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Ficou...

por neves, aj, em 15.07.06

(é tão "questão nacional" quanto o 4° lugaralcançado)

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Aquando darecepção de agradecimento e boas vindas à Selecção Nacional, o multidãopresente nas bancadas do Estádio Nacional, no Jamor, pediu: FICA... FICA...FICA!

O bravo gaúchonão o afiançou, mas também não o negou e durante o discurso emocionou-se,ficando provado mais uma vez que afinal até as duras couraças dos sargentõessão penetráveis e falíveis às emoções e os homens que estão dentro delasnão são tão desprovidos de sentimentos como se possa pensar.
Sabíamos, eu etambém os mais realistas, que era difícil o treinador brasileiro continuar àfrente da Selecção Portuguesa. Após, ou melhor, ainda durante o Mundial2006, Luiz Felipe Scolari começou (novamente) a ser cobiçado.

Luiz Felipe eFelipão, o homem e o seleccionador/treinador fundem-se. Felipão é um homem depersonalidade forte que possui um jeito mandão característico, o que o leva aser amado por uns e não amado por outros, que na devida ocasião ri e brincanão escondendo o seu lado de verdadeiro paizão principalmente para comos mais novos. Tal como Luiz Felipe quantos de nós não serão assim? Para nósé nada mais nada menos que um comandante que tem de conduzir os seus soldados(oh quão será difícil comandar as estrelas da bola) de modo inflexível, masjamais se esquecendo que eles são homens que amam e sofrem como qualquer um dosmortais.

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(recorda-se a certos comentadores que o abraço até pode parecer atitude proteccionista, mas afinal não será mais que a compreensão de um pai perante o infortúnio que caiu sobre Cristiano Ronaldo há cerca de 1 ano e, quem sabe, a necessidade de um filho abraçar quem desejava e está impedido fisicamente)

A sua táctica passa pela formação de um grupo coeso que partilhe de ideais idênticos,unidos em torno da mesma causa ou bandeira em ambiente estritamente familiar.Daí a consagração da chamada "Família Scolari". Espontâneo epossuidor de um modo muito sui generis de comandar a sua equipa, marimbando-sese os seus gestos são pouco ortodoxos, vibra mais que torcedor ou adepto, mas os seus métodos de trabalho ou opções nem sempre recebem unanimidade.Afinal é treinador de futebol, profissão onde à velocidade de relâmpago sepassa facilmente de bestial a besta (Otto Glória dixit).

Mas não sópelo já exposto é que Scolari é cobiçado. Não bastasse já ter sidocampeão mundial comandando a selecção do seu país, o simples facto deter levado (formado e comandado) a armada lusa ao vice europeu e ao quartomundial é proeza digna de ser cantada, porque, e sejamos bem claros e realistascaros amigos e amigas, se é verdade que um homem quando é treinador daSelecção do Brasil se arrisca a ser campeão, já com a nossa brava, maslimitada, Selecção das Quinas essa fasquia ou meta fica muito mais distante deser alcançada. É também verdade que não fomos campeões mundiais, mas fomoscampeões do objectivo traçado e é aqui um dos pontos que me leva a admirarScolari ao colocar a fasquia no lugar certo... não muito alta que desse a ideiade presunção e nem muito baixa para que não nos sentíssemos pequeninos,humilhados. Concordei com esse objectivo e chamei-lhe eu sonho bem realista quede imediato, após termos alcançado esse objectivo, passou a ter asas para irmais além, mais alto (afinal um direito que nos assiste e a todas asselecções não candidatas) e por pouco não estivemos presentes no Estádio emBerlim onde qualquer que fosse a selecção antagonista teria queobrigatoriamente nos respeitar.

A agravar adificuldade de manter Scolari no comando da Selecção juntavam-se ainda doisaspectos deveras importantes: o económico e a vontade claramente expressa pelamaioria dos torcedores, comentadores desportivos e até pelo presidente daConfederação Brasileira de Futebol em fazer regressar o saudoso Felipão aocomando da hoje desgovernada Selecção Brasileira. Sabíamos. Se quanto aoprimeiro ponto Felipão já tinha afirmado que "dinheiro não étudo", quanto ao segundo o nosso pensamento vacilava. Ninguém poderialevar a mal que Felipão respondesse afirmativamente à "voz dosangue" e regressasse à Pátria, à sua Pátria, o que em abono da verdadediga-se até o poderia transformar em próximo campeão do mundo. No entanto,ontem, 14 de Julho, o jornal O GLOBO já noticiava que outra "voz dosangue" se tinha alevantado... a da sua família, do clã Scolari, que exprimiuo desejo depermanecer em Portugal colocando como de capital importância o prosseguimentodos estudos dos dois filhosdo casal.

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Tivesse ou nãoficado entre a espada e a parede, Felipãoassinou contrato com a Federação Portuguesa de Futebol. Contrato que vai até ao finalde Julho de 2008. O objectivo desde já é marcar presença no Europeu 2008 queterá organização conjunta da Suíça e da Áustria e cuja campanha dequalificação começa, para nós portugueses, já em Setembro, dia6, emdesafio frente à selecção da Finlândia. Até à Fase Final (7 a 29 deJunho 2008) Portugal terá pela frente uma verdadeira maratona de desafios emque para além da citada Finlândia enfrentará as selecções do Cazaquistão,Arzebaijão, Arménia, Sérvia e Montenegro, Polónia e Bélgica. Estasselecções constituem o GrupoA, o único formadopor 8 equipas e que apurará os 2 primeiros classificados (tal como os outros 6)para a Fase Final. A estas catorze formações juntar-se-ão as selecções daSuíça e da Áustria, já qualificadas na condição de anfitriãs.

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Pronto afinalizar, reparo que acrónica se tornou longa, mas confesso que me  perdi um pouco quando o que pretendiaera apenas informar que a actual equipa técnica da Selecção NacionalPortuguesa vai continuar e também, não escondo, agradecer aFelipão. Não o faço directamente, preferindo fazê-lo falando dos seus êxitos à frente da Selecção Nacional e daimportância do seu carisma na formação de um grupo coeso, porque afinal ofutebol é um desporto colectivo. Atrevi-me também a fazer análise superficialda sua pessoa, esperando que não seja mal interpretado, havendo contudo aindaa destacar a sua coerência (que pode ser confundida com teimosia) hombridade eprofissionalismo que fazem dele uma dessas figuras deveras ímpares e que comonós sabemos andam cada vez mais ausentes do mundo do futebol. Quanto àssuas opções de convocação e os métodos de trabalho ou tácticasfutebolísticas, não os discuto, porque não sei e nem é da minha lavra.

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Por terrível esquecimento a Bandeira não veio, mas o engenho e a arte lusos levaram-me a construir uma que coloquei bem visível na janela... e ainda por lá permanece. 

Ainda com umaréstea de tempo o que eu ainda desejo agradecer a Felipão, quiçá o que este lusoausente da Pátria enaltece mais, é ter projectado o nome de Portugal paraalém das suas fronteiras e, muito importante, ter permitido que deste lado doAtlântico os símbolos portugueses aparecessem em camisetas, automóveis ou àsjanelas (eu próprio coloquei) e também por ter "obrigado" o futebolportuguês a aportar por aqui por terras tropicais onde ele é tãodesconsiderado, chegando eu uma vez a ouvir da boca de um comentador que oCampeonato Português é de 2ª Divisão. Dói muito ouvir isto e dói aindamais ter que engolir (esquecendo-se o comentador que quase metade dos jogadoresprofissionais a actuar em Portugal são brasileiros) por isso desabafo e porisso agradeço a Felipão pelos minutos, horas de reportagem a passar nastelevisões brasileiras que divulgaram o nosso futebol e a nossa terra... teráentão razão Marinho Peres quando me disse, por ocasião do Euro 2004, que era precisodar tempo ao tempo para a opinião mudar.

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publicado às 20:11

fico (globo)

por neves, aj, em 15.07.06

Jornal OGLOBO

Convite da CBF era para o técnico comandar Brasil até a Copa do Mundo de 2014


O técnico Luiz Felipe Scolari foi convidado pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira, para dirigir a seleção brasileira, mas recusou, alegando restrição da família, que pretende continuar morando no exterior. Felipão confidenciou a um amigo que estava disposto a voltar ao cargo no qual conquistou a Copa do Mundo de 2002, mas a oposição de sua mulher e de seu filho o fizeram mudar de idéia. Os estudos do filho de Scolari o obrigam a ficar na Europa por mais dois anos, pelo menos, segundo alegou à CBF o técnico que levou Portugal ao quarto lugar no Mundial da Alemanha.

O convite a Felipão foi feito por Ricardo Teixeira ainda antes do fim da Copa. O dirigente telefonou para o treinador no sábado, dia 8, logo após o jogo entre Portugal e Alemanha, que decidiu o terceiro lugar da competição. No diálogo, Felipão foi totalmente receptivo à proposta de voltar à seleção. A conversa avançou tanto que deixou de ser uma simples sondagem para se transformar num convite formal. Felipão disse que treinar o Brasil de novo era um sonho seu, mas pediu a Teixeira um contrato de prazo maior, de quatro anos, até a Copa da África do Sul. 

—Pretendo fazer um trabalho de longo prazo — chegou a dizer Felipão.

O presidente da CBF, que disse na conversa também pretender organizar uma agenda de longo prazo, surpreendeu Felipão com uma contraproposta ainda mais ousada do que a que ouvira:

— Por que não fazemos um contrato de oito anos, visando à Copa do Mundo do Brasil, em 2014?

No primeiro contato, o convite foi aceito

Os dois acertaram então uma reunião na Europa para acertar os detalhes. Entenderam que por questões de privacidade, esta conversa não poderia ser em Portugal e que seria melhor realizá-la em Londres ou na Espanha. Fixaram-se em Barcelona, onde conversariam no próximo domingo. Ricardo Teixeira, que chegou ontem ao Brasil vindo da Alemanha, embarcaria de volta no fim de semana para fechar os detalhes.

Mas, na terça-feira, dois dias após a conversa telefônica em que Felipão aceitara dirigir a seleção até 2014, ele surpreendeu o presidente da CBF com um telefonema falando de problemas familiares. Disse que não gostaria de impor a Teixeira uma viagem que seria improdutiva, que sua mulher fechara questão contra a volta ao Brasil, e recusou o convite.

Com a recusa de Luiz Felipe Scolari de voltar a dirigir a seleção brasileira, o plano B do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, deve ser divulgado nos próximos dez dias, já que no dia 1º de agosto o novo treinador terá que divulgar a lista dos jogadores convocados para o amistoso contra a Noruega, em Oslo. O dirigente pretende que a equipe já seja comandada pelo substituto de Carlos Alberto Parreira. A partir de segunda-feira, o dirigente iniciará novas conversas.

Segundo pessoas que falaram com ele ainda na Alemanha, a CBF fará uma grande reformulação nos procedimentos atuais de organização da entidade, sobretudo no relacionamento dos jogadores com a seleção. Em outras palavras, a CBF quer mais comprometimento dos jogadores com as competições. Na avaliação da cúpula da entidade, não há uma causa específica para a derrota do Brasil na Alemanha, mas uma série de fatores, a começar pelo fato de a soma de interesses pessoais dos jogadores ter sido maior do que o espírito coletivo.

Ricardo Teixeira já decidiu, por exemplo, que na próxima Copa do Mundo todos os jogadores vão ter que se apresentar no Brasil e voltar ao país juntos no fim da competição, com vitória ou derrota. O fato de os atletas — que já moram longe — não terem passado pelo Brasil antes do Mundial fez com que não sentissem o clima vivido pelos torcedores, e o fato de terem se dispersado na volta também criou distanciamento.

A CBF vai impor novas regras antes de começar o trabalho para a próxima Copa. Quem quiser aceitá-las, vai ter que deixar isso claro desde o começo. Por exemplo: os blogs pessoais dos jogadores durante a competição, o excessivo trânsito de assessores pessoais e empresários também não foram bem vistos pela CBF na Alemanha, bem como as notícias da existência de grupos dentro da concentração. 

Até questões contratuais podem ser revistas. A CBF não recebe nada pelo uso comercial do qual os jogadores se beneficiam ao fecharem contratos com empresas usando a marca da entidade, ao contrário do que fazem os clubes onde os atletas da seleção atuam — no Real Madri, por exemplo, os jogadores são obrigados a dividir com o clube 50% do que ganham em qualquer publicidade.

CBF vai ‘chacoalhar’ relação com atletas

Outra liberalidade da CBF é, por exemplo, em relação ao uso de material esportivo: no Brasil, as chuteiras dos jogadores podem ser de qualquer patrocinador. Mas a seleção da Alemanha obriga todos os convocados a usarem o material de sua marca patrocinadora, a Adidas, mesmo as chuteiras e as luvas dos goleiros. Quem não aceita, fica fora da seleção. A CBF vai estudar estas questões para saber se é o caso de adotar procedimentos semelhantes. De qualquer forma, o importante será a necessidade de os jogadores dedicarem os seus esforços prioritários para a seleção.

Ricardo Teixeira confidenciou na Europa que pretende dar uma chacoalhada nos métodos atuais da entidade que dirige. Ele fez um comentário que define bem a forma como viu a derrota brasileira:

— A soma desses problemas talvez não nos fizesse ganhar, mas eles juntos nos fizeram perder.

Quem conversou com o presidente da CBF ficou com a impressão de que, sem Felipão, ele pode surpreender na escolha do novo técnico. Sua admiração pelo talento de Vanderlei Luxemburgo sempre foi notória, mas ele estaria avaliando que, embora seja, como Felipão, um dos raros técnicos brasileiros que sabe mexer num time no intervalo de uma partida, enfrenta fortes resistências fora dos gramados, por todas as polêmicas em que já se envolveu, inclusive quando dirigiu, sem sucesso, a seleção.

Mas o próprio Ricardo Teixeira reconhece que não foi feliz ao inventar um treinador, o ex-jogador Falcão, que não deu certo na seleção. Isso poderia reduzir as chances de um nome como o de Dunga, que muitas pessoas vêm sugerindo para o presidente da CBF.

— Precisamos começar agora um trabalho de longo prazo, nos aproximar mais das nossas seleções de base. Os jogadores de 15, 16 e 17 anos hoje, serão os nossos craques na Copa do Mundo do Brasil, em 2014 — disse o presidente da CBF.

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publicado às 19:51



  
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