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santinhos pag.1

por neves, aj, em 30.04.06

Apesar de desnecessário sempre diremos que as imagens dos santosgeneticamente modificados estão à esquerda de cada par de imagens e que ostítulos são da responsabilidade dos autores. Fica o aviso de que este nossotrabalho está isento de toda e qualquer chacota, é realizado em perspectivaestritamente profissional (apesar de não ser a nossa profissão) e, sempre quejulguemos necessário, será feito pequeno comentário numa tentativa deexplicar as razões (se foram dadas) que levaram Nildão e Renatinho a fazer asmodificações.

páginaseguinte

 


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Aparição da Virgem Aparição da Virgem

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Santo António Jackson Santo António

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São Será o Benedito São Benedito

 

Será o Benedito? é uma expressão popular brasileira usada sempre que alguém tem alguma dúvida sobre qualquer coisa.

saibamais

 

páginaseguinte

Se existemtantos desaparecidos por aí, por que não criar uma santa dos desaparecidos?pergunta Nildão

Nossa Senhorada Conceição Aparecida é a Padroeira do Brasil. Pouco conhecida comoConceição a suahistória remontaaos tempos coloniais (1717) quando um grupo de pescadores viu aparecer (daíAparecida) nas suas redes uma imagem da Padroeira do Reino (note-se que Nª Sªda Conceição é ainda hoje a Padroeira de Portugal).

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Nossa Senhora Desaparecida

Nossa Senhora Aparecida




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publicado às 21:52

santinhos pag.2

por neves, aj, em 30.04.06

 

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São Rock São Roque

São Roque

Protector contra a peste e padroeiro dos inválidos e cirurgiões, Também  protector do gado contra doenças contagiosas

Repare-se nas pernas tatuadas e o rosto de Gene Simmons, dos Kiss

 

São Jorge

o santo guerreiro que matou o dragão e salvou a princesa é o mais popular da Bahia... deixou a origem europeia e se tornou o “São Jorge Brau” em homenagem aos negros... repare-se no tom da pele e na longa cabeleira rastafári.

Brau (em Salvador)- um homem jovem, quase sempre negro, vestido de forma 'aberrante', com modos e gestos agressivos e de difícil classificação no padrão tradicional das etiquetas raciais na Bahia.

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São Jorge Brau São Jorge
 
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São Caetano e Gil São Caetano

SãoCaetano

7 de Agosto...fundoua Ordem dos Clérigos Regulares - teatinos

São Caetano eGil retrata a cúmplice amizade entre os cantores baianos CaetanoVeloso e Gilberto Gil, este actualmente o Ministro daCultura do Brasil

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N. Srª Amiga do Peito

câncer (cancro) da mama  símbolo da luta

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publicado às 21:47

Pinguins Campeões

por neves, aj, em 30.04.06

Estavaiminente e como seprevia o Desportivo Santacombadense sagrou-se Campeão Distrital a 4 jornadas dofinal da competição... na próxima época os Pinguins irão, assim,disputar o Campeonato Nacional da III Divisão e marcar presença na Taça dePortugal.

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Ave CAMISOLAPRETA... e que a festa role até às tantas!

Pequena nota – Aoutra CAMISOLA PRETA, a nossa BRIOOOSA, portou-se muito bem na deslocação aBelém. Com este empate (e os resultados das outras equipas) a Académica deCoimbra já poderá  encarar o último jogo com mais calma frente aoMarítimo em Coimbra para alcançar a tão desejada manutenção na LigaPortuguesa de Futebol. Força BRIOOOSA... vamos vencer o Marítimo.

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publicado às 21:42

Dia (Nacional) da Mulher

por neves, aj, em 30.04.06

Já vos tínhamoscontado que noBrasil, neste dia de 30 de Abril, se comemora o Dia Nacional da Mulher. Emboraactualmente as comemorações deste dia quase que passam desapercebidas (emvirtude de as atenções terem passado a centrar-se no dia 8 de Março, DiaInternacional da Mulher) Voz do Seven não quer deixar passar a efeméride embranco tanto mais que tem homenagens em débito para algumas MULHERES.

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("oretrato" é uma montagem de Voz do Seven em que associámos a imagem de umailusão de óptica -é músico ou rosto de mulher?- com um cartão virtual, doEmontioncard, referente à data)

Obviamente queVoz do Seven se sente no dever de homenagear a "mulher brasileira".Confessamos que não foi fácil satisfazer a nossa mente na escolha  daMULHER que no momento achamos ser digna representante da Nação Brasileira.Desta feita a nossa escolha caiu na Primeira-Dama, D. Marisa Letícia, pelo seupapel de fiel companheira nos bons e mau momentos, porque como todos sabemos a vidapolítica do Presidente Lula da Silva não tem sido nada fácil e dará paraimaginar o quão tem sido importante a compreensão e o aconchego no lar.

Depois, achámos porbem colocar D. Marisa Letícia entre duas fotos que retratam mulheres africanase que fazem parte de uma exposição patente na Caixa Cultural da Sé até aopróximo dia 14 de Maio. Esta homenagem às Mulheresdo Togo, paísafricano em que existe poligamia masculina e a mulher é tratada abaixo doslimites da decência, já estava programa aqui no Voz do Seven, mas asoportunidades iam-se gorando. Por felicidade nossa a inspiração permitiu-nosque reuníssemos neste belo quadro o Brasil multifacetado com um dos ramos desuas raízes, a África.

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Nos finalmentes...Voz do Sevendeseja fechar com chave de ouro enviando rosas para todos vós, mas abre pequenoparêntesis para contar que esta ausência de publicação já nos andava a atormentar o espírito. Já estivemospara fazer entrada isolada, mas parecia-nos pouco. Talvez em contra-senso nãotemos pejo em afirmar que não gostamos muito de notícias isoladas (seconsiderarmos notícia o que fazemos). Gostamos mais de enquadramentos e cremosque surgiu a oportunidade, porque mesmo que a MULHER que desejamos homenagearnão possua qualquer afinidade com o Brasil, sabemos que o seu espírito é bemaberto e compreensível para com a nossa intenção.
Assim, comocolocando cereja em cima de bolo partimos para homenagear de forma bem curta esingela uma senhora da nossa cidade de Santa Comba Dão, uma senhora queconhecemos há muitos anos e por quem nutrimos muita consideração eadmiração.

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foto Voz do Dão

Após uma vidainteira dedicada ao ensino, a D. Amélia Paulo resolveu revelar ao mundo as suascapacidades artísticas através da pintura e da poesia, dando-nos ainda provacabal deque a aposentadoria ou reforma pode ser bem alegre e carregada de felicidade. Se dasua primeira faceta, de mulher ligada às tintas e à tela, já tínhamos tido conhecimento e até tido oprazer de apreciar alguns dos seus quadros, agora ficámos alegrementesurpreendidos por notícia publicada no Voz do Dão  que nos relata olançamento de um livro de poesia da sua autoria.

Com certamágoa por não podermos usufruir da leitura de ROSAS PARA QUEM AMO enviamos os parabéns pela publicação da obra e também agradecimentos à D. Amélia Paulo por, mais uma vez, ter contribuído para oenriquecimento cultural da nossa cidade de Santa Comba Dão.

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publicado às 00:40

Zico dixit

por neves, aj, em 29.04.06

Nasceu no Riode Janeiro há 53 anos filho de brasileira e de português natural de Tondela.Chama-se Arthur Antunes Coimbra e de menino foi carinhosamente apelidado deZico. Cresceu futebolisticamente no Flamengo e tornou-se num grande craque defutebol. Ainda hoje é ídolo da torcida rubro negra daquele clube do Rio deJaneiro e, apesar de nunca ter erguido a taça de campeão do mundo éconsiderado um dos mais notáveis que já tiveram a primazia de vestir a camisa daSelecção Brasileira.

Hoje, Zico étreinador de futebol e seleccionador nacional do Japão. Cometeu a proeza decolocar a sua selecção no Mundial 2006 na Alemanha e as bolinhas do sorteio colocaram-no a discutir a classificação para a segunda fase da competição nomesmo grupo, Grupo E, com a sua querida e amada canarinha.
Dias atrásZico deu entrevista. Foi contundente. Visou a FIFA atacando a entidade máximado futebol mundial de favorecer as selecções mais fortes. Falou dos interessesfinanceiros que "acabam falando mais alto".

Do ÚLTIMOSEGUNDO, do DIÁRIO DIGITALe do UOLCOPA 2006 sacámos

Caro Zico, desculpa que te diga e que te trate por tu, mas não penses quedescobriste a pólvora. Há muito, muito tempo que existe essa parcialidade emprol dos "grandes" (coloco entre comas, porque a grandeza é sempresubjectiva). Compreendo-te, porque sei como te sentes. Agora sentes como, talvez, nunca sentisteessa desigualdade no tratamento e clamas por justiça.
Dou-te o meu apoio e junto a minha à tua voz. Ao mesmo tempo que me perguntose a tua força será suficiente para saíres incólume deste braço de ferro,desejo que pelo menos as tuas palavras ecoem nas mentes de outros teuscompanheiros de profissão, em dirigentes e jogadores.

Finalizo louvando tua acção e dar-te os parabéns por falares com coragem oque tantos outros sentem e não dizem preferindo fechar-se naquele célebre,enigmático e acorbadado "vocês sabem do que estou a falar". 

A foto de Zicofoi tirada do Blogda Galera do Galinho(Zico é também conhecido como o Galinho de Quintino) que nos oferece, emcrónicas muito bem elaboradas, o seu dia-a-dia por terras nipónicas e nãosó. Chegámos ao seu Blog através do Zicona Rede que paraalém de nos servir notícias, fala-se de Zico, dos seus amigos e familiares,das suas origens e, inevitavelmente, da sua fabulosa carreira futebolística.

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"Não se pode fazer uma Copa do Mundo em que Brasil e Alemanha não possam se cruzar até à final".

"Parece mais importante que as selecções grandes estejam na frente em detrimento das equipas sem tradição, como Japão, Senegal ou Tunísia. Isto é injusto, não é futebol."

"As decisões dos árbitros são sempre favoráveis aos grandes. E não precisam disso. Se, mesmo quando jogam mal, têm a ajuda dos árbitros, o futebol será sempre do Brasil, Argentina, Alemanha, Itália"

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publicado às 02:04

Bandeiritas no Voz

por neves, aj, em 28.04.06

Acabou-se... fomos apanhados com a mão na botija. Apesar de não serimprescindível, a presença das pequenas bandeiras indicadoras da origem dasvisitas ao Voz do Seven até dava uma certa graça e era já uma "marcaregistada" do nosso espaço... mas acabou-se. 

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Acabou-se, porque o que nãoé pago, o que nos é oferecido, tem os seus limites. O NEOCOUNTER, o siteque permite esta benesse, faculta durante 14 dias a colocação gratuita de umcontador de visitas deste tipo após registopor um e-mail. Desafiaram a nossa esperteza saloia e então de 14 em 14 dias láíamos abrindo mais uma "conta" de e-mail diferente para que asbandeiritas continuassem a enfeitar o Voz... até que recebemos mail (apesar deser em inglês percebemos bem a ironia) a dizer basta... já íamos em 30endereços diferentes... descobriram-nos (ainda mais) a careca.

Que fazer no futuro?Das duas uma... ou ficamos privamos da beleza das ditas ou então aceitamos aquelacaixote de borda carregadíssima a negro que é pior que nódoa em camisaengomada, porque, caros amigo e amigas, subscrever o plano está fora de causa(será que o Roberto, o administrador do Neocounter vai perceber o queescrevemos?)



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publicado às 22:21

Comentários no Voz III

por neves, aj, em 28.04.06

Alô Canadá
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Peço ao AJ Gomes que me indique o endereço de correio electrónico correcto.Tento enviar e-mail e vem sempre para trás. Ok, amigo? Abraço

Chernobyl 20 anos
O José Branquinho escreveu
"A minha aluna Yulia, 9º ano, é Ucraniana e está no computador ao meu lado.Rodei o ecran do meu computador na sua direcção para ela poder ver a imagem. AYulia tem 14 anos, olhos azuis. Por baixo daquele azul senti medo e quando lheperguntei se conhecia Chernobyl, o silêncio foi a resposta. Voltou a olhar parao seu trabalho como se a conversa não tivesse existido"
Caro Zé... teu comentário provocou uma luta interna na minha humilde mente...diria que provocou ledas e tristes emoções. Se por um lado fiquei deverascontente que tua aluna Yulia tivesse tido conhecimento que o mundo, fora do seutorrão natal, também lamenta a tragédia, está solidário para com o povoucraniano e luta, alertando e divulgando pela escrita ou pela oralidade, paraque não mais haja Chernobyl algum, por outro lado fiquei um pouco aborrecidocomigo mesmo por trazer à memória da jovem Yulia recordações que certamenteela desejará apagar. Mas, tu sabes Yulia, para ti falo agora, que infelizmentea memória da mente humana não é como a do computador ao alcance de qualquerbotãozinho delete. A nossa memória guarda, infelizmente de novo digo,também as más recordações e devido a isso é que a nossa mente tem de sermuito forte, enfrentando a realidade, para superar essas horríveismemorizações. Que o azul de teus olhos se alegre e torne a colorir os céus detua Pátria.


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publicado às 16:40

Salazar

por neves, aj, em 28.04.06

... e pelaprimeira vez faço entrada, mas só e apenas porque Salazar é meu conterrâneoe algumas considerações há a fazer em vias disso... saliente-se que, de mente bem limpa [e imunizada], não tenho problema algum em focar o nomedaquele que governou  Portugal  em ditadura e... bom, e paramais não tenho nada a justificar-me...

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Neste dia 28 de Abril, mas do ano de 1889, nasce António de Oliveira Salazar na freguesia de Vimieiro, concelho e município da Santa Comba Dão que também me viu nascer.

Seminarista emViseu, estuda, licencia-se e dá aulas na Universidade de Coimbra e em 1926(após o golpe militar de 28 de Maio) é convidado para Ministro das Finanças(Fazenda), mas demite-se 13 dias depois. Em 1928 assume novamente aquela pasta eem 1930 Salazar assume a cadeira do poder comoPresidente do Conselho e só viria a abandonar o cargo em 1968 por incapacidade,ironicamente devido a ter caído de uma cadeira. Faleceu a 27 de Julho de 1970 efoi sepultado no cemitério da sua freguesia natal, Vimieiro, após cortejo fúnebrea partir da Estação de Caminhos de Ferro de Santa Comba Dão e em que eu tomeiparte vestido com a farda da Mocidade Portuguesa.
Instituiu ochamado Estado Novo, cercou-se de uma polícia política, a tenebrosa
PIDEque sucedeu à PVDE, criou o partido único (União Nacional), proibiu asoposições e impôs o regime totalitário. Fezconcordata com a Igreja e ironicamente castigou o cônsul português em Bordéus,Aristides de Sousa Mendes, por lhe ter desobedecido e fazer aquilo que qualquercristão deveria fazer que foi passar vistos de entrada em Portugal (paraposterior fuga para outros destinos) aos judeus em fuga dos nazis de Hitlerdurante a Segunda Guerra Mundial.
A favor de umapolítica colonialista, coloca Portugal em isolamento internacional[orgulhosamente sós] e a braços com uma Guerra Colonial ou do Ultramar que fezmilhares de mortos e de estropiados na juventude portuguesa e de nossos irmãosafricanos.

Finalizolembrando que esta crónica só foi possível porque a censura ditatorial deSalazar e seus pares não existe mais e desejo ainda afirmar, porque ainda nãome pronunciei, que sou apologista da construção de um Museu do Estado Novo(ficará muito bem na casa onde nasceu) onde figure o seu espólio (o que aindafor possível de reunir), mas jamais, repito, jamais concordarei com a (re)edificação de umaestátua a Salazar nas ruas da minha Santa CombaDão.

A propósito...o nascimento de Salazar consta da rubrica neste dia no ano de... cuja ligaçãofaz parte do Voz (ao alto e à esquerda logo a seguir à data) e ironia dasironias fiquei sabendo que também neste dia do ano de 1945 o fascista italiano Mussolini foi executado e queo nefasto AdolfoHitler (mais velhoque Salazar apenas 8 dias e falecido em 30 de Abril de 1945 por suicídio) se casou(desconhecíamos esta faceta) com Eva Braun e ainda que lá paraas bandas do Tigre e do Eufrates, nasceu, no ano de 1937, o ditador SaddamHusseinque o mundo deseja banir da face da terra quer fisicamente quer sob outrasformas (estátuas, por exemplo) que o façam recordar.

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publicado às 11:40

Apresentação e ligações

por neves, aj, em 27.04.06

QUINAS EMMOVIMENTO

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Estava para não serconstruído, mas como resistir?

Tínhamos prometido a nós próprios só fazer a ligação a alguns links doMundial 2006 de modo a que os amigos leitores e nós, note-se que nós tambémconsultamos o Voz do Seven, viajassem até Alemanha à velocidade de um cliquecomo soi dizer-se.
O bichinho mordeu e pondo de lado toda e qualquer obsessão pela construçãode páginas e mais páginas dedicadas à grande competição, é nossa únicaintenção aproveitar as notícias que pelo seu relevo mereçam entrar nestedossier, chamemos-lhe assim, mas mais uma vez se reafirma que de maneira algumanós vamos parar no tempo e deixar o que se vai passando no mundo só para nosdedicarmos aos futebóis.
Gritaremossempre Vivaa Selecção Portuguesa de Futebol, mas colocaremos sempre o país Portugal (esuas gentes) acima, porque nós nãoconfundimos nem fundimos as duas coisas.
Chamámos a esta coluna QUINAS EM MOVIMENTO, porque é nosso desejo que osnossos rapazes da Selecção Nacional Portuguesa honrem as Quinas que envergam eque lutem até à vitória final, sendo que a nossa concepção de vitóriafinal é deveras relativa, mas nada impede que possamos sonhar.

Aqui terá cabimento o que se relacione com a Selecção das Quinas, como éóbvio, mas também factos relevantes referentes às selecções do Brasil e deAngola, por carinho, e notícias sobre a competição em geral.

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Lamentamos só poder oferecer o álbum de fotos dos uniformes(clicar nas camisas) a usar pelaSelecção do Brasil, porque da Nossa Selecção não conseguimos encontrar (oMaisFutebol oferece-nos isto) nem no site oficial da Federação Portuguesa deFutebol que continua fechado, talvez para obras de Santa Engrácia, e só deveser inaugurado lá para Julho ou Agosto ou então para o Mundial de 2010. Emobservação confessamos que teremos o maior dos prazeres em sermos corrigidos,que nos digam que andamos atrasados e que o endereço da FPF deixou de ser http://www.fpf.pt/.Quanto à  camisola (camisa) oficial de Angola ainda (também) nadasabemos.

Chamamosespecial atenção para o portal da UOL que está assaz bem construído. Paraalém de dar especial destaque à "selecção da casa", como éóbvio, tem dossiers especiais relativamente a mais umas selecções entre asquais a Nossa Selecção de Portugal. Aqui poderemos encontrar notícias,entrevistas e apontamentos sobre os jogadores portugueses. O leitor poderáainda viajar ao passado e ir até ao Mundialde 1966 do nossocontentamento em que somos considerados destaque eEusébionão é esquecido (são é omitidas as cacetadas que levou), emboraos jogadores portugueses não fujam ao castigo de terem maltratado Pelé,mas sempre se admite que o Brasil foi eliminado por ter jogado mal.

OQUINAS EM MOVIMENTO (e entradas que vão sendo feitas) vai ficar visívelna coluna dos links do Voz do Seven e também será feita uma ligaçãoao Mundial 2006 com "selinho" bem notório.

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site oficial
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publicado às 22:35

Chernobyl 20 anos

por neves, aj, em 26.04.06
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Vinte e três minutos depois da primeira hora deste dia 26, os sinos soaramem solo ucraniano, exactamente à mesma hora (01:23 horas) do fatídico dia 26de Abril de 1986 em que o alarme soou na Central Nuclear de Chernobyl (entãopertença da ex-URSS) situada a 110 Km de Kiev, a capital da Ucrânia...desencadeava-se assim o maisgrave acidente nuclear da história que de imediato fez vítimas, mas a contaminaçãocontinua e por todo o sempre mais vítimas aparecerão, estejam os leitorescertos disso.

Vinte anos depois e ao soar dos sinos seguiu-se um profundo silêncio de umminuto e as gentes, muitas delas ex-residentesda cidade de Pripyat, munidas de velas acesas e cravos prestaram então homenagemsimbólica aos seus mortos.

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homenagem Pripyat - cidade fantasma

Mais nãodizemos. Não sabemos que dizer, talvez pedir reflexão a cada um de vós e quenão calem a vossa voz perante as ameaças atómicas, não só protestandoperante o fabrico de bombas propriamente ditas, como também perante aconstrução precipitada de centrais que podem virar verdadeiras e permitidas bombas, porqueafinal está bem patente que o Homem ainda não domina completamente a forçados átomos e ainda não inventou a melhor forma de eliminar os resíduos, olixo. Já agora pedimos a esse Homem, e em nome dos Filhos de Chernobyl, um pouquinho mais de bom senso e que levemais em conta e mais a sério a preservação da Humanidade (já nemfalamos no bem estar) tal como a conhecemos, com duas pernas e dois braços, doisolhos, duas orelhas... 

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Fotos uol.com.br Inforgráfico

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publicado às 15:39

Futebol nos finalzinhos

por neves, aj, em 26.04.06
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 Distrital da 1ªDivisão
AF Viseu

 
Pinguins do Dão a uma vitória do título

Amanhã dia 30 de Abril joga-se a 26ªJornada e o GD Santacombadense recebe o Campia. Pode haver festa no Municipal deSanta Comba Dão em caso de vitória dos Pinguins do Dão já que com a somadesses hipotéticos 3 pontos passarão a liderar com 64 pontos e o Académico de Viseu, segundo classificado, mesmo que vença na sua deslocaçãoa São Pedro do Sul ficará apenas pelos 51 pontos.
Ora esta diferença de 13 pontos ématematicamente suficiente para não poder ser derrubada visto que passarão afaltar unicamente 4 jornadas e só estarão em disputa 12 pontos.
Que os foguetes ribombem nos céusde Santa Comba Dão e a alegria seja a rodos.
A oito mil quilómetros nós estaremos torcendo.

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Liga Portuguesa

Image hosting by Photobucket A luta continua... BRIOOOSA

E que luta. Nesta jornada, a 33ª e penúltima, a BRIOSA desloca-se aoRestelo para defrontar o Belenenses. Desafio explosivo. Os azuis somam 38 pontose os estudantes 37. A agravar a situação a Académica está em desvantagem noconfronto directo (derrota em Coimbra). Apesar de a vitória ser a meta, umpontinho pescado às margens do Tejo não caía nada mal, não senhor. Poderáparecer falta de ética, mas a derrota do Paços de Ferreira na Madeira(Marítimo), a derrota do Gil Vicente em Braga, um fracasso caseiro da Navalfrente ao Leiria e as derrotas de Rio Ave (casa frente ao Sporting) e Guimarãesno Dragão frente ao FC Porto... vinham mesmo a calhar. Que me desculpem o mauagoiro ou olho gordo lançado, mas a BRIOOOSA tem de estar acima, né verdade?

CLASSIFICAÇÃO

Ah... com a questão do título já arrumada (parabéns ao Dragão... um diadestes têm entrada aqui no Voz) as atenções cá em cima dirigem-se paraleões e águias em luta pela entrada directa na Liga dos Campeões ou seja pelaconquista do segundo lugar na tabela classificativa. O Sporting CP tem deslocaçãoa Vila do Conde (Rio Ave) e recebe o Braga, o SL Benfica recebe o Setúbal e vaia Paços de Ferreira na última jornada, porque caros amigos já estamos nasderradeiras duas jornadas do campeonato.
Outra luta interessante é entre o Nacional da Madeira e o Boavista(nesta jornada defrontam-se na Ilha e os axadrezados têm apenas 1 ponto devantagem) em buscado último lugar europeu dos 6 a que temos direito, já que Porto, Sporting,Benfica, Braga e Setúbal (finalista da Taça de Portugal) já carimbaram opassaporte para as provas da UEFA.


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publicado às 10:50

Sempre... Sempre Abril

por neves, aj, em 25.04.06

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gratos ao barlavento.online
 
Dossier Abril

O DossierAbrilque vamos construindo fala por nós, mas neste dia em que se dão vivas à LIBERDADE,Voz do Seven quer ainda relatar que enviou a concurso no PortugalDiárioos seguintes textos OCravo, SempreAbril, Ondeestavas no 25 de Abril,pá?e Valeu a pena! 

Não nos move odesejo de vencer (o prémio nem nos alicia), antes sim o propósito único departicipar, VivendoAbril, e, confessamos,que também seja amplamente divulgada a autoria dos textos –Seven de SantaComba Dão– em que se deseja desprezado o nome do autor e elevado o nomeda nossa cidade. 

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publicado às 14:49

Vai chegar de madrugada...

por neves, aj, em 24.04.06

No Arte por umCanudo, do Agostinho, já se festeja o 25 deAbril.
Nós por cá, quando ainda são 22 horas (hora oficial brasileira) deste
dia24, já colocámos os ouvidos em atento à rádio e esperamos pelo sinal, oprimeiro... não tardará muito (5 minutos antes das 23, pensamos) que a voz dePaulo de Carvalho traga até nós, E Depois doAdeus.
Depois, na expectativa, vamos aguardar ansiosamente que corra tudo comoplaneado e que 20 minutos após a entrada do (novo) dia 25 a canção
Grândola, Vila Morenana voz do imortal Zeca nos diga que o Movimento está em marcha e que a sua acçãoé irreversível.

 

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A Revolução é p'ra já

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publicado às 22:00

Brasília 18%

por neves, aj, em 24.04.06

É nome de filme...e o título terá a ver por este ser o 18° filme docineasta brasileiro Nelson Pereira dos Santos e simultaneamente por o valor da taxa de  humidade da capitalBrasília ser deveras baixo. 
Diz a crítica que
Brasília dezoito por cento é 'noir' políticopassado na capital... trata de políticos... corrupção...assassinato de testemunha... troca de identidade do cadáver...
O cineasta frisa que começou a escrever o roteiro no tempo do PresidenteCollor de Mello, mas que com a crise do mensalão no actual governo PTpôde incluir a esquerda na prática da corrupção. Ficou mais claro paratodos que a corrupção não tem ideologia, afirma.

... nemprofissão, nem sexo, nem zona geográfica... acrescentaremos nós.

Bem, carosamigos, deixemos os "caminhos tortuosos da Política" retratados emBrasília 18% e foquemos a nossa atenção em duas das intervenientes no filme eque também são bem conhecidas do público português.

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Bruna Lombardi (nascida em 1952) eternamente bela

A desconcertante beleza de Malu Mader

fotos UOL

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publicado às 00:28

Apelo

por neves, aj, em 23.04.06

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Este apelo é dirigido àqueleleitor (ou leitora) que na  longínqua Áustria das valsas nos costumavisitar, embora esporadicamente. Como soubemosque a modelo Naomi Campbell foi estampada em 800 mil selos dos correiosaustríacos ao preço unitário de 75 cêntimos do Euro, o que nós pedimos éque o amigo ou amiga nos dirija uma cartinha com um dos referidos selinhos paraficarmos como uma recordação tão gratificante que é a de dar-se à estampapara publicitar um baile (Life Ball) em prol de instituições de investigaçãodo vírus da SIDA (AIDS).

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publicado às 21:22

Dois terços de discórdia

por neves, aj, em 23.04.06

(o que, necessariamente, não implica que seja só um terço a concordar)

Esta obra, de título Desenhandoem Terços, é da autoria da artista brasileira Márcia X e faziaparte da mostra Erótica - os Sentidos na Arte que está exposta aopúblico no Centro Cultural do Banco do Brasil no Rio de Janeiro (CCBB -RJ).Escrevemos que fazia parte da mostra e reafirmamo-lo, visto que a santa censurainquisidora do CCBB (não esqueçamos que pertence a um Banco) achou por bem retirá-laatendendo a "centenas de reclamações" (sic) e, crê-se, também devido a acção entrada na Justiça pela associação católica OpusChristi. Mas, certamente que a nova que Voz do Seven vos está a oferecer afinaljá não o é e nem para o outro lado do Atlântico, visto que, por exemplo, oPortugal Diário publicounotícia, em 6 de Abril, sobre a exposição. Apesar de aindanão mencionar que a obra já havia sido retirada aconselhamos uma visitinha àspáginas do PD nem que seja para ler os comentários dos caros visitantes,alguns deles hilariantes, outros mais fundamentalistas que o fundamentalismo queusualmente atacam e em que chegam a pedir a cabeça da autora, desconhecendo queela já faleceu, e ainda, se quereis (ainda) juntar a vossa voz às dosofendidos, façam favor que os endereços electrónicos ainda por lá andam.

Noticiámos e colocámos no armatéria para debate, seja aqui, seja à mesa de café... cumprimos a nossamissão. Quanto a nós não nos vamos alargar com comentários, porque nemsequer nos sentimos ofendidos. Devemos considerar como profanação de umobjecto sagrado apesar de estarmos num Museu? É matéria deveras complexa e, umpouco como Pilatos, achamos por bem encaminhar-vos para a opinião de MARCELONEGROMONTE publicada no UOL Diversão e Arte.

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artistas em protesto

Só que algonos intriga. Poderá ser despropositado ou até estúpido, mas questionamo-nosse quando puxamos o cordelzinho à volta da cintura daqueles bonequinhos deSantoantoninho (vestidos a rigor com hábitofranciscano e tudo) estamos a cometer alguma heresia.... para os desconhecedoresvai a informação de que ao puxar o cordel se ergue entre as pernas do"bonequinho" um respeitável falo. Se neste caso o pensamentoinquisitório actuasse, as tascas do antigamente de todo o nosso Portugal,frequentadas por cavadores de enxada, doutores e até padres, ficariam deverasdescaracterizadas.... e como actuar nas festas em honra de São Gonçalo, maisum santo casamenteiro, em Amarante em que um dos bolos tradicionais tem a formado órgão reprodutor masculino? Dir-nos-ão que somos estúpidos, que é apenasuma forma engraçada de um bolo e que o outro é apenas um boneco de louça....que seja... talvez para a artista os objectos que utilizou não sejam Terços.

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Como dissemos atrás Márcia X já faleceu. O seu desaparecimento físico,vítima de cancro (câncer), aconteceu no ano passado de 2005 e contava apenas45 anos de idade. Ficou a obra... e a polémica.

Obra polémica? Claro... se não o fosse até deixaria de ser considerada arte.
Censurável? ...? Aqui no Voz do Seven não, aqui não há lugar para inquisidores.

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publicado às 20:42

Carta Achamento Brasil

por neves, aj, em 23.04.06

Carta doAchamento do Brasil

A CARTA DE PERO VAZ DE CAMINHA


Senhor:
Posto que o Capitão-mor desta vossa frota, e assim os outros capitães escrevam a Vossa Alteza a nova do achamento desta vossa terra nova, que ora nesta navegação se achou, não deixarei também de dar disso minha conta a Vossa Alteza, assim como eu melhor puder, ainda que -- para o bem contar e falar -- o saiba pior que todos fazer.
Tome Vossa Alteza, porém, minha ignorância por boa vontade, e creia bem por certo que, para aformosear nem afear, não porei aqui mais do que aquilo que vi e me pareceu.
Da marinhagem e singraduras do caminho não darei aqui conta a Vossa Alteza, porque o não saberei fazer, e os pilotos devem ter esse cuidado. Portanto, Senhor, do que hei de falar começo e digo:
A partida de Belém, como Vossa Alteza sabe, foi segunda-feira, 9 de março. Sábado, 14 do dito mês, entre as oito e nove horas, nos achamos entre as Canárias, mais perto da Grã- Canária, e ali andamos todo aquele dia em calma, à vista delas, obra de três a quatro léguas. E domingo, 22 do dito mês, às dez horas, pouco mais ou menos, houvemos vista das ilhas de Cabo Verde, ou melhor, da ilha de S. Nicolau, segundo o dito de Pero Escolar, piloto.
Na noite seguinte, segunda-feira, ao amanhecer, se perdeu da frota Vasco de Ataíde com sua nau, sem haver tempo forte nem contrário para que tal acontecesse. Fez o capitão suas diligências para o achar, a uma e outra parte, mas não apareceu mais!
E assim seguimos nosso caminho, por este mar, de longo, até que, terça-feira das Oitavas de Páscoa, que foram 21 dias de abril, estando da dita Ilha obra de 660 ou 670 léguas, segundo os pilotos diziam, topamos alguns sinais de terra, os quais eram muita quantidade de ervas compridas, a que os mareantes chamam botelho, assim como outras a que dão o nome de rabo-de-asno. E quarta-feira seguinte, pela manhã, topamos aves a que chamam fura-buxos.
Neste dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra! Primeiramente dum grande monte, mui alto e redondo; e doutras serras mais baixas ao sul dele; e de terra chã, com grandes arvoredos: ao monte alto o capitão pôs nome - o Monte Pascoal e à terra - a Terra da Vera Cruz.
Mandou lançar o prumo. Acharam vinte e cinco braças; e ao sol posto, obra de seis léguas da terra, surgimos âncoras, em dezenove braças -- ancoragem limpa. Ali permanecemos toda aquela noite. E à quinta-feira, pela manhã, fizemos vela e seguimos em direitos à terra, indo os navios pequenos diante, por dezessete, dezesseis, quinze, catorze, treze, doze, dez e nove braças, até meia légua da terra, onde todos lançamos âncoras em frente à boca de um rio. E chegaríamos a esta ancoragem às dez horas pouco mais ou menos. Dali avistamos homens que andavam pela praia, obra de sete ou oito, segundo disseram os navios pequenos, por chegarem primeiro.
Então lançamos fora os batéis e esquifes, e vieram logo todos os capitães das naus a esta nau do Capitão-mor, onde falaram entre si.
E o Capitão-mor mandou em terra no batel a Nicolau Coelho para ver aquele rio. E tanto que ele começou de ir para lá, acudiram pela praia homens, quando aos dois, quando aos três, de maneira que, ao chegar o batel à boca do rio, já ali havia dezoito ou vinte homens.
Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Nas mãos traziam arcos com suas setas. Vinham todos rijos sobre o batel; e Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles os pousaram.
Ali não pôde deles haver fala, nem entendimento de proveito, por o mar quebrar na costa. Somente deu-lhes um barrete vermelho e uma carapuça de linho que levava na cabeça e um sombreiro preto. Um deles deu-lhe um sombreiro de penas de ave, compridas, com uma copazinha de penas vermelhas e pardas como de papagaio; e outro deu-lhe um ramal grande de continhas brancas, miúdas, que querem parecer de aljaveira, as quais peças creio que o Capitão manda a Vossa Alteza, e com isto se volveu às naus por ser tarde e não poder haver deles mais fala, por causa do mar.
Na noite seguinte, ventou tanto sueste com chuvaceiros que fez caçar as naus, e especialmente a capitânia. E sexta pela manhã, às oito horas, pouco mais ou menos, por conselho dos pilotos, mandou o Capitão levantar âncoras e fazer vela; e fomos ao longo da costa, com os batéis e esquifes amarrados à popa na direção do norte, para ver se achávamos alguma abrigada e bom pouso, onde nos demorássemos, para tomar água e lenha. Não que nos minguasse, mas por aqui nos acertarmos.
Quando fizemos vela, estariam já na praia assentados perto do rio obra de sessenta ou setenta homens que se haviam juntado ali poucos e poucos. Fomos de longo, e mandou o Capitão aos navios pequenos que seguissem mais chegados à terra e, se achassem pouso seguro para as naus, que amainassem.
E, velejando nós pela costa, obra de dez léguas do sítio donde tínhamos levantado ferro, acharam os ditos navios pequenos um recife com um porto dentro, muito bom e muito seguro, com uma mui larga entrada. E meteram-se dentro e amainaram. As naus arribaram sobre eles; e um pouco antes do sol posto amainaram também, obra de uma légua do recife, e ancoraram em onze braças.
E estando Afonso Lopes, nosso piloto, em um daqueles navios pequenos, por mandado do Capitão, por ser homem vivo e destro para isso, meteu-se logo no esquife a sondar o porto dentro; e tomou dois daqueles homens da terra, mancebos e de bons corpos, que estavam numa almadia. Um deles trazia um arco e seis ou sete setas; e na praia andavam muitos com seus arcos e setas; mas de nada lhes serviram. Trouxe-os logo, já de noite, ao Capitão, em cuja nau foram recebidos com muito prazer e festa.
A feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem-feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura. Nem estimam de cobrir ou de mostrar suas vergonhas; e nisso têm tanta inocência como em mostrar o rosto. Ambos traziam os beiços de baixo furados e metidos neles seus ossos brancos e verdadeiros, de comprimento duma mão travessa, da grossura dum fuso de algodão, agudos na ponta como um furador. Metem-nos pela parte de dentro do beiço; e a parte que lhes fica entre o beiço e os dentes é feita como roque de xadrez, ali encaixado de tal sorte que não os molesta, nem os estorva no falar, no comer ou no beber.
Os cabelos seus são corredios. E andavam tosquiados, de tosquia alta, mais que de sobrepente, de boa grandura e rapados até por cima das orelhas. E um deles trazia por baixo da solapa, de fonte a fonte para detrás, uma espécie de cabeleira de penas de ave amarelas, que seria do comprimento de um coto, mui basta e mui cerrada, que lhe cobria o toutiço
e as orelhas. E andava pegada aos cabelos, pena e pena, com uma confeição branda como cera (mas não o era), de maneira que a cabeleira ficava mui redonda e mui basta, e mui igual, e não fazia míngua mais lavagem para a levantar.
O Capitão, quando eles vieram, estava sentado em uma cadeira, bem vestido, com um colar de ouro mui grande ao pescoço, e aos pés uma alcatifa por estrado. Sancho de Tovar, Simão de Miranda, Nicolau Coelho, Aires Correia, e nós outros que aqui na nau com ele vamos, sentados no chão, pela alcatifa. Acenderam-se tochas. Entraram. Mas não fizeram sinal de cortesia, nem de falar ao Capitão nem a ninguém. Porém um deles pôs olho no colar do Capitão, e começou de acenar com a mão para a terra e depois para o colar, como que nos dizendo que ali havia ouro. Também olhou para um castiçal de prata e assim mesmo acenava para a terra e novamente para o castiçal como se lá também houvesse prata.
Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo; tomaram-no logo na mão e acenaram para a terra, como quem diz que os havia ali. Mostraram-lhes um carneiro: não fizeram caso. Mostraram-lhes uma galinha, quase tiveram medo dela: não lhe queriam pôr a mão; e depois a tomaram como que espantados.
Deram-lhes ali de comer: pão e peixe cozido, confeitos, fartéis, mel e figos passados. Não quiseram comer quase nada daquilo; e, se alguma coisa provaram, logo a lançaram fora.
Trouxeram-lhes vinho numa taça; mal lhe puseram a boca; não gostaram nada, nem quiseram mais. Trouxeram-lhes a água em uma albarrada. Não beberam. Mal a tomaram na boca, que lavaram, e logo a lançaram fora.
Viu um deles umas contas de rosário, brancas; acenou que lhas dessem, folgou muito com elas, e lançou-as ao pescoço. Depois tirou-as e enrolou-as no braço e acenava para a terra e de novo para as contas e para o colar do Capitão, como dizendo que dariam ouro por aquilo.
Isto tomávamos nós assim por assim o desejarmos. Mas se ele queria dizer que levaria as contas e mais o colar, isto não o queríamos nós entender, porque não lho havíamos de dar. E depois tornou as contas a quem lhas dera.
Então estiraram-se de costas na alcatifa, a dormir, sem buscarem maneira de cobrirem suas vergonhas, as quais não eram fanadas; e as cabeleiras delas estavam bem rapadas e feitas. O Capitão lhes mandou pôr por baixo das cabeças seus coxins; e o da cabeleira esforçava-se por não a quebrar. E lançaram-lhes um manto por cima; e eles consentiram, quedaram-se e dormiram.
Ao sábado pela manhã mandou o Capitão fazer vela, e fomos demandar a entrada, a qual era mui larga e alta de seis a sete braças. Entraram todas as naus dentro; e ancoraram em cinco ou seis braças - ancoragem dentro tão grande, tão formosa e tão segura, que podem abrigar-se nela mais de duzentos navios e naus. E tanto que as naus quedaram ancoradas, todos os capitães vieram a esta nau do Capitão-mor. E daqui mandou o Capitão a Nicolau Coelho e Bartolomeu Dias que fossem em terra e levassem aqueles dois homens e os deixassem ir com seu arco e setas, e isto depois que fez dar a cada um sua camisa nova, sua carapuça vermelha e um rosário de contas brancas de osso, que eles levaram nos braços, seus cascavéis e suas campainhas. E mandou com eles, para lá ficar, um mancebo degredado, criado de D. João Telo, a que chamam Afonso Ribeiro, para lá andar com eles e saber de seu viver e maneiras. E a mim mandou que fosse com Nicolau Coelho.
Fomos assim de frecha direitos à praia. Ali acudiram logo obra de duzentos homens, todos nus, e com arcos e setas nas mãos. Aqueles que nós levávamos acenaram-lhes que se afastassem e pousassem os arcos; e eles os pousaram, mas não se afastaram muito. E mal pousaram os arcos, logo saíram os que nós levávamos, e o mancebo degredado com eles. E saídos não pararam mais; nem esperavam um pelo outro, mas antes corriam a quem mais corria. E passaram um rio que por ali corre, de água doce, de muita água que lhes dava pela braga; e outros muitos com eles. E foram assim correndo, além do rio, entre umas moitas de palmas onde estavam outros. Ali pararam. Entretanto foi-se o degredado com um homem que, logo ao sair do batel, o agasalhou e o levou até lá. Mas logo tornaram a nós; e com ele vieram os outros que nós leváramos, os quais vinham já nus e sem carapuças.
Então se começaram de chegar muitos. Entravam pela beira do mar para os batéis, até que mais não podiam; traziam cabaços de água, e tomavam alguns barris que nós levávamos: enchiam-nos de água e traziam-nos aos batéis. Não que eles de todos chegassem à borda do batel. Mas junto a ele, lançavam os barris que nós tomávamos; e pediam que lhes dessem alguma coisa. Levava Nicolau Coelho cascavéis e manilhas. E a uns dava um cascavel, a outros uma manilha, de maneira que com aquele engodo quase nos queriam dar a mão. Davam-nos daqueles arcos e setas por sombreiros e carapuças de linho ou por qualquer coisa que homem lhes queria dar.
Dali se partiram os outros dois mancebos, que os não vimos mais.
Muitos deles ou quase a maior parte dos que andavam ali traziam aqueles bicos de osso nos beiços. E alguns, que andavam sem eles, tinham os beiços furados e nos buracos uns espelhos de pau, que pareciam espelhos de borracha; outros traziam três daqueles bicos, a saber, um no meio e os dois nos cabos. Aí andavam outros, quartejados de cores, a saber, metade deles da sua própria cor, e metade de tintura preta, a modos de azulada; e outros quartejados de escaques. Ali andavam entre eles três ou quatro moças, bem moças e bem gentis, com cabelos muito pretos, compridos pelas espáduas, e suas vergonhas tão altas, tão cerradinhas e tão limpas das cabeleiras que, de as muito bem olharmos, não tínhamos nenhuma vergonha.
Ali por então não houve mais fala ou entendimento com eles, por a barbaria deles ser tamanha, que se não entendia nem ouvia ninguém.
Acenamos-lhes que se fossem; assim o fizeram e passaram-se além do rio. Saíram três ou quatro homens nossos dos batéis, e encheram não sei quantos barris de água que nós levávamos e tornamo-nos às naus. Mas quando assim vínhamos, acenaram-nos que tornássemos. Tornamos e eles mandaram o degredado e não quiseram que ficasse lá com eles. Este levava uma bacia pequena e duas ou três carapuças vermelhas para lá as dar ao senhor, se o lá houvesse. Não cuidaram de lhe tomar nada, antes o mandaram com tudo. Mas então Bartolomeu Dias o fez outra vez tornar, ordenando que lhes desse aquilo. E ele tornou e o deu , à vista de nós, àquele que da primeira vez agasalhara. Logo voltou e nós trouxemo-lo.
Esse que o agasalhou era já de idade, e andava por louçainha todo cheio de penas, pegadas pelo corpo, que parecia asseteado como S. Sebastião. Outros traziam carapuças de penas amarelas; outros, de vermelhas; e outros de verdes. E uma daquelas moças era toda tingida, de baixo a cima daquela tintura; e certo era tão bem-feita e tão redonda, e sua vergonha (que ela não tinha) tão graciosa, que a muitas mulheres da nossa terra, vendo-lhe tais feições, fizera vergonha, por não terem a sua como ela. Nenhum deles era fanado, mas, todos assim como nós. E com isto nos tornamos e eles foram-se.
À tarde saiu o Capitão-mor em seu batel com todos nós outros e com os outros capitães das naus em seus batéis a folgar pela baía, em frente da praia. Mas ninguém saiu em terra, porque o Capitão o não quis, sem embargo de ninguém nela estar. Somente saiu -- ele com todos nós -- em um ilhéu grande, que na baía está e que na baixa-mar fica mui vazio. Porém é por toda a parte cercado de água, de sorte que ninguém lá pode ir, a não ser de barco ou a nado. Ali folgou ele e todos nós outros, bem uma hora e meia. E alguns marinheiros, que ali andavam com um chinchorro, pescaram peixe miúdo, não muito. Então volvemo-nos às naus, já bem de noite.
Ao domingo de Pascoela pela manhã, determinou o Capitão de ir ouvir missa e pregação naquele ilhéu. Mandou a todos os capitães que se aprestassem nos batéis e fossem com ele. E assim foi feito. Mandou naquele ilhéu armar um esperavel, e dentro dele um altar mui bem corregido. E ali com todos nós outros fez dizer missa, a qual foi dita pelo padre frei Henrique, em voz entoada, e oficiada com aquela mesma voz pelos outros padres e sacerdotes, que todos eram ali. A qual missa, segundo meu parecer, foi ouvida por todos com muito prazer e devoção.
Ali era com o Capitão a bandeira de Cristo, com que saiu de Belém, a qual esteve sempre levantada, da parte do Evangelho.
Acabada a missa, desvestiu-se o padre e subiu a uma cadeira alta; e nós todos lançados por essa areia. E pregou uma solene e proveitosa pregação da história do Evangelho, ao fim da qual tratou da nossa vinda e do achamento desta terra, conformando-se com o sinal da Cruz, sob cuja obediência viemos, o que foi muito a propósito e fez muita devoção.
Enquanto estivemos à missa e à pregação, seria na praia outra tanta gente, pouco mais ou menos como a de ontem, com seus arcos e setas, a qual andava folgando. E olhando-nos, sentaram-se. E, depois de acabada a missa, assentados nós à pregação, levantaram-se muitos deles, tangeram corno ou buzina, e começaram a saltar e dançar um pedaço. E
alguns deles se metiam em almadias -- duas ou três que aí tinham -- as quais não são feitas como as que eu já vi; somente são três traves, atadas entre si. E ali se metiam quatro ou cinco, ou esses que queriam não se afastando quase nada da terra, senão enquanto podiam tomar pé.
Acabada a pregação, voltou o Capitão, com todos nós, para os batéis, com nossa bandeira alta. Embarcamos e fomos todos em direção à terra para passarmos ao longo por onde eles estavam, indo, na dianteira, por ordem do Capitão, Bartolomeu Dias em seu esquife, com um pau de uma almadia que lhes o mar levara, para lho dar; e nós todos, obra de tiro de pedra, atrás dele.
Como viram o esquife de Bartolomeu Dias, chegaram-se logo todos à água, metendo-se nela até onde mais podiam. Acenaram-lhes que pousassem os arcos; e muitos deles os iam logo pôr em terra; e outros não.
Andava aí um que falava muito aos outros que se afastassem, mas não que a mim me parecesse que lhe tinham acatamento ou medo. Este que os assim andava afastando trazia seu arco e setas, e andava tinto de tintura vermelha pelos peitos, espáduas, quadris, coxas e pernas até baixo, mas os vazios com a barriga e estômago eram de sua própria cor. E a tintura era assim vermelha que a água a não comia nem desfazia, antes, quando saía da água, parecia mais vermelha.
Saiu um homem do esquife de Bartolomeu Dias e andava entre eles, sem implicarem nada com ele para fazer-lhe mal. Antes lhe davam cabaças de água, e acenavam aos do esquife que saíssem em terra.
Com isto se volveu Bartolomeu Dias ao Capitão; e viemo-nos às naus, a comer, tangendo gaitas e trombetas, sem lhes dar mais opressão. E eles tornaram-se a assentar na praia e assim por então ficaram.
Neste ilhéu, onde fomos ouvir missa e pregação, a água espraia muito, deixando muita areia e muito cascalho a descoberto. Enquanto aí estávamos, foram alguns buscar marisco e apenas acharam alguns camarões grossos e curtos, entre os quais vinha um tão grande e tão grosso, como em nenhum tempo vi tamanho. Também acharam cascas de berbigões e amêijoas, mas não toparam com nenhuma peça inteira.
E tanto que comemos, vieram logo todos os capitães a esta nau, por ordem do Capitão-mor, com os quais ele se apartou, e eu na companhia. E perguntou a todos se nos parecia bem mandar a nova do achamento desta terra a Vossa Alteza pelo navio dos mantimentos, para a melhor a mandar descobrir e saber dela mais do que nós agora podíamos saber, por irmos de nossa viagem.
E entre muitas falas que no caso se fizeram, foi por todos ou a maior parte dito que seria muito bem. E nisto concluíram. E tanto que a conclusão foi tomada, perguntou mais se lhes parecia bem tomar aqui por força um par destes homens para os mandar a Vossa Alteza, deixando aqui por eles outros dois destes degredados.
Sobre isto acordaram que não era necessário tomar por força homens, porque era geral costume dos que assim levavam por força para alguma parte dizerem que há ali de tudo quanto lhes perguntam; e que melhor e muito melhor informação da terra dariam dois homens destes degredados que aqui deixassem, do que eles dariam se os levassem, por ser gente que ninguém entende. Nem eles tão cedo aprenderiam a falar para o saberem tão bem dizer que muito melhor estoutros o não digam, quando Vossa Alteza cá mandar.
E que, portanto, não cuidassem de aqui tomar ninguém por força nem de fazer escândalo, para de todo mais os amansar e apacificar, senão somente deixar aqui os dois degredados, quando daqui partíssemos.
E assim, por melhor a todos parecer, ficou determinado.
Acabado isto, disse o Capitão que fôssemos nos batéis em terra e ver-se-ia bem como era o rio, e também para folgarmos.
Fomos todos nos batéis em terra, armados e a bandeira conosco. Eles andavam ali na praia, à boca do rio, para onde nós íamos; e, antes que chegássemos, pelo ensino que dantes tinham, puseram todos os arcos, e acenavam que saíssemos. Mas, tanto que os batéis puseram as proas em terra, passaram-se logo todos além do rio, o qual não é mais largo que um jogo de mancal. E mal desembarcamos, alguns dos nossos passaram logo o rio, e meteram-se entre eles. Alguns aguardavam; outros afastavam-se. Era, porém, a coisa de maneira que todos andavam misturados. Eles ofereciam desses arcos com suas
setas por sombreiros e carapuças de linho ou por qualquer coisa que lhes davam.
Passaram além tantos dos nossos, e andavam assim misturados com eles, que eles se esquivavam e afastavam-se. E deles alguns iam-se para cima onde outros estavam.
Então o Capitão fez que dois homens o tomassem ao colo, passou o rio, e fez tornar a todos.
A gente que ali estava não seria mais que a costumada. E tanto que o Capitão fez tornar a todos, vieram a ele alguns daqueles, não porque o conhecessem por Senhor, pois me parece que não entendem, nem tomavam disso conhecimento, mas porque a gente nossa passava já para aquém do rio.
Ali falavam e traziam muitos arcos e continhas daquelas já ditas, e resgatavam-nas por qualquer coisa, em tal maneira que os nossos trouxeram dali para as naus muitos arcos e setas e contas.
Então tornou-se o Capitão aquém do rio, e logo acudiram muitos à beira dele.
Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e quartejados, assim nos corpos, como nas pernas, que, certo, pareciam bem assim.
Também andavam, entre eles, quatro ou cinco mulheres moças, nuas como eles, que não pareciam mal. Entre elas andava uma com uma coxa, do joelho até o quadril, e a nádega, toda tinta daquela tintura preta; e o resto, tudo da sua própria cor. Outra trazia ambos os joelhos, com as curvas assim tintas, e também os colos dos pés; e suas vergonhas tão nuas e com tanta inocência descobertas, que nisso não havia nenhuma vergonha.
Também andava aí outra mulher moça com um menino ou menina ao colo, atado com um pano (não sei de quê) aos peitos, de modo que apenas as perninhas lhe apareciam. Mas as pernas da mãe e o resto não traziam pano algum.
Depois andou o Capitão para cima ao longo do rio, que corre sempre chegado à praia. Ali esperou um velho, que trazia na mão uma pá de almadia. Falava, enquanto o Capitão esteve com ele, perante nós todos, sem nunca ninguém o entender, nem ele a nós quantas coisas que lhe demandávamos acerca de ouro, que nós desejávamos saber se na terra havia.
Trazia este velho o beiço tão furado, que lhe caberia pelo furo um grande dedo polegar, e metida nele uma pedra verde, ruim, que cerrava por fora esse buraco. O Capitão lha fez tirar. E ele não sei que diabo falava e ia com ela direito ao Capitão, para lha meter na boca. Estivemos sobre isso rindo um pouco; e então enfadou-se o Capitão e deixou-o. E um dos nossos deu-lhe pela pedra um sombreiro velho, não por ela valer alguma coisa, mas por amostra. Depois houve-a o Capitão, segundo creio, para, com as outras coisas, a mandar a Vossa Alteza.
Andamos por aí vendo a ribeira, a qual é de muita água e muito boa. Ao longo dela há muitas palmas, não muito altas, em que há muito bons palmitos. Colhemos e comemos deles muitos.
Então tornou-se o Capitão para baixo para a boca do rio, onde havíamos desembarcado.
Além do rio, andavam muitos deles dançando e folgando, uns diante dos outros, sem se tomarem pelas mãos. E faziam-no bem. Passou-se então além do rio Diogo Dias, almoxarife que foi de Sacavém, que é homem gracioso e de prazer; e levou consigo um gaiteiro nosso com sua gaita. E meteu-se com eles a dançar, tomando-os pelas mãos; e eles folgavam e riam, e andavam com ele muito bem ao som da gaita. Depois de dançarem, fez-lhes ali, andando no chão, muitas voltas ligeiras, e salto real, de que eles se espantavam e riam e folgavam muito. E conquanto com aquilo muito os segurou e afagou, tomavam logo uma esquiveza como de animais monteses, e foram-se para cima.
E então o Capitão passou o rio com todos nós outros, e fomos pela praia de longo, indo os batéis, assim, rente da terra. Fomos até uma lagoa grande de água doce, que está junto com a praia, porque toda aquela ribeira do mar é apaulada por cima e sai a água por muitos lugares.
E depois de passarmos o rio, foram uns sete ou oito deles andar entre os marinheiros que se recolhiam aos batéis. E levaram dali um tubarão, que Bartolomeu Dias matou, lhes levou e lançou na praia.
Bastará dizer-vos que até aqui, como quer que eles um pouco se amansassem, logo duma mão para outra se esquivavam, como pardais, do cevadoiro. Homem não lhes ousa falar de rijo para não se esquivarem mais; e tudo se passa como eles querem, para os bem amansar.
O Capitão ao velho, com quem falou, deu uma carapuça vermelha. E com toda a fala que entre ambos se passou e com a carapuça que lhe deu, tanto que se apartou e começou de passar o rio, foi-se logo recatando e não quis mais tornar de lá para aquém.
Os outros dois, que o Capitão teve nas naus, a que deu o que já disse, nunca mais aqui apareceram - do que tiro ser gente bestial, de pouco saber e por isso tão esquiva. Porém e com tudo isso andam muito bem curados e muito limpos. E naquilo me parece ainda mais que são como aves ou alimárias monteses, às quais faz o ar melhor pena e melhor cabelo que às mansas, porque os corpos seus são tão limpos, tão gordos e tão formosos, que não pode mais ser.
Isto me faz presumir que não têm casas nem moradas a que se acolham, e o ar, a que se criam, os faz tais. Nem nós ainda até agora vimos nenhuma casa ou maneira delas.
Mandou o Capitão aquele degredado Afonso Ribeiro, que se fosse outra vez com eles. Ele foi e andou lá um bom pedaço, mas à tarde tornou-se, que o fizeram eles vir e não o quiseram lá consentir. E deram-lhe arcos e setas; e não lhe tomaram nenhuma coisa do seu. Antes - disse ele - que um lhe tomara umas continhas amarelas, que levava, e fugia com elas, e ele se queixou e os outros foram logo após, e lhas tomaram e tornaram-lhas a dar; e então mandaram-no vir. Disse que não vira lá entre eles senão umas choupaninhas de rama verde e de fetos muito grandes, como de Entre Douro e Minho.
E assim nos tornamos às naus, já quase noite, a dormir.
À segunda-feira, depois de comer, saímos todos em terra a tomar água. Ali vieram então muitos, mas não tantos como as outras vezes. Já muito poucos traziam arcos. Estiveram assim um pouco afastados de nós; e depois pouco a pouco misturaram-se conosco. Abraçavam-nos e folgavam. E alguns deles se esquivavam logo. Ali davam alguns arcos por folhas de papel e por alguma carapucinha velha ou por qualquer coisa. Em tal maneira isto se passou, que bem vinte ou trinta pessoas das nossas se foram com eles, onde outros muitos estavam com moças e mulheres. E trouxeram de lá muitos arcos e barretes de penas de aves, deles verdes e deles amarelos, dos quais, creio, o Capitão há de mandar amostra a Vossa Alteza.
E, segundo diziam esses que lá foram, folgavam com eles. Neste dia os vimos mais de perto e mais à nossa vontade, por andarmos quase todos misturados. Ali, alguns andavam daquelas tinturas quartejados; outros de metades; outros de tanta feição, como em panos de armar, e todos com os beiços furados, e muitos com os ossos neles, e outros sem ossos.
Alguns traziam uns ouriços verdes, de árvores, que, na cor, queriam parecer de castanheiros, embora mais pequenos. E eram cheios duns grãos vermelhos pequenos, que, esmagando-os entre os dedos, faziam tintura muito vermelha, de que eles andavam tintos. E quanto mais se molhavam, tanto mais vermelhos ficavam.
Todos andam rapados até cima das orelhas; e assim as sobrancelhas e pestanas.
Trazem todos as testas, de fonte a fonte, tintas da tintura preta, que parece uma fita preta, da largura de dois dedos.
E o Capitão mandou aquele degredado Afonso Ribeiro e a outros dois degredados, que fossem lá andar entre eles; e assim a Diogo Dias, por ser homem ledo, com que eles folgavam. Aos degredados mandou que ficassem lá esta noite.
Foram-se lá todos, e andaram entre eles. E, segundo eles diziam, foram bem uma légua e meia a uma povoação, em que haveria nove ou dez casas, as quais eram tão compridas, cada uma, como esta nau capitânia. Eram de madeira, e das ilhargas de tábuas, e cobertas de palha, de razoada altura; todas duma só peça, sem nenhum repartimento, tinham dentro muitos esteios; e, de esteio a esteio, uma rede atada pelos cabos, alta, em que dormiam. Debaixo, para se aquentarem, faziam seus fogos. E tinha cada casa duas portas pequenas, uma num cabo, e outra no outro.
Diziam que em cada casa se recolhiam trinta ou quarenta pessoas, e que assim os achavam; e que lhes davam de comer daquela vianda, que eles tinham, a saber, muito inhame e outras sementes, que na terra há e eles comem. Mas, quando se fez tarde fizeram-nos logo tornar a todos e não quiseram que lá ficasse nenhum. Ainda, segundo diziam, queriam vir com eles.
Resgataram lá por cascavéis e por outras coisinhas de pouco valor, que levavam, papagaios vermelhos, muito grandes e formosos, e dois verdes pequeninos e carapuças de penas verdes, e um pano de penas de muitas cores, maneira de tecido assaz formoso, segundo Vossa Alteza todas estas coisas verá, porque o Capitão vo-las há de mandar, segundo ele disse.
E com isto vieram; e nós tornámo-nos às naus.
À terça-feira, depois de comer, fomos em terra dar guarda de lenha e lavar roupa.
Estavam na praia, quando chegamos, obra de sessenta ou setenta sem arcos e sem nada. Tanto que chegamos, vieram logo para nós, sem se esquivarem. Depois acudiram muitos, que seriam bem duzentos, todos sem arcos; e misturaram-se todos tanto conosco que alguns nos ajudavam a acarretar lenha e a meter nos batéis. E lutavam com os nossos e tomavam muito prazer.
Enquanto cortávamos a lenha, faziam dois carpinteiros uma grande Cruz, dum pau, que ontem para isso se cortou.
Muitos deles vinham ali estar com os carpinteiros. E creio que o faziam mais por verem a ferramenta de ferro com que a faziam, do que por verem a Cruz, porque eles não tem coisa que de ferro seja, e cortam sua madeira e paus com pedras feitas como cunhas, metidas em um pau entre duas talas, mui bem atadas e por tal maneira que andam fortes, segundo diziam os homens, que ontem a suas casas foram, porque lhas viram lá.
Era já a conversação deles conosco tanta, que quase nos estorvavam no que havíamos de fazer.
O Capitão mandou a dois degredados e a Diogo Dias que fossem lá à aldeia (e aoutras, se houvessem novas delas) e que, em toda a maneira, não viessem dormir às naus, ainda que eles os mandassem. E assim se foram.
Enquanto andávamos nessa mata a cortar lenha, atravessavam alguns papagaios por essas árvores, deles verdes e outros pardos, grandes e pequenos, de maneira que me parece que haverá muitos nesta terra. Porém eu não veria mais que até nove ou dez. Outras aves então não vimos, somente algumas pombas-seixas, e pareceram-me bastante maiores que as de Portugal. Alguns diziam que viram rolas; eu não as vi. Mas, segundo os arvoredos são mui muitos e grandes, e de infindas maneiras, não duvido que por esse sertão haja muitas aves!
Cerca da noite nos volvemos para as naus com nossa lenha.
Eu creio, Senhor, que ainda não dei conta aqui a Vossa Alteza da feição de seus arcos e setas. Os arcos são pretos e compridos, as setas também compridas e os ferros delas de canas aparadas, segundo Vossa Alteza verá por alguns que - eu creio -- o Capitão a Ela há de enviar.
À quarta-feira não fomos em terra, porque o Capitão andou todo o dia no navio dos mantimentos a despejá-lo e fazer levar às naus isso que cada uma podia levar. Eles acudiram à praia; muitos, segundo das naus vimos. No dizer de Sancho de Tovar, que lá foi, seriam obra de trezentos.
Diogo Dias e Afonso Ribeiro, o degredado, aos quais o Capitão ontem mandou que em toda maneira lá dormissem, volveram-se, já de noite, por eles não quererem que lá ficassem. Trouxeram papagaios verdes e outras aves pretas, quase como pegas, a não ser que tinham o bico branco e os rabos curtos.
Quando Sancho de Tovar se recolheu à nau, queriam vir com ele alguns, mas ele não quis senão dois mancebos dispostos e homens de prol. Mandou-os essa noite mui bem pensar e curar. Comeram toda a vianda que lhes deram; e mandou fazer-lhes cama de lençóis, segundo ele disse. Dormiram e folgaram aquela noite.
E assim não houve mais este dia que para escrever seja.
À quinta-feira, derradeiro de abril, comemos logo, quase pela manhã, e fomos em terra por mais lenha e água. E, em querendo o Capitão sair desta nau, chegou Sancho de Tovar com seus dois hóspedes. E por ele ainda não ter comido, puseram-lhe toalhas. Trouxeram-lhe vianda e comeu. Aos hóspedes, sentaram cada um em sua cadeira. E de tudo o que lhes deram comeram mui bem, especialmente lacão cozido, frio, e arroz.
Não lhes deram vinho, por Sancho de Tovar dizer que o não bebiam bem.
Acabado o comer, metemo-nos todos no batel e eles conosco. Deu um grumete a um deles uma armadura grande de porco montês, bem revolta. Tanto que a tomou, meteu-a logo no beiço, e, porque se lhe não queria segurar, deram-lhe uma pequena de cera vermelha. E ele ajeitou-lhe seu adereço detrás para ficar segura, e meteu-a no beiço, assim revolta para cima. E vinha tão contente com ela, como se tivesse uma grande jóia. E tanto que saímos em terra, foi-se logo com ela, e não apareceu mais aí.
Andariam na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e de aí a pouco começaram a vir mais. E parece-me que viriam, este dia, à praia quatrocentos ou quatrocentos e cinqüenta.
Traziam alguns deles arcos e setas, que todos trocaram por carapuças ou por qualquer coisa que lhes davam. Comiam conosco do que lhes dávamos. Bebiam alguns deles vinho; outros o não podiam beber. Mas parece-me, que se lho avezarem, o beberão de boa vontade.
Andavam todos tão dispostos, tão bem-feitos e galantes com suas tinturas, que pareciam bem. Acarretavam dessa lenha, quanta podiam, com mui boa vontade, e levavam-na aos batéis.
Andavam já mais mansos e seguros entre nós, do que nós andávamos entre eles.
Foi o Capitão com alguns de nós um pedaço por este arvoredo até uma ribeira grande e de muita água que, a nosso parecer, era esta mesma, que vem ter à praia, e em que nós tomamos água.
Ali ficamos um pedaço, bebendo e folgando, ao longo dela, entre esse arvoredo, que é tanto, tamanho, tão basto e de tantas prumagens, que homens as não podem contar. Há entre ele muitas palmas, de que colhemos muitos e bons palmitos.
Quando saímos do batel, disse o Capitão que seria bom irmos direitos à Cruz, que estava encostada a uma árvore, junto com o rio, para se erguer amanhã, que é sexta-feira, e que nos puséssemos todos de joelhos e a beijássemos para eles verem o acatamento que lhe tínhamos. E assim fizemos. A esses dez ou doze que aí estavam, acenaram-lhe que fizessem assim, e foram logo todos beijá-la.
Parece-me gente de tal inocência que, se homem os entendesse e eles a nós, seriam logo cristãos, porque eles, segundo parece, não têm, nem entendem em nenhuma crença.
E portanto, se os degredados, que aqui hão de ficar aprenderem bem a sua fala e os entenderem, não duvido que eles, segundo a santa intenção de Vossa Alteza, se hão de fazer cristãos e crer em nossa santa fé, à qual praza a Nosso Senhor que os traga, porque, certo, esta gente é boa e de boa simplicidade. E imprimir-se-á ligeiramente neles qualquer cunho, que lhes quiserem dar. E pois Nosso Senhor, que lhes deu bons corpos e bons rostos, como a bons homens, por aqui nos trouxe, creio que não foi sem causa.
Portanto Vossa Alteza, que tanto deseja acrescentar a santa fé católica, deve cuidar da sua salvação. E prazerá a Deus que com pouco trabalho seja assim.
Eles não lavram, nem criam. Não há aqui boi, nem vaca, nem cabra, nem ovelha, nem galinha, nem qualquer outra alimária, que costumada seja ao viver dos homens. Nem comem senão desse inhame, que aqui há muito, e dessa semente e frutos, que a terra e as árvores de si lançam. E com isto andam tais e tão rijos e tão nédios, que o não somos nós tanto, com quanto trigo e legumes comemos.
Neste dia, enquanto ali andaram, dançaram e bailaram sempre com os nossos, ao som dum tamboril dos nossos, em maneira que são muito mais nossos amigos que nós seus.
Se lhes homem acenava se queriam vir às naus, faziam-se logo prestes para isso, em tal maneira que, se a gente todos quisera convidar, todos vieram. Porém não trouxemos esta noite às naus, senão quatro ou cinco, a saber: o Capitão-mor, dois; e Simão de Miranda, um, que trazia já por pajem; e Aires Gomes, outro, também por pajem.
Um dos que o Capitão trouxe era um dos hóspedes, que lhe trouxeram da primeira vez, quando aqui chegamos, o qual veio hoje aqui, vestido na sua camisa, e com ele um seu irmão; e foram esta noite mui bem agasalhados, assim de vianda, como de cama, de colchões e lençóis, para os mais amansar.
E hoje, que é sexta-feira, primeiro dia de maio, pela manhã, saímos em terra, com nossa bandeira; e fomos desembarcar acima do rio contra o sul, onde nos pareceu que seria melhor chantar a Cruz, para melhor ser vista. Ali assinalou o Capitão o lugar, onde fizessem a cova para a chantar.
Enquanto a ficaram fazendo, ele com todos nós outros fomos pela Cruz abaixo do rio, onde ela estava. Dali a trouxemos com esses religiosos e sacerdotes diante cantando, em maneira de procissão.
Eram já aí alguns deles, obra de setenta ou oitenta; e, quando nos viram assim vir, alguns se foram meter debaixo dela, para nos ajudar. Passamos o rio, ao longo da praia e fomo-la pôr onde havia de ficar, que será do rio obra de dois tiros de besta. Andando-se ali nisto, vieram bem cento e cinqüenta ou mais.
Chantada a Cruz, com as armas e a divisa de Vossa Alteza, que primeiramente lhe pregaram, armaram altar ao pé dela. Ali disse missa o padre frei Henrique, a qual foi cantada e oficiada por esses já ditos. Ali estiveram conosco a ela obra de cinqüenta ou sessenta deles, assentados todos de joelhos, assim como nós.
E quando veio ao Evangelho, que nos erguemos todos em pé, com as mãos levantadas, eles se levantaram conosco e alçaram as mãos, ficando assim, até ser acabado; e então tornaram-se a assentar como nós. E quando levantaram a Deus, que nos pusemos de joelhos, eles se puseram assim todos, como nós estávamos com as mãos levantadas, e em tal maneira sossegados, que, certifico a Vossa Alteza, nos fez muita devoção.
Estiveram assim conosco até acabada a comunhão, depois da qual comungaram esses religiosos e sacerdotes e o Capitão com alguns de nós outros.
Alguns deles, por o sol ser grande, quando estávamos comungando, levantaram-se, e outros estiveram e ficaram. Um deles, homem de cinqüenta ou cinqüenta e cinco anos, continuou ali com aqueles que ficaram. Esse, estando nós assim, ajuntava estes, que ali ficaram, e ainda chamava outros. E andando assim entre eles falando, lhes acenou com o dedo para o altar e depois apontou o dedo para o Céu, como se lhes dissesse alguma coisa de bem; e nós assim o tomamos.
Acabada a missa, tirou o padre a vestimenta de cima e ficou em alva; e assim se subiu junto com altar, em uma cadeira. Ali nos pregou do Evangelho e dos Apóstolos, cujo dia hoje é, tratando, ao fim da pregação, deste vosso prosseguimento tão santo e virtuoso, o que nos aumentou a devoção.
Esses, que à pregação sempre estiveram, quedaram-se como nós olhando para ele. E aquele, que digo, chamava alguns que viessem para ali. Alguns vinham e outros iam-se. E, acabada a pregação, como Nicolau Coelho trouxesse muitas cruzes de estanho com crucifixos, que lhe ficaram ainda da outra vinda, houveram por bem que se lançasse a cada um a sua ao pescoço. Pelo que o padre frei Henrique se assentou ao pé da Cruz e ali, a um por um, lançava a sua atada em um fio ao pescoço, fazendo-lha primeiro beijar e alevantar as mãos. Vinham a isso muitos; e lançaram-nas todas, que seriam obra de quarenta ou cinqüenta.
Isto acabado - era já bem uma hora depois do meio-dia - viemos às naus a comer, trazendo o Capitão consigo aquele mesmo que fez aos outros aquela mostrança para o altar e para o Céu e um seu irmão com ele. Fez-lhe muita honra e deu-lhe uma camisa mourisca e ao outro uma camisa destoutras.
E, segundo que a mim e a todos pareceu, esta gente não lhes falece outra coisa para ser toda cristã, senão entender-nos, porque assim tomavam aquilo que nos viam fazer, como nós mesmos, por onde nos pareceu a todos que nenhuma idolatria, nem adoração têm. E bem creio que, se Vossa Alteza aqui mandar quem entre eles mais devagar ande, que
todos serão tornados ao desejo de Vossa Alteza. E por isso, se alguém vier, não deixe logo de vir clérigo para os batizar, porque já então terão mais conhecimento de nossa fé, pelos dois degredados, que aqui entre eles ficam, os quais, ambos, hoje também comungaram.
Entre todos estes que hoje vieram, não veio mais que uma mulher moça, a qual esteve sempre à missa e a quem deram um pano com que se cobrisse. Puseram-lho a redor de si. Porém, ao assentar, não fazia grande memória de o estender bem, para se cobrir. Assim, Senhor, a inocência desta gente é tal, que a de Adão não seria maior, quanto a vergonha.
Ora veja Vossa Alteza se quem em tal inocência vive se converterá ou não, ensinando-lhes o que pertence à sua salvação.
Acabado isto, fomos assim perante eles beijar a Cruz, despedimo-nos e viemos comer.
Creio, Senhor, que com estes dois degredados ficam mais dois grumetes, que esta noite se saíram desta nau no esquife, fugidos para terra. Não vieram mais. E cremos que ficarão aqui, porque de manhã, prazendo a Deus, fazemos daqui nossa partida.
Esta terra, Senhor, me parece que da ponta que mais contra o sul vimos até à outra ponta que contra o norte vem, de que nós deste porto houvemos vista, será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte e cinco léguas por costa. Tem, ao longo do mar, nalgumas partes, grandes barreiras, delas vermelhas, delas brancas; e a terra por cima toda chã e muito cheia de grandes arvoredos. De ponta a ponta, é toda praia parma, muito chã e muito formosa.
Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque, a estender olhos, não podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa.
Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares, assim frios e temperados como os de Entre Douro e Minho, porque neste tempo de agora os achávamos como os de lá.
Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem.
Porém o melhor fruto, que nela se pode fazer, me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.
E que aí não houvesse mais que ter aqui esta pousada para esta navegação de Calecute, bastaria. Quando mais disposição para se nela cumprir e fazer o que Vossa Alteza tanto deseja, a saber, acrescentamento da nossa santa fé.
E nesta maneira, Senhor, dou aqui a Vossa Alteza do que nesta vossa terra vi. E, se algum pouco me alonguei, Ela me perdoe, que o desejo que tinha, de Vos tudo dizer, mo fez assim pôr pelo miúdo.
E pois que, Senhor, é certo que, assim neste cargo que levo, como em outra qualquer coisa que de vosso serviço for, Vossa Alteza há de ser de mim muito bem servida, a Ela peço que, por me fazer singular mercê, mande vir da ilha de São Tomé a Jorge de Osório, meu genro - o que dáEla receberei em muita mercê.
Beijo as mãos de Vossa Alteza.
Deste Porto Seguro, da Vossa Ilha de Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro dia de maio de 1500.

Pero Vaz de Caminha

 

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publicado às 00:00

Há 506 anos...

por neves, aj, em 22.04.06

o vigia do mastro principalteria gritado... TERRA!

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Na verdade esegundo reza a História teria sido no dia 22 de Abril do ano de 1500 quea frotade Pedro Álvares Cabral avistou estas terras a que deu o nome de Vera Cruz. No diaimediato as naus e caravelas aportaram em local que denominaram de Porto Seguroe os homens vindos da Ocidental Praia Lusitana teriam tido então o primeirocontacto com os habitantes.

Muitas dúvidasse colocam se na verdade Cabral, o navegador português nascido em Belmonte, nasserranias da Estrela, teria intenção de "achar novas terras" e serealmente a Coroa Portuguesa não saberia da existência de terras a Ocidente, a que oTratado de Tordesilhas firmado em 1494 entre D. João II de Portugal e os reisde Espanha parece dar resposta afirmativa.

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Atente-se quese o Tratado tivesse vingado, o Brasil de hoje  resumir-se-ia àparte colorida de verde. Para o Brasil possuir as fronteiras actuais muitocontribuíram os Bandeirantes (exploradores) e, repare-se ainda, que grandeparte da Amazónia foi conquistada quando o Tratado não tinharazão de existência visto Portugal estar sob o domínio espanhol (1580-1640) e, por arrastamento, também toda a colóniaBrasil estaria sob o domínio de Espanha.

Mas o que nosinteressa por ora é o Descobrimento que Pêro Vaz de Caminha relatou, diremos deforma romântica e enaltecedora, na Carta de Achamento do Brasil e que algunshistoriadores não têm pejo em apelidar de sua Certidão de Nascimento. Aimagem da esquerda, amplamente divulgada na internet, retrata uma das páginasda Carta e a da vossa direita, ao que consta, será a última das páginas ondea assinatura de Vaz de Caminha faz prova. 

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Em crónica quejá vai longa, e para não sermos atacados de que os portugueses só falam dopassado, queremos frisar que não é nossa pretensão cantar em ufanismo oilustre peito lusitano nem mandar cessar o que a musa antiga canta e gritar queoutro valor mais alto se alevanta.... nada disso... apenas pretendemos relatarum facto que a História nos narra e que jamais pode ser imutável. 

Terão osportugueses motivos de orgulho? Porque não? Com o feito sim, ora pois... afinalnão são todos que se aventuram mar adentro em verdadeiras cascas de noz.Terão os brasileiros motivos para festejar? Não nos compete emitir opiniãocomo é lógico, mas sempre afirmamos, e bem alto, que não ficaríamos de modoalgum chocados se um descendente desses homens que Cabral encontrou em 1500 nosafirmasse peremptoriamente que não havia nada a festejar e que o europeu, ohomem branco deveria ter deixado o seu povo em paz.

Ah...peranteesse descendente, perante a Nação Índia deste país, Voz do Seven ainda temuma dívida. Não se esqueceu e em breve vai pagar.

HISTORIANET
A NOSSA HISTÓRIA
  A Carta de Caminha

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publicado às 15:43

corpo humano (acesso álbum)

por neves, aj, em 22.04.06

CORPO HUMANO

 

 

Photobucket - Video and Image HostingAo visionaro álbum o leitor encontra uma foto censurada pelo PHOTOBUCKET, o site que nosaloja as fotos. Ficámos estupefactos. Qual seria a razão? Não é pornográfica. Será chocante?
O organismo Humano nada temde chocante e é apenas belo, a mais perfeita das máquinas, só que algumas dasmentes, infelizmente, são sujas e perversas e não sabem interpretar com naturalidade.
Comparemosa foto com a violência observada no dia-a-dia e que é pomposamente mostradorepetidamente pelas televisões.
Que terá esta foto de chocante, de violento aolado de uma retratando um atentado no Iraque? Um bombardeamento no Afeganistão? A violência barata no Médio Oriente?
Sinceramente. Chatos e teimosos que somos, insistimos e tentámosdriblar o "sistema". A foto em causa é esta... espera-se queesteja a ser vista e avisa-se que pode ser ampliada.



ÁLBUM DE FOTOS

APRESENTAÇÃO DE SLIDES
(PowerPoint)

 

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publicado às 02:40

Procura-se Estado Democrático...

por neves, aj, em 21.04.06

="#008080" size="2" face="Verdana">(opinião deGoulart Medeiros

)

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publicado às 22:03

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