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... a memória lembra-me que o Zé Neves dizia que quando casou com a mãe Rosa já o velho limoeiro existia. Teria sido plantado por meu avô Elísio Alves Ferreira, "Luta", irmão de Abel e David e outros que eu não recordo. Sendo assim, e levando em atenção que o pai de minha mãe faleceu em 1936, o último dos resistentes da casa fundada por Elísio e Margarida no Outeirinho, terá agora à volta de 80 anos. Talvez mais, quem sabe.
Passou das boas o amigo que hoje aqui homenageio. Lembro-me que esteve quase condenado ao serrote quando, vá lá saber-se porquê, entrou em crise produtiva e durante anos não pariu um limão que justificasse a água que mamava e o "sulfato" que se gastava na "cura". Livrou-se da decapitação, mas não de umas valentes vassouradas receitadas por curandeiro anónimo que passou lá pela rua. Fosse da porrada ou do medo de ir parar à cozinha dos porcos para aquecer as panelas, o velho limoeiro resolveu-se e de um momento para o outro tornou-se parideiro, brotando limões por tudo quanto era flor. A fartura era tanta que até se puseram limões à venda.
Devido à velhice ou, quem sabe, desanimado por ver partir os que o acarinhavam, o velhote resolveu entrar novamente em recessão. Fechou-se em copas e nada de limões. Tudo o que nasce, está condenado a morrer, diz o povo e a sentença foi decretada. Desta vez não se livrou do serrote. Não sei onde foram parar os seus ramos, é irrelevante agora, certamente ao fogão da sala porque as panelas da cozinha dos porcos há muito que tinham deixado de ter utilidade.
Parecia que a história tinha acabado, mas o velho limoeiro estava apenas adormecido. As suas raízes intactas retemperam as forças e vai daí numa Primavera qualquer resolveu-se a dar de si. Ramo ante ramo, folha ante folha, num instante cresceu e iniciou novo ciclo reprodutivo. Este ano deu poucos, disse-me o "mais velho", mas para quem já esteve para lá do além está mais do que bem. A foto é testemunha. Verdadeiro garanhão este meu amigo limoeiro. Que continue a sua acção e que as novas gerações o respeitam tanto quanto eu o desejo.
Post-scriptum - a foto é actual [Fevereiro de 2013] e foi-me oferecida pelo amigo Manuel Evangelista.
Este Salazar nada tem a ver com o "teu amigo".
O que andas a ler... "obrigas-me" a revisitar o pa...
Adorei a parte final da recomendação, O limão foi ...
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