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... de falta!
Ao fazer aconta na ardósia da memória parece que nem acredito que já lá vão trêsdezenas de anos. Recordo que estava em Coimbra e estava p'ra ir ao cinema nacompanhia dos meus dois inseparáveis amigos. Antes, de modo a ter aconsciência aliviada, fui a casa onde estava hospedado, porque em tempos em queainda não existiam telemóveis, celulares, poderia ter havido algum telefonema.E havia, havia sim. A simpática senhora da casa, que já não lembro do nome,disse-me que tinham telefonado, que tu tinhas piorado, mãe, e que eu deveria irpara casa, para Santa Comba, o mais rápido possível. Eu sabia. Eu até jáestava preparado... mal preparado, mas já sabia da triste realidade. Lembro bemque era Segunda-feira, a ida ao cinema o reforça, e que de manhã, quando mefui despedir de ti, tinha-te deixado sentada na poltrona ou maple que tínhamoscolocado no quarto para não estares sempre deitada.
Não me lembroo que teríamos falado... tenho pena, porque afinal foram as últimaspalavras que trocámos. No entanto, elas não se teriam desviado muito doshabituais conselhos e teriam sido ultimadas pelo "aviso", sim pelomaldito aviso, porque tu sabias e até ao finalzinho não deixaste de mealertar para o que se adivinhava, para o que iria acontecer.
E aconteceu...a lei da vida não se compadece, mas lembro-te que se desta lei não conseguistefugir, te garanto, mãe, que da Lei da Morte te irei sempre libertando até quea mente me deixe. Dizia eu... aconteceu nesse fatídico 5 de Julho de 1976 e apartir daí os 5 de Julho de cada ano amanhecem tristes e amargos, parecendo quenada sinto, a não ser uma grande tristeza, tristeza esta que agora setransforma em algo que não sei explicar, talvez frustração por não teconhecer velhinha com os netos (e já bisnetos também) à tua voltacantando-te os parabéns a você que a tal lei não te deixou mais comemorar...sei que serias uma velhinha bonita e até digo a tua nora que conquisteialém Atlântico que jamais te preocuparias com as rugas que enfeitammaravilhosamente o rosto da velhinha tradicional portuguesa e que éfonte de admiração para quem ama o belo.
Agora reparoque passados que são estes 30 anos pela primeira vez exponho publicamente o quetantas vezes me aperta a garganta. Mas está a fazer-me bem escrever, mãe... ese me está a fazer bem, naturalmente que tu concordas que o faça, sóesperando eu que meus irmãos não me levem a mal pela divulgação de uma certaintimidade que também é deles.
Olha mãe, hojenão te vou tratar por Rosa, também vou colocar uma foto que te retrata o maispróximo da realidade física que me deixaste. Sinto essa terrível e enormenecessidade, sabias? Não só para te homenagear, mas também para tesentir (ainda) mais próximo, porque acredita e perdoa-me, que às vezes a tuaimagem gravada na minha memória até parece que se torna esbatida ouesbranquiçada tantos já são os anos de ausência... ou será a minha memóriaque já não é a mesma?
Deixo-te comflores... são rosas vermelhas como sempre gostaste e que eu te ajudava a colherdas roseiras plantadas pelo pai no canteiro junto às escadas de casa. Não seise as roseiras ainda existem, talvez sim, talvez não, as coisas mudaram e agoraque interesse haverá em preservar memórias? Por agora ainda nada posso fazer,estou longe, longe de tudo ou quase tudo, mas é preferível estar longe,acredita mãe, longe de casa, da tua casa, da nossa casa... tenhamos fé quetalvez um dia ainda seja possível descobrir lá, no nosso pequeno canteiro, umapequena raiz para que as rosas vermelhas voltem a perfumar o nosso Outeirinho.
Um beijo!
Este Salazar nada tem a ver com o "teu amigo".
O que andas a ler... "obrigas-me" a revisitar o pa...
Adorei a parte final da recomendação, O limão foi ...
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