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... sou fraco para memorizar o horário de acontecimentos, mas a chuva grossa de trovoada deveria ter começado a cair pelas quatro e picos da tarde. Tenho em memória as 16:25 horas no mostrador do relógio da sala, mas a "festa" já antes tinha começado.
Aproveito desde já para dizer que esta teria sido a tempestade que mais me marcou desde que vim, vai para 11 anos, a que não será alheio o facto de ter visto algo arrepiante e que nunca tinha presenciado de forma tão intensa: electricidade a arder, literalmente, durante largos minutos. Uma fogueira no chão de pedra, no passeio à frente do prédio, alimentada pela corrente eléctrica de um cabo carregado com uma tensão de 15 mil volts [disseram-me] que à frente dos meus olhos tinha momentos antes partido em dois devido à força do vento e à ajuda das árvores. Aos fortes trovões, às rajadas de um vento tresloucado sem sentido nem direcção [parecido com o diabo que nos pintam na catequese] e às fortes bátegas de água, já eu me habituara, apesar de que desta vez entrou-me janela adentro [pelas frestas do alumínio] um bacião de água que enchi, sem poder respirar, espremendo esfregão atrás de esfregão, mas o que me aterrorizava era o fogo. Apontaria um quarto-de-hora, quinze longos minutos [ou mais] de chama bem viva brotando do chão e acompanhada de um barulho ensurdecedor que me fazia lembrar o som de "maçarico de alta potência". Esclareceram-me depois que enquanto o cabo eléctrico fizesse contacto com o solo, a chama não pararia. Essa a razão, talvez, de se terem gasto [quase todos] os extintores cá da casa e o abrandamento não se via.
Apesar de ver pessoas na rua e nas casas em frente com o telefone móvel encostado às orelhas, também eu tentei telefonar para o 193, contudo, nem Bombeiros nem Polícia Militar [190] me atendiam. Uma voz delicadamente feminina pedia-me para esperar. Como se espera estando em aflição? Curiosamente, o meu ente foi compreensivo. Imaginava as largas dezenas senão centenas de chamadas de gentes tão ou mais aflitas que eu, porque, afinal, a minha aflição era relativa já que estava instalado num nível superior ao plano onde se desenrolavam os acontecimentos. Contudo havia o carro mesmo ao lado da fogueira e não tardaria a pegar fogo. E se explodisse? Que estragos faria? Até poria em risco vidas nomeadamente dos mirones que se iam juntado. E para onde iriam os vidros dos três metros da minha janela? Pro maneta, claro, mas pra cima de nós é que não iriam, pensei, e vai daí toca a levar a Maria para lugar seguro, para a lavandaria, ficando assim com a cozinha de permeio.
De vez em quando vinha dar uma espreitada para tomar atento no rumo dos acontecimentos e vi então o zelador do prédio de mangueira na mão [até me arrepiei, confesso] a apagar o fogo que já se tinha alastrado à viatura. O cabo, a "electricidade", já não ardia. Felizmente que a chuva e o vento tinham parado, o discernimento tinha voltado a tomar conta de nós e saí à rua, com cautela, claro, bem longe da ponta do cabo que já não tocava o solo [pudera, tinha derretido com a chama do "maçarico"] para "apreciar" os estragos. Os Bombeiros chegaram, mas nem rescaldo fizeram. Nada havia a fazer e seriam precisos noutros locais. Zarparam e ficou um carro da Polícia a orientar. Isolou o local onde pendia o cabo eléctrico e interditou a rua porque era só ramagem pelo chão. Ali ficaram toda a noite de plantão e ao outro dia vieram os homens da Eletropaulo [a EDP cá do sítio]. Andaram todo o dia de Sábado até às nove e tal da noite em arranjos [o final de trabalhos foi feito sob chuva intensa e trovoada, honra lhes seja feita] de modo que a rua pudesse ter energia. Curiosamente cá em casa a energia não faltou o que até deixou intrigado o homem da "cadeirinha" [tirei-lhe foto após sinal seu de positivo] que quase me entrou janela adentro durante as reparações. Julgava ele que tínhamos gerador, mas não, é que o "meu prédio" é de esquina e a corrente eléctrica entra pela outra rua, p'la Nazaré Paulista, apesar de a frente ser o 150 da Raul Adalberto de Campos.
Não foi mau de todo, no meio da desgraça até tivemos sorte: ganhámos um saboroso prémio por não termos ficado às escuras e saiu-nos a taluda por não "comer" com o cabo na cabeça. Livra. Só de observar o desenho no chão com dois buracos que o cabo [ou os electrões ou o raio que parta] fez na calçada/passeio de mosaicos até os pêlos se põem em pé. Ao maior deles medi-lhe a profundidade: 22 centímetros. Ainda sinto um calafrio bem gelado. Desgraças à parte, o dia acabou bem, em conversa animada, vimos o Porto ganhar ao Estoril, contei a novidade a alguns amigos via net e, curiosamente à luz de velas feitas por este vosso amigo, comemorámos em grande o Dia da Mulher: uma saborosa salada de bacalhau, vulgo "punheta", acompanhada por um branco fresquinho.
Rostos de Santa Comba Dão
José Luís Oliveira [Menino Minhoto]
fotos mano Vasco |
Este Salazar nada tem a ver com o "teu amigo".
O que andas a ler... "obrigas-me" a revisitar o pa...
Adorei a parte final da recomendação, O limão foi ...
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