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Café da Manhã

por neves, aj, em 10.09.06

Hoje o nossocafé da manhã, o pequeno-almoço por terras lusas, foi bem diferente do usual,mas cada um come do que gosta e (também) à hora que quer, porque, devido aosinevitáveis atrasos inspiratórios, o almoço já está aí p'ra chegar.

E, após (maisesta) viagem de enriquecimento alimentar e/ou de curiosidade e tambémpreocupação em como vai de saúde a mãe/terra, e jamais viagem de nostalgiarecorde-se, retirámos do Olharesdo conterrâneo Ant. Maria Matos dois (belíssimos) instantâneos que retratam anossa Santa Comba em perspectiva nocturna. Antes de invocarmos "as razões"que nos levam a transcrevê-los devemos referir que as imagens foram por nóstrabalhadas (reduzidas e recortadas) e como tal impõe-se um clique (em cadauma) para apreciar o belo trabalho fotográfico do autor.

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Aqui nesta, aplaca informativa fala em Miradouro (por aqui diz-se unicamente mirante), mas convenhamosque, de forma literal, talvez fosse mais indicado dizer miraDão,visto que uma centena (ou duas) de metros após, o visitante amante do belodepara-se com pequeno Largo, do Outeirinho, que permite uma das mais soberbaspanorâmicas sobre o Dão, o saudoso Rio Dão, agora bem diferente dos tempos deantanho quando fazia a delícia de quantos mergulhavam nas suas águas límpidasou descansavam sob a sombra dos inúmeros amieiros que cresciam nas suas margens.Hoje, o Dão, está mais gordo e é prisioneiro da Barragem da Aguieira, mas não por terfeito mal algum, note-se, antes pelo contrário, pois as gentes santacombadensesmuito lhe devem pelas toneladas de prazer e de alimento (peixe, pão e água)oferecidas e, especial e orgulhosamente, por ter oferecido o seu nome à cidade. Não esqueçamos ainda que o velho Dão proporcionou tambémenchentes férteis que foram sempre motivo de admiração e que construiu, apulso entre montes e durante milhares de anos, maravilhosas margens em que overde (ainda) tem predominância, apesar do flagelo dos fogos florestais.
Bem, quanto à placa... MiraDouro ou MiraDão tanto faz, pois para nós, para mim Neves, AJ, aplaca até poderia dizer Outeirinho, p'rá minha rua ou p'racasa que o efeito seria o mesmo, visto que toda a minha juventude (e unsbons anos mais) foi passada convivendo com esta zona repleta de encanto. 

Masvoltemos à foto do amigo António Maria que nos conta muito mais e nos fezrecuar à infância e aos cuidados que tínhamos que tomar no caminho diáriopara a Escola Primária. O pormenorque nos fez voltar ao passado e que saltou logo à vista, foi o arranjo, a reforma, do passeio (calçada) queassim permite um acesso tranquilo, livre do susto automóvel, ao pedestre, o peãoluso, vindo da minha rua para o Viaduto ou vice-versa, permite a tranquilidadecontinuada de quem acabou de viajar, sem os percalços de antigamente, pelocitado Viaduto, também e mais agora, chamado de Ponte das Hortas. Deveríamosenaltecer a obra, claro está, porque ela até nos parece bonitinha, mas não ofazemos só e apenas pelo simples facto de que algo parece quecorre mal na interpretação da LEI, da Lei da Fraternidade em primeiro lugar etambém da outra lei, a Lei... afinal por onde vai circular uma cadeira derodas? Estará algo a escapar-nos e estaremos a ajuizar erradamente? Sabemos queesta coisa de comentar a 8 mil quilómetros de distância e tendo, ainda porcima, a imensidão atlântica a separar-nos, tem o seu preço e até podedeixar-nos mal vistos... que se dane o ficar mal visto, e até ficaríamosfelizes com o nosso erro e merecidas críticas, acreditem, seria sinal que oTodos Diferentes, Todos Iguais não passava de mero slogan.

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Quanto a estasegunda foto... parece que nesta está (ainda) tudo tal como deixei e até pareceque a persiana (ou veneziana) estragada (ou quebrada) no DOMVS IVSTITIAE é a mesma.Como comentário só nos apetece dizer que é com radiante felicidade queconstatamos que este cartão de visita, um dos cartões mais belos da cidade,continua com a mesma paisagem, o que nos leva a pensar que a onda de euforia detentar (re)colocar templo de adoração ao passado já passou. Em jeitode remate, e de alfinetada, realce-se, isso sim, o papel fundamental comoornamento belíssimo assumido pela Fonte, fonte luminosa ou iluminada (por focosde luz, tá claro), apesar de que parece que continua sendo foco de embirraçãode uns tantos acinzentados.

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É certo que oCafé da Manhã já vai longamente opíparo, mas, em cumprimento de regrasdemocráticas e outras, colocamos também foto retirada do álbum de SantaComba da autoria deoutro amigo de que já falei, o JVicente, como (parece) gosta de ser conhecidoaqui na rede. [a propósito, seja dito que as tais regras democráticas jáforam colocadas na ligação (link) para as fotos da cidade em ConhecerSanta Comba Dão]

A imagem (quetambém foi trabalhada e como tal também se impõe o respectivo clique para uma melhorapreciação) diz-nos, toca-nos muito e apesar de o autor não lhe ter dadotítulo, nós chamar-lhe-íamos Encantos da Pedra Talhada, em que o majestosoPenedo não engana. Recordemos que A Pedra Talhada é nome em desuso de um lugar da cidade em cujo ponto maiselevado se pode observar uma grande construção pintada de branco e onde seouviu o primeiro grito deste que vos escreve, eram 13 horas de 5 de Novembro dehá meio século mais um ponto. Nessa altura, o edifício deveria ter uns doisou três anos de vida e dava pelo nome de Hospital da Misericórdia, mas nessetempo sabemos nós que a saúde, misericordiosa ou não, só abrangia quemapresentasse umas notas do Banco de Portugal na carteira. Com Abrilpassou a Centro de Saúde durante mais de quarto de século e após a construçãode um novo Centro foi remodelado e inaugurado, em 21 de Maio de 2002, comoUnidade de Apoio Integrado (UAI) com a tradicional benção religiosa (católica)e a presença de todas as forças vivas da Santa Casa da Misericórdia, dosPresidentes da Câmara e Assembleia Municipal, dos Vereadores da Câmara, paraalém de Técnicos da Saúde (são citados o Director e o Enfermeiro-chefe doCentro de Saúde) e da Acção Social locais, isto apesar de a citada inauguraçãoser noticiada, temos o recorte jornalístico à nossa frente, como "pequenacerimónia". À época, a notícia dava ênfase à importância deste novoequipamento para o Concelho e adiantava que "... se destina a acolher todoum conjunto heterogéneo de pessoas com necessidade de cuidados de saúdecontinuados e de apoio social...".

Com sinceridadenos congratulamos que a instituição possa proporcionar, essencialmente, obem-estar último daqueles que por este ou aquele motivo não possuem condiçõeseconómicas, habitacionais ou familiares (leia-se alguém para tomar conta)ideais para que a "passagem" seja digna, afinal a dignidade plena quetodo e qualquer ser humano tem por direito, e já tomámos conhecimento do seufuncionamento real em agradecimentos publicados no Defesa da Beira.
Só que, e em desabafo o digo, a minha compreensão continua atravessada por umadúvida que há 4 anos não é esquecida (e penso que só será esquecida apósser esclarecida). Ela, a dúvida, a interrogação, vem desde os terríveismeses de Junho/Julho de 2002 logo após a dita inauguração, vem desde os diasangustiantes e marcados pelas incertezas do será hoje ou amanhã, desdea espera resignada do provável em hora improvável... ela, a dúvida,a interrogação, não vai embora, continua crescendo à espera de explicação.

É hora de almoço(hora bem tardia, diga-se)... até uma próxima.

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publicado às 15:52

Garota de Ipanema

por neves, aj, em 10.09.06

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publicado às 14:27

PORTUGAL (crónica perdida)

por neves, aj, em 10.09.06

Redigida em Outubro 2002 eenviada para o semanário Defesa da Beira da santa terrinha onde foi publicada, andava por aqui perdida nos arquivos (andamos emarrumações) e parece que nunca saiu aqui no Voz. Vai sempre a tempo... e na íntegra.

Crónicas

             Minhas

PORTUGAL

Povo que lavas no rio...

Não sei porquê, enraizou-se na minha mente a ideia de que Portugalé, por excelência, o país dos rios e das ribeiras. Para tal muito deveria tercontribuído a “injecção” administrada nos tempos de escola em que meobrigaram a decorar, cantando, o percurso da nascente até à foz e os incontáveisafluentes da esquerda e da direita de (alguns) cursos de água que eu hoje, e jálá vão quase cinquenta anos, ainda tenho dificuldade em localizar. Puro marranço.Pergunto-me como é que um cérebro de apenas dez anos conseguia ter engenhopara armazenar tanto palavreado que o austero professor bombardeava, enquanto aversátil cana da índia percorria os riscos azuis de um mapa rectangularque já estava a necessitar da reforma que ainda tardou um decénio a chegar.

Do Douro, que mais tarde vim a conhecer com enorme satisfação,tinha “conhecimento” que era largo devido à espessura do traço e que o Sabore o Tua eram riscos que desembocavam nele. Para tristeza minha, o ensinoobsoleto de então nem me tinha mostrado a confluência do Dão com o Mondego.E ela ali tão perto. Diziam-me apenas que na fozdão (que só mais tardeentendi como Foz do Dão) o Dão despejava as suas águas (então) límpidas nolado direito do Mondego, que por si nascia (diziam) na Estrela e atravessava abela Coimbra (facto que eu próprio já tinha comprovado). Diziam também queera na Figueira que ele se lançava no Atlântico, mas só o constatei quandotinha dezasseis anos. 

... que talhas com o teu machado...

A voz de DulcePontes (que jamais será diva, mas que canta que nem deusa)transporta-me até vós.

Por aí, espera-se pelas provas à água-pé e a “folha”já deve cair, enquanto eu, num calendário às avessas, caminho em direcçãoà estação estival e vivo neste momento com a agradável companhia de umaPrimavera bem deliciosa. Os bem ti vi cantam desde o raiar da aurora.Entre dois tragos de delicioso café, observo através das vidraças do meuquarto o suave bailar das folhas das palmeiras (e de outras árvores tropicais)e o Sol a espreitar entre nuvens, lá ao fundo, entre duas pequenas torres dedormitórios.

Depois de uma “maratona” de (quase) oito minutos, o astro-reichega ao planeta Terra para iniciar a sua tarefa diária de permitir odesenvolvimento da vida. É a este aparecimento que estranhamente chamamos“nascer do sol”.

A mim sempre me disseram: “menino, o Sol nasce no Este, do lado daSerra da Estrela e põe-se no Oeste, do lado do mar...”.

Puro charlatanismo. Basta saltar para o outro lado do Atlântico e játenho o Este do lado do oceano. Viro-me então para o Sol, para Este. À minhaesquerda tenho o Norte e prolongando a bissectriz do ângulo recto formado poraqueles dois pontos cardeais (que é afinal a rota do avião que me trouxe)localizo o Nordeste e encontro-vos.

Portugal!

Ó Portugal trovador... Ó Portugal dascantigas...

Não! Não fui (ainda) acometido porataque melancólico algum. O facto de estar longe da Pátria ou do lar, comoqueiram, não me afecta. É verdade que de quando em vez o meu pensamento voa atéàs minhas raízes (e fruto...), mas sem ponta dessa tristeza doentia motivadapor saudade a que chamam de nostalgia. A terra onde nascemos e crescemosmarca-nos profundamente, mas a “nossa terra” é e deverá ser o local ondenos estamos a sentir bem...

Mas, como canta Adriano,se o vento que passa nada me diz e se sinto necessidade de saber notíciasdo meu país, então terei de partir em busca dele para o ter presente nomeu pensamento.

Sou português e sinto-me orgulhoso de oser.

... [Portugal] que mais podesdesejar... ai quem tem tão lindas mulheres... o teu fado o teu luar... (“Zecano Coliseu” continua a luta... agora em disco compacto).

E, neste sábado, enquanto rabisco maisumas linhas a memória não esquece que é feriado no meu país. Como formasingela de recordar o 5 de Outubro que há 92 anos implantou o regimerepublicano que nos conduz (com conhecidos ajustes ao longo dos tempos),vem a propósito falar-vos dos sinais de Portugal nesta cidade.

De alguns, por ora. Sinais que são múltiplos,mas não tão “grandes” nem tão evidentes como eu idealizara.

Utopia... afinal S. Paulo é uma cidadecosmopolita que cresceu de uma forma tão repentina quanto descontrolada semplaneamento algum, que se está marimbando para as origens do Padre M. Nóbregaque lhe deu vida em 1554. Mas, uma grande fatia das culpas deverá ser atribuídaa (alguns) compatriotas nossos. Desligaram-se de tal ordem que muitos símbolosportugueses quase que desapareceram das ruas de S. Paulo. Um dos exemplos, sãoas publicações jornalísticas. O motivo é bem simples: a venda de jornaislusos é (quase) nula.

Fui obrigado a deambular horas, de banca em banca, para que asletras vermelhas do logotipo inconfundível d’ A BOLA aparecessem aosmeus olhos. Mas valeu a pena. A pequena banca, pertença de bragantino há muitoaqui radicado, localiza-se perto da estação de metrô na Praça da República;praça esta onde, diariamente, os acordes melodiosos das flautas (pluritubulares),beijadas por jovens de tez escura e vestidos com trajes tradicionais, invadem osares e transportam-me à cordilheira dos Andes. As raízes africanas tambémmarcam presença... homens e mulheres de cabelos negros compridos e desregradosexpõem, em pano estendido no chão, as peças de artesanato feitas em madeiraou com missangas, enquanto as mãos habilidosas vão dando os últimos retoquesnoutras por finalizar. Também se desenha a expressão de quem passa e vendem-sepedras semi-preciosas. As doçarias marcam igualmente presença, desde ostradicionais e afamados doces de Minas (Gerais) às pequenas balas. Baianas, de turbante na cabeça e saia rodada, fritam em azeite-de-dendê os acarajé feitos de massa de feijão-fradinho ou servem em folha de árvore qualquer porçõesde vatapá que é um prato muito apimentado feito com peixe ou galinha. A mistura dos odores éindefinível.

Mas, não só A BOLA. Também o Jornalde Notícias ou o Diário de Notícias podem ser adquiridos na bancado português. Só que a decepção chega através do diálogo com o meu patrício:afinal a TAP só transporta os números de Domingo e Segunda-feira, que sãopostos à disposição do público na Quarta imediata, o que torna a procuradesinteressante, por tardia.

Quanto a notícias da nossa terra... tenho a Defesa, querecebo na 4ª ou 5ª feiras imediatas à sua publicação. Quando me chega às mãos,o “pequeno” periódico torna-se imensamente grande como o oceano queacabou de atravessar.

Tal como os jornais, a música também é um problema. Só emgrandes discotecas é que se encontram discos portugueses à venda. Na piratariados camelôs de rua... nem um ainda descortinei. Mas, naquelas casas, avariedade é reduzida. O grupo Madredeus toma a dianteira e TeresaSalgueiro deve ser, actualmente, a voz portuguesa mais conhecida nestacidade. Também encontrei CDs de Rão Kyao (que esta semana, 11 deOutubro, dará um espectáculo –imperdível– integrado nas comemorações do67º aniversário da Casa de Portugal de S. Paulo) e da voz imortal de Amália.Só que custam os olhos da cara: quase 40 reais em comparação com os R$ 10 ouR$ 15 das publicações brasileiras ou editadas em inglês. Feliz ideia tive, emter-me aviado em terra e ter trazido uma verdadeira colectânea de músicaportuguesa gravada.

Mas, depois de tanta leitura e de alguma música são mesmo horas deaconchegar o estômago. O azeite, o bacalhau e o vinho, tãocomuns em qualquer Casa de Portugal, são os sinais lusos que vos ofereçocomo aperitivo para a próxima crónica. Dai-lhe apenas algum tempo para serconfeccionada.

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publicado às 01:19




  
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