse lá mais pelo fim datarde.
Com cada um de nós amarrado àssuas interrogações, fizemos a despedida em tons bem agradáveisbrincando até que estas eram as "dores de parto" quetodo o homem poderia sentir... a meu rogo, a doutora disse àenfermeira para me dar uma cápsula, avisando-me, contudo, parater cuidado no percurso de volta, porque o medicamento iria"dar sono"...
não deu...
e afinal, a dor continuoucada vez mais activa e só no meu regresso ao Hospital (pelo fim da tarde) é que odiagnóstico, por aparecimento de um sinal, foi finalmentefeito... para tranquilidade de ambas as partes.
Este Salazar nada tem a ver com o "teu amigo".
O que andas a ler... "obrigas-me" a revisitar o pa...
Adorei a parte final da recomendação, O limão foi ...
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