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Dia da Criança

por neves, aj, em 01.06.06

Dia Internacionalda Criança

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Crianças de todo o mundo, diverti-vos!

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Como vedescriançada, meninos e meninas, não me esqueci de vocês. E até vos digo mais, mandando bugiar as velhas e detractoras carcaças, que a eterna criança que transporto dentro do peito deu sinais de si e neste preciso momento sinto-me como um de vós... bom, mas aquium grande pedaço da culpa tem de ser atribuída ao amigo Agostinho, que no seu Arte por um Canudo me fez recuar, pelo menos, 40 anos.

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Certamente que muitos de vós nãoconheceis alguns dosbrinquedos que estão retratados e que fazem parte de uma exposição de títuloO 122° aniversário da Freguesia visto pelos alunos, mas eu explico. Antes éminha obrigação informar que a freguesia em questão dá pelo nome de Paradade Gonta, onde o Agostinho reside, e pertence ao município de Tondela, mesmo ao lado da terra onde eunasci, Santa Comba Dão. São terras bem beirãs no centro de Portugal.

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Sabem como se chamabrinquedo, o primeiro do vosso lado esquerdo?Bilharda... nome estranho não? A bilharda propriamente dita é o pauzinho menorque é aguçado nas duas pontas para não assentar completamente no chão e opau maior é para bater numa dessas pontas fazendo-a levantar ao ar...  coma bilharda ainda no ar o jogador deveria então, seguidamente em tacada rápida,acertar-lhe e enviá-la para bem longe. Tenho que confessar que já não melembro bem das regras e por isso pesquisei aqui na internet e encontrei estapágina. Lembro-me que no final do jogo, e era a parte mais divertida, a equipaperdedora teria que levar às cavalitas os jogadores que venceram. Era umjogo de acirradas disputas durante o recreio na Escola Primária e por vezes oprofessor interditava-o porque os vidros das janelas não resistiam. Fica assimo aviso de que este jogo tradicional é para jogar em campo bem aberto e com os(outros) jogadores bem afastados, não vá o diabo tecê-las e alguém semagoar.

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O brinquedo docentro não é tão desconhecido assim e, à luz do que hoje penso, nem lhe devochamar de brinquedo. É perigoso e pode magoar seriamente, porque a sua funçãoé arremessar pequenas pedras. O nome mais comumé fisga, mas também lhe chamávamos de atiradeira (porque com ela se atirava).Falo nela aqui porque a sua construção era uma arte e motivo de orgulho paraos bons obreiros que depois se serviam da pequena arma para demonstrar a suapontaria aos mais variados alvos, em que se incluíam os infelizes pardais quechilreavm alegremente nas árvores, ficando assim glorificados  perante osdemais. Confesso que a mania de construir uma atiradeira também passou por mim.A azáfama começava na busca de um ramo de árvore em forma de Y, a chamadaforcalha. Depois era a vez de conseguir duas tiras de borracha bem elástica...as velhas câmaras de ar das rodas de bicicleta eram o material certo.Finalmente, com um pequeno rectângulo de couro ou de pele (que iria servir defunda) cortado de um sapato ou casaco velhos, uns centímetros de cordão ou fiopara fixar as pontas e muito engenho e arte, a pequena arma ficava pronta. Corriaentre nós, crianças, que a atiradeira era proibida por Lei e por isso andavasempre escondida. Na Escola, os professores mais conscientes faziam busca àspastas e bolsas e apreendiam-nas. As mães cuidadosas faziam o mesmo e por essarazão jamais me poderei orgulhar de ter sido um atirador de fisga, embora meorgulhe de nunca ter partido a cabeça a ninguém... por acaso, também nuncafui atingido. Ainda bem que caiu em desuso. Hoje, as fisgas usam-se na pescadesportiva para lançar mais longe o engodo.

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Quem nãoconhece o terceiro brinquedo da linha da frente? Sei que todos vocês me dirãoque é um pequeno e simples barco à vela,  mas o que talvez  nãosabeis é que antigamente usávamos a casca de pinheiro, a carcódia, para fazero casco. Era trabalho que necessitava de mãos hábeis e, claro está, de muitocuidado, porque a carcódia tinha que ser escavada com uma navalha. Nunca meirei esquecer que foi um barquito destes que fiz como trabalho manual no exameda 4ªclasse e lembro-me que já o levava alinhavado de casa (era permitido)onde tive a ajuda de meus irmãos. Um pequeno pauzinho redondo que se erguia docentro do casco fazia de mastro e depois ornamentávamos com uma vela e pequenasbandeiras coloridas.

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Nesta crónicade Dia Internacional da Criança falta falar do brinquedo cuja imagem, lá emcima na foto, está encostada à parede... o pião. Certamente que o pião seráo mais tradicional dos brinquedos antigos. 

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Não consigoimaginar algum de nós daquele tempo que não soubesse lançar o pião. Omaterial é básico... um pião e um cordão ou cordel, a baraça, que servepara o lançar. O pião tem obrigatoriamente de ser adquirido, é feito em tornoe é de madeira com um bico de ferro ou aço. Nos meus tempos de Escola, abaraça era geralmente feita por nós e o material usado era guita (cordel) oulã. Era uma tarefa simples e engraçada, mas um tanto morosa... muitos dias,tudo dependia do tempo diário despendido. A primeira etapa era arranjar(arrumar) um carrinho de linhas vazio (por aqui chama-se carretel) que,desnecessário será dizer, era de madeira visto o plástico ainda estar adécadas de distância e pregávamos 3 ou 4 pequenos pregos, pinitos, à voltado buraco do carrinho. Para começar enfiávamos o cordel pelo tubo oco efazíamos uma ponta aí de uns 10 centímetros. Em cima dávamos duas voltas àvolta dos pinos. Com um estilete trazíamos, em cada preguinho, a volta inferiordo cordel por cima da volta superior e puxávamos a tal ponta. Dávamos mais umavolta com o cordel à volta dos pregos e repetíamos... repetíamos... até quea baraça atingia metro e tal. Fazíamos baraças muito bonitas, coloridas,fazendo o aproveitamento de todos os bocados de guita ou lã que conseguíamos.

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A exposiçãojá vai longa, meninas e meninos, mas quero dizer-vos que me diverti. Faltaainda dizer que, por mero acaso, trouxe para cá, para estas terras distantes,um pião e hoje mesmo o lancei aqui em frente de casa. À segunda tentativa opião dormiu que nem um justo e depois consegui apanhá-lo e ele continuou agirar na palma da minha mão.

Lançaro pião e andar debicicleta, afinal têm muito em comum... nunca esquece, apesar de que nãopretendo experimentar se ainda sei pedalar. Ah... não joguei ao"escacha", por falta de concorrentes... um dia destes vou em buscadeles, talvez.

Abraço edivirtam-se.

Para andar pus-lhe a capa
Para andar lhe fui tirar
Ele com capa não anda
e sem capa não pode girar
 

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publicado às 19:31



  
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  • neves, aj

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