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AS HISTÓRIAS DEJOÃO DE JESUS
O Fantasma dameia-noite
Foi com um misto de terror e interesse na minha curiosidade de adolescente que, naquela já longínqua noite de Inverno, ouvi o Senhor Artur contar a história que vou narrar e da qualele foi o protagonista
O senhor Artur, homem sociável e sempre disposto a amena cavaqueira, habitava numlugarejo distante uns 2 Km da sede de freguesia e onde apenas residiam três famílias.
Rara era a noite que, após dar por terminada mais uma etapa do seu labor diário, não se deslocasse até ao café daaldeia para ali assistir ao programa de televisão e confraternizar com os amigos.
Dizia não ter qualquer receio em passar a qualquer hora junto do cemitério, situado em local ermo,mas no trajecto obrigatório para o seu regresso a casa.
Mas naquela noite gélida e luarenta de Dezembro ao passar naquele local que lhe era sobejamente conhecido e indiferente, deparou com uma cena que como confessou, o deixou com todos os cabelos do corpo em pé.
Batiam no campanário próximo as badaladas da meia-noite. Diante da porta desse espaço onde se repousa das agruras da vida,uma figura humana arrastava-se vagarosamente, monologando numa linguagem que o Senhor Artur não conseguia compreender. Ficoupetrificado... depois, recuou alguns metros. Mas volvidos uns instantes apelou à sua conhecida coragem e gritou :
Quem está aí ?
Sem mudar de posição, como queperscrutando algo de muito importante no solo, ou cumprindo algum ritual, a figura respondeu numa vozarrastada:
Sou eu, o Zé Meruge!!!
O nosso homem sentiu um grande alívio, pois reconheceu imediatamente aquelavoz e aproximou-se para indagar o motivo da presença àquela hora e naquele local do fantasma. O Zé Meruge, homem para quem não existiam horários, andara agarrado aos trabalhos agrícolas até muito tarde numa suapropriedade e regressava a casa transportado nas suas trôpegas pernas e carregando um saco comazeitonas que rebentara naquele local espalhando-se pelo chão o seu conteúdo. Obom do velho não tendo outra alternativa e, ajudado pela luz da lua, apanhava, um a um, os preciosos frutos. O Senhor Artur, recomposto do grande susto da sua vida, ajudou-o naquela tarefa.
João de Jesus
Coimbra
quemé João de Jesus
HISTÓRIAS DE JOÃO DE JESUS
joaojesus_3645@clix.pt
HISTÓRIAS DEJOÃO DE JESUS
quemé João de Jesus
Joãode Jesus no Voz
::Tratando da saúde abarbos, bogas e companhia
:: OFantasma da meia-noite
:: Torresmada com trutas acompanhada(à viola) p'lo inesquecível Zé Pires
:: No tempo emque o Reno vagueava p'las margens do Mondego
:: Umdia de Pesca dolorosamente reconfortante
:: De castigo para a bolanha
João deJesus
Santacombadensedos sete costados, João de Jesus nasceu lá p'las bandas de Treixedo eactualmente goza a merecida aposentadoria na Coimbra dos Encantos que o adoptou,a si e à sua família, há já uns bons anos. No seu registo de nascimentodevem constar aí umas seis dezenas de anos, mas se levássemos em conta a suafarta vivência... oh... oh... poderíamos sem receio acrescentar-lhe muitosmais Janeiros.
Jovial e depresença marcante, o João de Jesus é um narrador por excelência que tem a capacidade de nos relatar,com dicção notável, as suas histórias com tamanho preciosismo que a partirde um certo momento o ouvinte deliciado não sabe destrinçar onde começa aficção e acaba a realidade. Em serão animado pelo João, o único inimigoserá o tempo, esse tempo que nos rouba tempo para ouvir as suas anedotas(piadas) e, essencialmente, as suas histórias... da tropa (foi pára-quedistalá p'las matas tropicais do além-mar), da pesca (é exímio pescador, mascremos que não mentiroso) e, enfim, do dia-a-dia em que não faltam episódiospassados nos Hospitais fruto da sua experiência profissional no acompanhamentode rectaguarda ao pessoal médico.
O João deJesus está apresentado... chegou então a hora de anunciar que, em nome daamizade, o amigo João é já parte integrante do Voz do Seven ondetambém já foi criado um espaço próprio para receber a sua palavraescrita.
Ao Joãofica então o desafio de nos deliciar com as crónicas. Aos leitores fica o desejo de que sintam prazer na leitura de seus escritos.
HISTÓRIASDE JOÃO DE JESUS
joaojesus_3645@clix.pt
João deJesus no Voz
AS HISTÓRIAS DEJOÃO DE JESUS
Tratando da saúde a barbos, bogas e companhia
A tarde estava cálida convidando à letargia na espreguiçadeira estrategicamente colocada no recanto mais fresco e arejado do quintal.
Mas tinha que optar!
Há muito que dedico parte dos tempos livres à prática da pesca desportiva, que considero um excelente linimento para atenuar o stress provocado pela agitação do quotidiano.
Peguei no material e fui à pesca. Dirigi-me para um local do rio que conheço sobejamente,onde as águas correm docemente, os salgueiros e amieiros se entrelaçam e que as libelinhas sobrevoam num vai e vem azafamado.
Atrevo-me a garantir que os ciprinídeos ali residentes terão travado acesa luta para conseguir o seu "apartamento" em zona tão paradisíaca.
Fiz a minha prospecção, instalei-me confortavelmente e depressa verifiquei que não estava só! Na margem oposta, um grupo de jovens recebia despreocupadamente os raios emitidos pelo astro-rei, não se preocupando minimamente com os riscos do tão apregoado buraco na camada de ozono.
Calculei que estariam a preparar mais um mergulho que me tiraria hipóteses de poder testar a nova essência adicionada ao engodo a conselho dum amigo experiente.
Apesar desse receio arrisquei e lancei as bolinhas aromáticas que lentamente foram peregrinando, até se imobilizarem no fundo xistoso. Os "habitantes" locais não tardaram a manifestar a sua presença e um pequeno barbo maisousado não hesitou em provar a tentadora larva escarlate.
É meu hábito e felizmente da maioria dos amantes da pesca desportiva, devolver ao seu meio os exemplares capturados. Foi o que fiz após alguns momentos de prazer sentido pela luta oferecida pelo prisioneiro. Os acidentais assistentes naturalmente desconhecedores desse ritual, comentaram em surdina o "azar"!
Verifiquei que a nova essência resultava e as "ferragens" registavam-se a uma cadência muito animadora, tendo para com todos os simpáticos animais o mesmo tratamento indiscriminado:devolvê-los à água!
Porém, esta atitude intrigou seriamente os meus observadores, que apercebendo-se da minha"loucura" comentavam que o "tipo devia ser doido". E tal como S. Tomé, um dos mais incrédulos afastou-se do grupo, atravessou a corrente sem perturbar a minha actividade piscatória e, com nítida intenção de ver para crer, postou-se a meu lado esperando poder confirmar a suspeitada demência.
Não esperou muito tempo! Mais uma captura e a teatralização que me ocorreu fazer deixou o meu observador sem a mínima dúvida!
Pedi-lhe que me segurasse a cana enquanto eu apressadamente procurava nas gavetinhas do "panier", algo que fingi ser muito importante, mas que obviamente não encontrei.
Libertei o pobre bicho, enquanto lamentavaem voz bem audívelter esquecido o frasquinho de mercurocromo com que costumava desinfectar os mais gravemente feridos.
O bom do rapaz juntou-se ao grupo e sem qualquer dúvida afirmou peremptório: Olhem que o tipo é mesmo doido!
Eu, escudando-me no tronco dum choupo, ri com muita satisfação.
João de Jesus
Coimbra
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HISTÓRIAS DE JOÃO DE JESUS
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EleiçõesUOL | CartaMaior (análise) |
Folhaonline | Público (Portugal) |
Em Portugal , a vitória de Lula da Silva também foi destaque |
Brasileirosdão a LULA licença reforçada para governar mais quatro anos
Entre alianças difíceis de gerir e a ingovernabilidade
(DulceFurtado)
AS HISTÓRIASDE JOÃO DE JESUS
Torresmadacom trutas acompanhada (à viola) p'lo inesquecível Zé Pires
(sempre que Março se aproximava renascia o entusiasmo, o bichinho como que terminava o seu período deletargia e começavam os planos com longas dissertações à mesa do café) E ele era realmente um Mestre, um mestre que nós escutávamos com veneração,um mestre que possuía o dom de ser multifacetado... De acesso fácil, com margens isentas de obstáculos graças ao trabalho de quem laboriosamente cultivava as suaspropriedades (outros tempos), era realmente o curso de água ideal para a primeira incursão da época pela naturezaadentro como costumávamos dizer. Sabe meu amigo, a vida está difícil, temos que aproveitar tudo,respondeu o bom do sr. Gama. Isso não se faz Senhor Gama! E vocês aí... continuam a comer? Mui calmamente, oanfitrião falou então... Ufa... e o Marta recuperou as cores! Enquanto nos ríamos a bom rir e o Senhor Gama ia baralhando as cartas para batermos uma suecada durante o resto da tarde, a D. Maria dava uma aquecidela aotacho, João de Jesus quemé João de Jesus
Se o Inverno tinha sido muito ou pouco pluvioso, ele calculava então o caudal das ribeiras, consultava cartas geográficas e começava a sonhar onde estaria aquele exemplarenorme que no ano anterior se escapara já mesmo quase dentro do cesto!
E as amostras? Tinham sido lançados uns modelos novos, de cores vivas e atraentes a que nenhuma(truta) resistiria.Ele até já as tinha visto na montra do Correia Pinto... eram o último grito da Mepps.
O seu entusiasmo era verdadeiramente contagiante e nós ficávamos expectantes, procurando beberdaquele cálice que transbordava de conhecimentos. Os atentos alunos eram habitualmente dois :o Jorge Marta e eu...alunos, sim, porque a arte de bem pescar trutas, era predicado apenas de grandesmestres.
mestre na arte de bem pescar, como já disse, mas também mestre no trinar melodicamenteda guitarra e na arte de bem fazer carambolas em toda a mesa (de bilhar). No bilhar eramestre exímio, a sua tacada suave conduzia as bolas num rodopiar mágico, numa sucessão de recortes de beleza, que deslumbravaa assistência!
A todo este virtuosismo aliava-se o fino trato, a sua correcção ímpar, recebendo como contrapartida o respeito e a amizade de todos pela sua reverenda e peculiar figura.
Este de quem temos vindo a falar é o Zé Pires, o homem que marcou muito positivamente inúmeros jovens da minhacidade, com quem eu tive o privilégio de conviver de muito perto e de ter sido incluído no seu vasto rol de amigos...o Zé Pires que irradiava tranquilidade na sua voz pausada, no seu passo firme, quãocadenciado e que exibia com garbo as suas venerandas barbas, cofiadasfrequentemente em gesto automático.
Era este homem que, ainda o dia um de Março vinha longe, já andava na tal azáfama que nosenvolvia para que a abertura das trutas fosse um sucesso. Depois de consultadas as cartas, escutadas as condições meteorológicas efeita a prospecção dos caudais das ribeiras, a preferência para a dita abertura recaía invariavelmente na Ribeira de Pomares, láp'ras bandas de Arganil.
Aqui neste local usufruíamos de outro privilégio... é que o almoço estava sempreassegurado na residência dos Gama, D. Maria e Senhor Gama, um simpático e hospitaleiro casal de anciãosque nos recebia sempre de braços abertos em sua casa, no lugarejo de Agroal, ondepor norma deixávamos a viatura e iniciávamos as nossas actividades piscatórias.
Nunca escolhíamos a ementa... isso ficava a critério da nossa anfitriã. Apenas nos anunciávamos e pedíamos à D.Maria para que lá pela volta das 13 horas nos tivesse confeccionado qualquer manjar que nos aconchegasse o estômago.
E nesse dia, a D. Maria caprichou.
Palmilhados dois ou três quilómetros ribeiro acima e outros tantos de regresso, os sucos gástricos pediam-nos insistentemente para entrar em acção, porque provavelmemte as reservas calóricas estavam a entrar emdéficit preocupante e logo que o nosso porto de abrigo foi avistado e nos aproximámos mais, um cheirinhoreconfortante pairou no ar
. o Marta com o seu olfactoapurado rejubilou e até disse que só com o cheiro já bebia um copo!
Fomos recebidos na sala de visitas dos nossos anfitriões, a grande cozinha onde o fogo crepitava na lareira, e a D. Maria dava o último retoque a uma olfactiva torresmada.
Finalmente, entre um queijito feito, seco lá em casa, e um desfiar de elogios à cozinheira,o enorme tacho pousou na mesa e fomos-nos servindo abundantemente.
O Senhor Gama insistia para que não fizéssemos cerimónia e incitáva-nos a beber mais umcopito, porque era da sua lavra, "puro da cepa", não eracomposto com "produtos", não fazia mal a ninguém.
Como nos sentíamos reconfortados!
Reconfortados com o manjar e com o calor emanado da fogueira que em princípios de Março ainda é recebido de bom grado. E o Sr. Gama, que nos fazia companhia e se deliciava também, teve o cuidado de nos perguntar se estávamos a gostar do almoço. Eu e o Marta respondemos que era a refeição que nos tinha sabido melhor nos últimos tempos.
O Zé Pires como que em renovado elogio pediu à D. Maria para proibir o marido de fazer perguntas daquelas...porém, o nosso anfitrião lá da sua provecta idade, mas aliada a um espírito jovial notável,insistia no seu discurso...que um porquito tinha-lhe aparecido morto no curral e que esta era a principal razão daquele menu dos Deuses. Nós entreolhámo-nos e eude imediato perguntei : então o Senhor encontrou o porco morto no curral e aproveitou-o para consumo em vez de o enterrar?
Eu e o Zé Pires lá nos mantivemos, embora olhando para o tacho com alguma desilusão. Para o tacho e para a D. Maria que no seu sorrisomaroto e no abanar negativo da cabeça nos deu a entender que o marido estava a brincar...mas o Marta nem teve tempo para se aperceber desse pormenor...
num repente levantou-se da mesa, correu para o quintal, fertilizou uns arbustos ali existentes, e reentrou com o aspecto de um doente sofrendo demaleita hepática crónica
Olha já está, já está
o que entra não sai, retrucou o Zé Pires.
olhe amigo Marta, o amigo precipitou-se. Não me permitiu acabar o meu discurso.É verdade que o porquito apareceu-me morto no curral e eu até tinha combinado com o matador para o abater ontem por volta das nove horas
porém o homem e seus ajudantes vieram mais cedo e quando eu cheguei ao curral, ao local do crime, o pobre suíno já estavamorto. Como vêem caros amigos, não lhes menti!
porque o Marta ainda tinha que almoçar
Coimbra
HISTÓRIASDE JOÃO DE JESUS
joaojesus_3645@clix.pt
Este Salazar nada tem a ver com o "teu amigo".
O que andas a ler... "obrigas-me" a revisitar o pa...
Adorei a parte final da recomendação, O limão foi ...
MOMENTOS SÃO PAULO
Perdida em casa
A gata do Canindé
A [barata] tonta da Paulista
Tanto Mar
Big desilusão
Estação da Luz
Paz no Mundo
Bar do Quim
LUSA, subida 2011
Papai Noel
Os pecados [confessáveis] de uma menina bem
A Marquesa de Sernancelhe
Dia do Sim
En-laço
MOMENTOS SÃO PAULO