Café da Manhã
Hoje o nossocafé da manhã, o pequeno-almoço por terras lusas, foi bem diferente do usual,mas cada um come do que gosta e (também) à hora que quer, porque, devido aosinevitáveis atrasos inspiratórios, o almoço já está aí p'ra chegar.
E, após (maisesta) viagem de enriquecimento alimentar e/ou de curiosidade e tambémpreocupação em como vai de saúde a mãe/terra, e jamais viagem de nostalgiarecorde-se, retirámos do Olharesdo conterrâneo Ant. Maria Matos dois (belíssimos) instantâneos que retratam anossa Santa Comba em perspectiva nocturna. Antes de invocarmos "as razões"que nos levam a transcrevê-los devemos referir que as imagens foram por nóstrabalhadas (reduzidas e recortadas) e como tal impõe-se um clique (em cadauma) para apreciar o belo trabalho fotográfico do autor.
Aqui nesta, aplaca informativa fala em Miradouro (por aqui diz-se unicamente mirante), mas convenhamosque, de forma literal, talvez fosse mais indicado dizer miraDão,visto que uma centena (ou duas) de metros após, o visitante amante do belodepara-se com pequeno Largo, do Outeirinho, que permite uma das mais soberbaspanorâmicas sobre o Dão, o saudoso Rio Dão, agora bem diferente dos tempos deantanho quando fazia a delícia de quantos mergulhavam nas suas águas límpidasou descansavam sob a sombra dos inúmeros amieiros que cresciam nas suas margens.Hoje, o Dão, está mais gordo e é prisioneiro da Barragem da Aguieira, mas não por terfeito mal algum, note-se, antes pelo contrário, pois as gentes santacombadensesmuito lhe devem pelas toneladas de prazer e de alimento (peixe, pão e água)oferecidas e, especial e orgulhosamente, por ter oferecido o seu nome à cidade. Não esqueçamos ainda que o velho Dão proporcionou tambémenchentes férteis que foram sempre motivo de admiração e que construiu, apulso entre montes e durante milhares de anos, maravilhosas margens em que overde (ainda) tem predominância, apesar do flagelo dos fogos florestais.
Bem, quanto à placa... MiraDouro ou MiraDão tanto faz, pois para nós, para mim Neves, AJ, aplaca até poderia dizer Outeirinho, p'rá minha rua ou p'racasa que o efeito seria o mesmo, visto que toda a minha juventude (e unsbons anos mais) foi passada convivendo com esta zona repleta de encanto.
Masvoltemos à foto do amigo António Maria que nos conta muito mais e nos fezrecuar à infância e aos cuidados que tínhamos que tomar no caminho diáriopara a Escola Primária. O pormenorque nos fez voltar ao passado e que saltou logo à vista, foi o arranjo, a reforma, do passeio (calçada) queassim permite um acesso tranquilo, livre do susto automóvel, ao pedestre, o peãoluso, vindo da minha rua para o Viaduto ou vice-versa, permite a tranquilidadecontinuada de quem acabou de viajar, sem os percalços de antigamente, pelocitado Viaduto, também e mais agora, chamado de Ponte das Hortas. Deveríamosenaltecer a obra, claro está, porque ela até nos parece bonitinha, mas não ofazemos só e apenas pelo simples facto de que algo parece quecorre mal na interpretação da LEI, da Lei da Fraternidade em primeiro lugar etambém da outra lei, a Lei... afinal por onde vai circular uma cadeira derodas? Estará algo a escapar-nos e estaremos a ajuizar erradamente? Sabemos queesta coisa de comentar a 8 mil quilómetros de distância e tendo, ainda porcima, a imensidão atlântica a separar-nos, tem o seu preço e até podedeixar-nos mal vistos... que se dane o ficar mal visto, e até ficaríamosfelizes com o nosso erro e merecidas críticas, acreditem, seria sinal que oTodos Diferentes, Todos Iguais não passava de mero slogan.
Quanto a estasegunda foto... parece que nesta está (ainda) tudo tal como deixei e até pareceque a persiana (ou veneziana) estragada (ou quebrada) no DOMVS IVSTITIAE é a mesma.Como comentário só nos apetece dizer que é com radiante felicidade queconstatamos que este cartão de visita, um dos cartões mais belos da cidade,continua com a mesma paisagem, o que nos leva a pensar que a onda de euforia detentar (re)colocar templo de adoração ao passado já passou. Em jeitode remate, e de alfinetada, realce-se, isso sim, o papel fundamental comoornamento belíssimo assumido pela Fonte, fonte luminosa ou iluminada (por focosde luz, tá claro), apesar de que parece que continua sendo foco de embirraçãode uns tantos acinzentados.
É certo que oCafé da Manhã já vai longamente opíparo, mas, em cumprimento de regrasdemocráticas e outras, colocamos também foto retirada do álbum de SantaComba da autoria deoutro amigo de que já falei, o JVicente, como (parece) gosta de ser conhecidoaqui na rede. [a propósito, seja dito que as tais regras democráticas jáforam colocadas na ligação (link) para as fotos da cidade em ConhecerSanta Comba Dão]
A imagem (quetambém foi trabalhada e como tal também se impõe o respectivo clique para uma melhorapreciação) diz-nos, toca-nos muito e apesar de o autor não lhe ter dadotítulo, nós chamar-lhe-íamos Encantos da Pedra Talhada, em que o majestosoPenedo não engana. Recordemos que A Pedra Talhada é nome em desuso de um lugar da cidade em cujo ponto maiselevado se pode observar uma grande construção pintada de branco e onde seouviu o primeiro grito deste que vos escreve, eram 13 horas de 5 de Novembro dehá meio século mais um ponto. Nessa altura, o edifício deveria ter uns doisou três anos de vida e dava pelo nome de Hospital da Misericórdia, mas nessetempo sabemos nós que a saúde, misericordiosa ou não, só abrangia quemapresentasse umas notas do Banco de Portugal na carteira. Com Abrilpassou a Centro de Saúde durante mais de quarto de século e após a construçãode um novo Centro foi remodelado e inaugurado, em 21 de Maio de 2002, comoUnidade de Apoio Integrado (UAI) com a tradicional benção religiosa (católica)e a presença de todas as forças vivas da Santa Casa da Misericórdia, dosPresidentes da Câmara e Assembleia Municipal, dos Vereadores da Câmara, paraalém de Técnicos da Saúde (são citados o Director e o Enfermeiro-chefe doCentro de Saúde) e da Acção Social locais, isto apesar de a citada inauguraçãoser noticiada, temos o recorte jornalístico à nossa frente, como "pequenacerimónia". À época, a notícia dava ênfase à importância deste novoequipamento para o Concelho e adiantava que "... se destina a acolher todoum conjunto heterogéneo de pessoas com necessidade de cuidados de saúdecontinuados e de apoio social...".
Com sinceridadenos congratulamos que a instituição possa proporcionar, essencialmente, obem-estar último daqueles que por este ou aquele motivo não possuem condiçõeseconómicas, habitacionais ou familiares (leia-se alguém para tomar conta)ideais para que a "passagem" seja digna, afinal a dignidade plena quetodo e qualquer ser humano tem por direito, e já tomámos conhecimento do seufuncionamento real em agradecimentos publicados no Defesa da Beira.
Só que, e em desabafo o digo, a minha compreensão continua atravessada por umadúvida que há 4 anos não é esquecida (e penso que só será esquecida apósser esclarecida). Ela, a dúvida, a interrogação, vem desde os terríveismeses de Junho/Julho de 2002 logo após a dita inauguração, vem desde os diasangustiantes e marcados pelas incertezas do será hoje ou amanhã, desdea espera resignada do provável em hora improvável... ela, a dúvida,a interrogação, não vai embora, continua crescendo à espera de explicação.
É hora de almoço(hora bem tardia, diga-se)... até uma próxima.


