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Senhor Zé Pires

por neves, aj, em 02.11.06

texto introdutório – ... quando a mais recente das Histórias do João de Jesus chegou à caixa decorreio do Voz do Seven não imaginava eu que iria recuar saudável ealegremente aos tempos da minha juventude e de encontro a uma das figuras maiscarismáticas da minha cidade de Santa Comba Dão.
Ao abrir
Torresmada com trutas acompanhada (à viola) p'lo inesquecível Zé Pires sentilogo como que uma obrigação em dar destaque de entrada a este homem de nometão comum quanto a sua simplicidade, de trato afável e que, por mim falo,tinha a grande e rara qualidade de "dar confiança" aos mais jovens,aceitando-os em seu redor, dirigindo-lhes palavra e ouvindo-os, o que,convenhamos, naquele tempo austero e conservador era visto como um acto poucoaceitável, para não dizer reprovável.
A
foto que acompanha o texto foi-me enviada p'loChefe Zé sobrinho-neto do homenageado... agradecimento do tamanho do Atlântico.

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A Homenagem
Conheci o Senhor Zé Pires (esta coisa de dobrar a língua caiu umpouco em desuso, mas fica bem e foi sempre assim que me dirigi à sua pessoa) ainda euesfolava os joelhos em pernas nuas apenas protegidas por calções (por aquidiremos shorts) habilmente confeccionados por meu pai, Zé Neves.
Tomai atento,caros amigos, que não é por mero acaso que aqui junto os dois Zés...Zé, enorme grandeza identificativa de um dosmais simples e belos diminutivos, de José, que era nome bastante comum (à época) no meu Portugal e eternamente imortalizado(desculpem-me a redundância) na pessoa de um dos mais belos e emblemáticossímbolos (hoje estou p'ro reforço) que conheço, o
ZéPovinho, com quem oPovo Lusitano tanto se identifica...
Falava eu dos Zés... é que os dois Zés eram vizinhos de labuta, emcasas comerciais contíguas situadas num dos ex-libris da minha cidade, o Largodo Balcão. Como já vos contei, meu pai era proprietário da Alfaiataria Neves,que felizmente ainda perdura conduzida p'la mão de meu irmão mais velho, e o Senhor Zé Pires trabalhavano estabelecimento ao lado (propriedade, penso eu, de seu sobrinhoSenhor Albino de Sousa). Apesar de a memóriame estar a atraiçoar (eu deveria ter uns 6, 7 anos) eu penso que essa casacomercial era como um"prestador de serviços" (por aqui despachante), diremos assim, e o queme lembra bem é que funcionava como correspondente bancário (afebre de os Bancos se estabelecerem em Cafés ainda não tinha aparecido), pensoque também "fazia escritas" e vendia valores selados... ah... foi aqui que foi instaladaa primeira agência (em Santa Comba, claro está) do
Totobola, imortalizado p'locélebre 1 X 2, sistema de apostas sobre os desafios dos campeonatos nacionaisde futebol.
Noto, amigos leitores, que estou a divagar, que estou a fugir um pouco ao queme propunha quando me sentei aqui em frente ao velhinho monitor, televisãobem peculiar que tem o condão de nos revelar o que a nossa mente idealizou umsegundo antes. Sinceramente que eu queria falar unicamente do Senhor Zé Pires,mas inevitável e compreensivelmente a minha mente voou de imediato e foi buscartodas as recordações registadas em torno do homem de longas barbasesbranquiçadas. Vem-me também ao pensamento que talvez até por um mecanismo qualquer que não sei descrever,a minha mente esteja a fugir ao tema evitando assim "roubar a cena"(como por aqui se diz) ao amigo João que tão bem nos descreve o Senhor ZéPires na
história já anteriormente citada e que merece uma dedicada leitura.Lá, na História do João, poderemos ficar a conhecer muitas mais facetas dosr. Zé Pires, algumas delas por mim presenciadas e saborosamente apreciadas. Quem não se recorda das carambolasem efeito rodopiante, à tabela simples ouàs três tabelas, dadas pelas suas mãos hábeis nas mesas de bilhar do CaféArcada (hoje Casa dos Arcos) e do Salão deJogos do antigo quartel dos Bombeiros Voluntários e que atraíam tanto ou maisassistência que alguns actuais desafios de futebol? Eu lembro bem, como tambémme vêm à mente as longas partidas de Damas no Café Tabique em que eracolocado ao adversário o desafio de derrotar o "velho Pires". (viráaqui bem a propósito revelar que um dos seus grandes desafiadores era o nossoamigo João de Jesus, também ele um artista no Jogo das Damas –dito sem qualquer segundo sentido– e no Bilhar... bom, digamos que o alunoseguiu fielmente aspisadas do mestre) 


Rio Dão... lá p'las bandas do Granjal

Da sua excelsa qualidade de pescador de truta, pescador experiente e sabedorcomo nos relata o João e a quem apelida respeitosa e carinhosamente de Mestre, não mesinto habilitado em falar, apesar de que tive o privilégio de, várias vezes,me poder sentar a seu lado, em silêncio sepulcral, nas margens do saudoso Dão de águas mais calmas observando a sua"sorte", leia-se destreza, em fisgar barbos, bogas e bordalos...
masfalo com propriedade dos seus dotes musicais e ao lembrar o Café Tabique (outro espaço que recordo com carinho) deimediato me veio à memória o som melódico da viola do "velho Pires", dedilhadop'los seus dedos aprimorados, em animados serões com seus companheiros eamigos.
A recta finaljá está aí à vista... impõe-se o devido agradecimento ao João p'ladádiva, ao trazer-me à memória figura tão emblemática e de me terproporcionado voar até à minha juventude, e também se impõe, ora esta,enviar aquele abraço ao Jorge Marta e antes de cortar a linha de chegadaconfesso-vos com sinceridade que lamento não estarqualificado para falar com mais propriedade do Senhor Zé Pires (os desencontrosno calendário da vida são assaz notórios) como também lamento não possuirentre mãos uma foto (quem sabe se o amigo Zé Augusto, seu sobrinho-neto, nãonos surpreende) desta figura tão marcante no quotidianodas gerações mais jovens da minha Santa Comba daquele tempo, como outrasfiguras mais,bem merecedoras de constar na monografia escrita (se me é permitido, novamente,o pleonasmo ouredundância, nem sei) da minha cidade... sei que essas pessoas são gentesimples (propositadamente falo no presente, porque elas estão vivas na minhamemória) e também sei que não ocuparamaltos cargos nem consta que cometessem obras valerosas, mas ninguém mepode impedir de cantar seus nomes libertando-as da
Leida Morte já que elas carregam consigo um enorme e imenso simbolismo que marcaram gerações...como a Tia SãoCanoa, que trago aqui novamente à tona para defender, mais uma vez, que o seunome deveria colorir a placa toponímica existente lá na Rua da Canoa, nome sabiamente dadop'lo Povo Santacombadense.

Post-scriptum- ... haverá por aí algum vereador ou membro da Assembleia Municipal ou deFreguesia que meleia?


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publicado às 08:03



  
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