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O Fantasma da meia-noite

por neves, aj, em 01.10.06

AS HISTÓRIAS DEJOÃO DE JESUS

O Fantasma dameia-noite

Foi com um misto de terror e interesse na minha curiosidade de adolescente que, naquela já longínqua noite de Inverno, ouvi o Senhor Artur contar a história que vou narrar e da qualele foi o protagonista 
O senhor Artur, homem sociável e sempre disposto a amena cavaqueira, habitava numlugarejo distante uns 2 Km da sede de freguesia e onde apenas residiam três famílias.
Rara era a noite que, após dar por terminada mais uma etapa do seu labor diário, não se deslocasse até ao café daaldeia para ali assistir ao programa de televisão e confraternizar com os amigos.
Dizia não ter qualquer receio em passar a qualquer hora junto do cemitério, situado em local ermo,mas no trajecto obrigatório para o seu regresso a casa.
Mas naquela noite gélida e luarenta de Dezembro ao passar naquele local que lhe era sobejamente conhecido e indiferente, deparou com uma “cena” que como confessou, o deixou “com todos os cabelos do corpo em pé”.
Batiam no campanário próximo as badaladas da meia-noite. Diante da porta desse espaço onde se repousa das agruras da vida,uma figura humana arrastava-se vagarosamente, monologando numa linguagem que o Senhor Artur não conseguia compreender. Ficoupetrificado... depois, recuou alguns metros. Mas volvidos uns instantes apelou à sua conhecida coragem e gritou : 
– Quem está aí ?
Sem mudar de posição, como queperscrutando algo de muito importante no solo, ou cumprindo algum ritual, a figura respondeu numa vozarrastada: 
–Sou eu, o Zé Meruge!!! 
O nosso homem sentiu um grande alívio, pois reconheceu imediatamente aquelavoz e aproximou-se para indagar o motivo da presença àquela hora e naquele local do “fantasma”. O Zé Meruge, homem para quem não existiam horários, andara agarrado aos trabalhos agrícolas até muito tarde numa suapropriedade e regressava a casa transportado nas suas trôpegas pernas e carregando um saco comazeitonas que rebentara naquele local espalhando-se pelo chão o seu conteúdo. Obom do velho não tendo outra alternativa e, ajudado pela luz da lua, apanhava, um a um, os preciosos frutos. O Senhor Artur, recomposto do grande susto da sua vida, ajudou-o naquela tarefa.

João de Jesus
Coimbra

quemé João de Jesus
HISTÓRIAS DE JOÃO DE JESUS
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publicado às 22:19

AS HISTÓRIAS DE JOÃO DE JESUS

por neves, aj, em 01.10.06

HISTÓRIAS DEJOÃO DE JESUS

quemé João de Jesus
Joãode Jesus no Voz

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::Tratando da saúde abarbos, bogas e companhia
:: OFantasma da meia-noite
:: Torresmada com trutas acompanhada(à viola) p'lo inesquecível Zé Pires
:: No tempo emque o Reno vagueava p'las margens do Mondego
:: Umdia de Pesca dolorosamente reconfortante
:: De castigo para a bolanha




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publicado às 21:55

Quem é João de Jesus

por neves, aj, em 01.10.06
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João deJesus

Santacombadensedos sete costados, João de Jesus nasceu lá p'las bandas de Treixedo eactualmente goza a merecida aposentadoria na Coimbra dos Encantos que o adoptou,a si e à sua família, há já uns bons anos. No seu registo de nascimentodevem constar aí umas seis dezenas de anos, mas se levássemos em conta a suafarta vivência... oh... oh... poderíamos sem receio acrescentar-lhe muitosmais Janeiros. 

Jovial e depresença marcante, o João de Jesus é um narrador por excelência que tem a capacidade de nos relatar,com dicção notável, as suas histórias com tamanho preciosismo que a partirde um certo momento o ouvinte deliciado não sabe destrinçar onde começa aficção e acaba a realidade. Em serão animado pelo João, o único inimigoserá o tempo, esse tempo que nos rouba tempo para ouvir as suas anedotas(piadas) e, essencialmente, as suas histórias... da tropa (foi pára-quedistalá p'las matas tropicais do além-mar), da pesca (é exímio pescador, mascremos que não mentiroso) e, enfim, do dia-a-dia em que não faltam episódiospassados nos Hospitais fruto da sua experiência profissional no acompanhamentode rectaguarda ao pessoal médico.

O João deJesus está apresentado... chegou então a hora de anunciar que, em nome daamizade, o amigo João é já parte integrante do Voz do Seven ondetambém já foi criado um espaço próprio para receber a sua palavraescrita. 

Ao Joãofica então o desafio de nos deliciar com as crónicas. Aos leitores fica o desejo de que sintam prazer na leitura de seus escritos.

HISTÓRIASDE JOÃO DE JESUS
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João deJesus no Voz

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publicado às 20:37

AS HISTÓRIAS DEJOÃO DE JESUS

Tratando da saúde a barbos, bogas e companhia


A tarde estava cálida convidando à letargia na espreguiçadeira estrategicamente colocada no recanto mais fresco e arejado do quintal.
Mas tinha que optar! 
Há muito que dedico parte dos tempos livres à prática da pesca desportiva, que considero um excelente linimento para atenuar o stress provocado pela agitação do quotidiano.
Peguei no material e fui à pesca. Dirigi-me para um local do rio que conheço sobejamente,onde as águas correm docemente, os salgueiros e amieiros se entrelaçam e que as libelinhas sobrevoam num vai e vem azafamado.
Atrevo-me a garantir que os ciprinídeos ali residentes terão travado acesa luta para conseguir o seu "apartamento" em zona tão paradisíaca.
Fiz a minha prospecção, instalei-me confortavelmente e depressa verifiquei que não estava só! Na margem oposta, um grupo de jovens recebia despreocupadamente os raios emitidos pelo astro-rei, não se preocupando minimamente com os riscos do tão apregoado buraco na camada de ozono.
Calculei que estariam a preparar mais um mergulho que me tiraria hipóteses de poder testar a nova essência adicionada ao engodo a conselho dum amigo experiente.
Apesar desse receio arrisquei e lancei as bolinhas aromáticas que lentamente foram peregrinando, até se imobilizarem no fundo xistoso. Os "habitantes" locais não tardaram a manifestar a sua presença e um pequeno barbo maisousado não hesitou em provar a tentadora larva escarlate.
É meu hábito e felizmente da maioria dos amantes da pesca desportiva, devolver ao seu meio os exemplares capturados. Foi o que fiz após alguns momentos de prazer sentido pela luta oferecida pelo prisioneiro. Os acidentais assistentes naturalmente desconhecedores desse ritual, comentaram em surdina o "azar"!
Verifiquei que a nova essência resultava e as "ferragens" registavam-se a uma cadência muito animadora, tendo para com todos os simpáticos animais o mesmo tratamento indiscriminado:devolvê-los à água!
Porém, esta atitude intrigou seriamente os meus observadores, que apercebendo-se da minha"loucura" comentavam que o "tipo devia ser doido". E tal como S. Tomé, um dos mais incrédulos afastou-se do grupo, atravessou a corrente sem perturbar a minha actividade piscatória e, com nítida intenção de ver para crer, postou-se a meu lado esperando poder confirmar a suspeitada demência.
Não esperou muito tempo! Mais uma captura e a teatralização que me ocorreu fazer deixou o meu observador sem a mínima dúvida!
Pedi-lhe que me segurasse a cana enquanto eu apressadamente procurava nas gavetinhas do "panier", algo que fingi ser muito importante, mas que obviamente não encontrei.
Libertei o pobre bicho, enquanto lam
entavaem voz bem audívelter esquecido o frasquinho de mercurocromo com que costumava desinfectar os mais gravemente feridos.
O bom do rapaz juntou-se ao grupo e sem qualquer dúvida afirmou peremptório: Olhem que o tipo é mesmo doido!
Eu, escudando-me no tronco dum choupo, ri com muita satisfação.

João de Jesus
Coimbra

quemé João de Jesus
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joaojesus_3645@clix.pt

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publicado às 20:30

... foi assim!

por neves, aj, em 01.10.06
EleiçõesUOL CartaMaior (análise)
Folhaonline Público (Portugal)

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publicado às 09:58

... no Público.pt

por neves, aj, em 01.10.06
Em Portugal , a vitória de Lula da Silva
também foi destaque

Brasileirosdão a LULA licença reforçada para governar mais quatro anos

Entre alianças difíceis de gerir e a ingovernabilidade

(DulceFurtado)

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publicado às 09:50

Torresmada com trutas...

por neves, aj, em 01.10.06

AS HISTÓRIASDE JOÃO DE JESUS

Torresmadacom trutas acompanhada (à viola) p'lo inesquecível Zé Pires

(sempre que Março se aproximava renascia o entusiasmo, o “bichinho” como que terminava o seu período deletargia e começavam os planos com longas dissertações à mesa do café)

Se o Inverno tinha sido muito ou pouco pluvioso, ele calculava então o caudal das ribeiras, consultava cartas geográficas e começava a sonhar onde estaria aquele exemplarenorme que no ano anterior se escapara já mesmo quase dentro do cesto!

E as amostras? Tinham sido lançados uns modelos novos, de cores vivas e atraentes a que nenhuma(truta) resistiria.Ele até já as tinha visto na montra do Correia Pinto... eram o último grito da “Mepps”.

O seu entusiasmo era verdadeiramente contagiante e nós ficávamos expectantes, procurando beberdaquele cálice que transbordava de conhecimentos. Os atentos alunos eram habitualmente dois :o Jorge Marta e eu...alunos, sim, porque a arte de bem pescar trutas, era predicado apenas de grandesmestres.

E ele era realmente um Mestre, um mestre que nós escutávamos com veneração,um mestre que possuía o dom de ser multifacetado...
mestre na arte de bem pescar, como já disse, mas também mestre no trinar melodicamenteda guitarra e na arte de bem fazer carambolas em toda a mesa (de bilhar). No bilhar eramestre exímio, a sua tacada suave conduzia as bolas num rodopiar mágico, numa sucessão de recortes de beleza, que deslumbravaa assistência!
A todo este virtuosismo aliava-se o fino trato, a sua correcção ímpar, recebendo como contrapartida o respeito e a amizade de todos pela sua reverenda e peculiar figura.


Este de quem temos vindo a falar é o Zé Pires, o homem que marcou muito positivamente inúmeros jovens da minhacidade, com quem eu tive o privilégio de conviver de muito perto e de ter sido incluído no seu vasto rol de amigos...o Zé Pires que irradiava tranquilidade na sua voz pausada, no seu passo firme, quãocadenciado e que exibia com garbo as suas venerandas barbas, cofiadasfrequentemente em gesto automático.
Era este homem que, ainda o dia um de Março vinha longe, já andava na tal azáfama que nosenvolvia para que a “abertura das trutas” fosse um sucesso. Depois de consultadas as cartas, escutadas as condições meteorológicas efeita a prospecção dos caudais das ribeiras, a preferência para a dita “abertura” recaía invariavelmente na Ribeira de Pomares, láp'ras bandas de Arganil.

clicar para pescar

De acesso fácil, com margens isentas de obstáculos graças ao trabalho de quem laboriosamente cultivava as suaspropriedades (outros tempos), era realmente o curso de água ideal para a primeira incursão da época “pela naturezaadentro” como costumávamos dizer.
Aqui neste local usufruíamos de outro privilégio... é que o almoço estava sempreassegurado na residência dos Gama, D. Maria e Senhor Gama, um simpático e hospitaleiro casal de anciãosque nos recebia sempre de braços abertos em sua casa, no lugarejo de Agroal, ondepor norma deixávamos a viatura e iniciávamos as nossas actividades piscatórias.

Nunca escolhíamos a ementa... isso ficava a critério da nossa anfitriã. Apenas nos anunciávamos e pedíamos à D.Maria para que lá pela volta das 13 horas nos tivesse confeccionado qualquer manjar que nos aconchegasse o estômago.
E nesse dia, a D. Maria caprichou.
Palmilhados dois ou três quilómetros ribeiro acima e outros tantos de regresso, os sucos gástricos pediam-nos insistentemente para entrar em acção, porque provavelmemte as reservas calóricas estavam a entrar emdéficit preocupante e logo que o nosso porto de abrigo foi avistado e nos aproximámos mais, um cheirinhoreconfortante pairou no ar…. o Marta com o seu olfactoapurado rejubilou e até disse que só com o cheiro já bebia um copo! 

Fomos recebidos na “sala de visitas” dos nossos anfitriões, a grande cozinha onde o fogo crepitava na lareira, e a D. Maria dava o último retoque a uma olfactiva “torresmada”.

Finalmente, entre um queijito feito, seco lá em casa, e um desfiar de elogios à cozinheira,o enorme tacho pousou na mesa e fomos-nos servindo abundantemente.

O Senhor Gama insistia para que não fizéssemos cerimónia e incitáva-nos a beber mais umcopito, porque  era da sua lavra, "puro da cepa", não eracomposto com "produtos", não fazia mal a ninguém.

Como nos sentíamos reconfortados!
Reconfortados com o manjar e com o calor emanado da fogueira que em princípios de Março ainda é recebido de bom grado. E o Sr. Gama, que nos fazia companhia e se deliciava também, teve o cuidado de nos perguntar se estávamos a gostar do almoço. Eu e o Marta respondemos que era a refeição que nos tinha sabido melhor nos últimos tempos.

O Zé Pires como que em renovado elogio pediu à D. Maria para proibir o marido de fazer perguntas daquelas...porém, o nosso anfitrião lá da sua provecta idade, mas aliada a um espírito jovial notável,insistia no seu “discurso”...que um porquito tinha-lhe aparecido morto no curral e que esta era a principal razão daquele menu dos Deuses. Nós entreolhámo-nos e eude imediato perguntei : então o Senhor encontrou o porco morto no curral e aproveitou-o para consumo em vez de o enterrar? 

–Sabe meu amigo, a vida está difícil, temos que aproveitar tudo,respondeu o bom do sr. Gama.

Eu e o Zé Pires lá nos mantivemos, embora olhando para o tacho com alguma desilusão. Para o tacho e para a D. Maria que no seu sorrisomaroto e no abanar negativo da cabeça nos deu a entender que o marido estava a brincar...mas o Marta nem teve tempo para se aperceber desse pormenor...
num repente levantou-se da mesa, correu para o quintal, fertilizou uns arbustos ali existentes, e reentrou com o aspecto de um doente sofrendo demaleita hepática crónica…

Isso não se faz Senhor Gama! E vocês aí... continuam a comer?
Olha já está, já está…o que entra não sai, retrucou o Zé Pires.

Mui calmamente, oanfitrião falou então...
olhe amigo Marta, o amigo precipitou-se. Não me permitiu acabar o meu discurso.É verdade que o porquito apareceu-me morto no curral e eu até tinha combinado com o matador para o abater ontem por volta das nove horas…porém o homem e seus ajudantes vieram mais cedo e quando eu cheguei ao curral, ao local do crime, o pobre suíno já estavamorto. Como vêem caros amigos, não lhes menti!

Ufa... e o Marta recuperou as cores! 

Enquanto nos ríamos a bom rir e o Senhor Gama ia baralhando as cartas para “batermos” uma suecada durante o resto da tarde, a D. Maria dava uma aquecidela aotacho,

porque o Marta ainda tinha que almoçar…

João de Jesus
Coimbra

quemé João de Jesus
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publicado às 06:48



  
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  • neves, aj

    Este Salazar nada tem a ver com o "teu amigo".

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