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... não posso precisar o ano em que faleceu [quiçá meados dos anos 70] mas como sei que entrou nas sortes com o meu irmão Jorge é, inevitavelmente, um nascido-44 e arrisco eu o 18 de Agosto como o dia em que veio ao mundo [o "mano dois" veio na véspera], mas é irrelevante para agora.
Filho de família humilde de parcos recursos [os Minhotos], o José Luís, creio que Oliveira, habitava com seus pais em casa sita no antigo Bairro Municipal na ditosa Mãe-terra e deve, mui provavelmente, a alcunha de "Menino" à forma carinhosa como a população santacombadense o via e tratava. As minhas memórias de criança ainda me retratam um Menino a andar pelas suas próprias pernas embora com extrema dificuldade e tenho bem vincada uma queda mui aparatosa que deu mesmo junto ao pé da trepadeira que percorria e embelezava os arcos do antigo Café Arcada sito no rés-do-chão da Casa dos Arcos. Rapidamente as minhas memórias já me levam pra um Menino sentado numa cadeira de rodas vermelha com um sistema de duas manivelas que lhe permitiam deslocar-se como se pedalasse com as mãos, mas essa imagem desvanece-se e já o vejo com mais clareza sentado em cadeira mais decente, a que a foto nos mostra, a qual, se a memória não me atraiçoa, foi oferta da Fundação Calouste Gulbenkian que anuiu a pedido formulado por "gente boa" da nossa terra. Contudo, lembro-me bem que ainda o cheguei a levar naquele emblemático triciclo vermelho ao serralheiro Zé Cruz para soldar qualquer peça e recordo também os cuidados que me impunha quando vínhamos em descida Viaduto abaixo, não fosse acontecer o que uma vez aconteceu: despistar-se.
Sentado sob a arcada do Café ganhava o seu sustento com a venda do jornal A Bola e de fracções da lotaria, as cautelas. Passava o tempo lendo as notícias daquele jornal desportivo [na altura trissemanário] e a falar do seu Benfica narrando-nos, inclusive, com as emoções de um locutor de rádio, o relato dos jogos que Eusébio e companhia ainda iriam disputar. Um futurista militante, mas que nem sempre acertava e a tristeza invadia-o, contudo a apatia era de pouca dura já que vivia rodeado de amigos entre eles o inseparável Júlio "Chilila", o engraxador/engraxete, que adorava "arreliá-lo". Outra ocupação era o Jogo das Damas: sentávamos o tabuleiro no seu colo e fazíamos animadas partidas por vezes deixando-o propositadamente fazer a sua célebre jogada de "três e dama" que o levava aos píncaros da alegria. Foi-se o Arcada, mudou o pouso para o Café Tabique e quando o tempo o permitia assentava arraiais na esplanada juntinho à coluna em pedra do edifício dos Correios. O almoço era no Aníbal, onde na altura o Bacalhau com grão de bico era o pitéu por excelência. Depois, antes da noite cair, era o regresso a casa quando um amigo qualquer aparecesse para o levar lá abaixo ao Bairro, sim, o Menino dependia dos outros para se deslocar, mas só não saía de casa se as condições climatéricas fossem muito adversas, nem deixava de almoçar e de dar a sua voltinha pela então Vila e nem sequer deixava de fazer as suas próprias necessidades fisiológicas [havia uma mangueirita escondida na sebe da Avenida, hoje Humberto Delgado]. Havia sempre um amigo que se disponibilizava. Eu tenho orgulho de ter feito parte desses eleitos.
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Este Salazar nada tem a ver com o "teu amigo".
O que andas a ler... "obrigas-me" a revisitar o pa...
Adorei a parte final da recomendação, O limão foi ...
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