
... mas fui tratado.Pois, hoje estava previsto que iria fazer uma urgência ao Pronto-Socorro da Lapa atendendo que a bolha (já sem aspecto de bolha) estava com um aspecto "feio". Era visível que havia inflamação e as dores eram significativas. Tinha uma enorme dificuldade em locomover-me.
Preparei as coisas em casa e fui avisando que iria demorar umas 4-5 horas. Dependia da quantidade de gente que por lá encontraria.
Acontece que a menina E. mandou uma mensagem, via "zap-zap", à minha Maria, dizendo que a doutora T. tinha entregue os medicamentos à menina G e que eu já podia lá ir levantá-los.
Medicamentos para mim, diga-se, comprimidos sub-linguais de vitamina B12. Uma oferta da doutora T. Eram amostras médicas.
Acontece que a UBS (Unidade Básica de Saúde), onde estavam os comprimidos da B12 é exactamente em frente ao PS Lapa. E fez-se luz na minha mente. Se eu tiver a sorte de encontrar a doutora T. Peço-lhe para me ver "a bolha" e pedir-lhe uma opinião (quem sabe evitar a urgência e evitar as horas de espera).
Antes, cumpre-me esclarecer que a doutora T. é geriatra, mas não é minha médica. Ela faz parte de um programa da Prefeitura que tem o sugestivo nome de PAI (Programa de Apoio ao Idoso). A "minha Maria" faz parte do programa, eu não, mas claro que eu e a doutora criámos um vínculo forte. Ela até me chama de "assistente", porque toda a história clínica da Andréa está na minha cabeça e sou eu que passo as informações. A menina E. é "acompanhante" da Andréa. Não é cuidadora, note-se. Vem cá a casa às quinta-feiras de manhã. É ela que faz a ligação entre a paciente e o PAI. Conversa-se, come-se uma fatia de bolo e bebe-se um chá. Por vezes aproveito para sair. A menina G. é como que a "secretária" do PAI. É com ela que eu tento conseguir transporte gratuito se a consulta ou exame que a Andréa tenha de fazer for distante. Há ainda o "chefe", o coordenador A.
Tudo gente boa, diga-se. Prestável, atenciosa, simpática, como o deve ser quem lida com idosos. A mim foi-me atribuído o título de "cuidador", embora informal.
Diga-se que o PAI vem a casa fazer colecta de sangue se a Andréa tiver que fazer análises. A geriatra vem a casa se for necessário. Se for necessário administrar à Andréa vacinas (como aconteceu com a da gripe) ou injecções (como a de B12) o pessoal do PAI vem cá a casa.
Eu não tenho direito, não estou englobado no programa... não há vagas e dizem eles que eu ainda sou autónomo.
Voltando a mim. Fui de carro uber e ao invés de entrar no Pronto-Socorro fui à UBS. A menina G. entregou-me a B12 e perguntei-lhe se a doutora T. tinha ido fazer visitas domiciliárias ou se estava ainda pela unidade. "Ainda está, quer falar com ela?". Mostrei-lhe então o pé e a bolha que já tinha rebentado. "Meu deus senhor António... tão feio". Fiquei na sala a falar com dom algum pessoal que estava por lá e a menina G., discretamente saiu. Voltou e piscou-me o olho (a doutora vai ver a ferida).
Gente boa, prestável.
A doutora T. é espectacular. Viu, foi buscar gaze, luvas e tocou. Ouviu-me gemer um pouco. Pediu-me desculpa por me ter machucado, mas era necessário. Algum líquido que ainda havia na bolha não a assustou. "Não vejo que haja infecção". Chamou uma enfermeira, do programa PAI, e passou-lhe umas recomendações. A menina C. a enfermeira, voltou e disse que sim. Eu iria passar pela enfermagem da UBS (que não do programa PAI) e fariam a limpeza.
Diga-se, a propósito que eu pertenço a esta UBS (pertença da Prefeitura), mas frequento um Posto do governo do Estado de São Paulo. Estou a pensar seriamente em abandonar a doutora Simone no Posto e vir para aqui. Já sou amplamente conhecido.
Agradeci à doutora T. pelo cuidado que teve para comigo e pela B12.
Os dois enfermeiros foram espectaculares. cada procedimento foi-me devidamente explicado. Não iriam "cortar" a pele... iriam deixá-la "morrer". Foquei a situação dita pela doutora T. sobre o possível agravamento da lesão, para a eventual necessidade de tratamento com antibiótico. A doutora T. é tão cuidadosa que evitou um anti-inflamatório... "vamos ver como reage, se houver necessidade damos um anti-inflamatório... não vejo agora necessidade".
E foi assim... lá vim eu com uma bota a cobrir a bolha que foi limpa e tratada com sprays.
"Quarta-feira às 14 horas, senhor António. Volte para vermos como está. Até lá descanse, não force".
"Ok".
Agradeci, claro.
Ao sair, encontrei a menina G. Tinha cá vindo abaixo tratar não sei de quê. Agradeci-lhe, igualmente, por tão prestável que é.
"Esqueça, sr. António, estamos cá para ajudar".
Como vêem, estimados amigos, não se pode medir todos os profissionais de saúde pela mesma rasa.
Ainda não era meio-dia e estava em casa, sem passar pela angustiante urgência no Pronto-Socorro.
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... se estava triste por tanto esperar, depressa se animou quando me sentei num degrau, tendo ficado ao mesmo nível que ele.Dócil e simpático... um fofo.
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... leia-se Pâmela.Já nos conhecemos há uns tempos. Ela "vende" jogo ilegal, o célebre Jogo do Bicho que é tão legal como a sua ilegalidade. Faz parte do quotidiano brasileiro e inventem-se mil Lulas para acabar com ele.
"Tou feia", disse-me quando lhe mostrei a foto.
"Achas? Eu não acho".
"Você me acha bonita?".
Estava a tramar-me. É bonita? O macho que há dentro de cada um de nós (e dos que me vão ler) diriam que sim, mas a idade que carrego já me faz ser ponderado: "não sei. Acho-te simpática, cativante"
"Boa para levar pra cama", metralhou-me ela.
(amo as mulheres, mas são "tão más" em certas ocasiões... lembrei-me de amigos que fariam merda de imediato)
Sem resposta (durante segundos).
Quem me salvou da resposta imediata (porque não a tinha) foi o "barman": "ó português, a menina é danada".
Segundos divinos que fizeram com que o raciocínio voltasse.
"É danadinha sim, mas não fica sem resposta... não.. não te levaria para a cama, tu é que me levarias... a propósito, a beleza não é tua nem minha, é de quem te vê".
"Acha?"
"Acho... não me considero lindo, graças a deus, e a minha mulher diz que eu sou o cara mas lindo do universo. Tu és linda, mesmo que sejas feia, para quem te amar".
Sorriu.
"Entendi... gosto de falar com você... lembra-se que já falámos?"
"Então não haveria de me lembrar?"
(o pior estava para vir)
Acho que por minha culpa, a "beleza das bonecas de porcelana" veio à tona.
"Brancas", atirou-me ela.
Fiquei sem chão.
(eu estava a falar com uma negra)
Antes de continuar aconselho a todo o europeu a tirar um curso antes de emigrar para estas terras, para não fazer merda. Fazer um género de "retiro espiritual"ou ouvir uma mãe ( mesmo semi-analfabeta) que lhe dê lições de fraternidade e humanismo. Uma mãe que lhe fale de que somos todos iguais. A minha falou, não sei bem se tão radical como estou a ser. Não frequentei retiros nenhuns, ouvi atentamente a mãe-Rosa (haja deus mãe, o teu deus que te roubou de mim).
Fui filósofo, tangas, desviei do assunto, falei da mãe de minha filha, de uma morena (embora branca) de olhos verdes.
"Não tão morena quão tu, mais morena do que eu, menos do que tu".
Ela salvou-me ao sorrir.
"Mas, branca"
"Pois... se te conhecesse na altura...", atirei eu meio doido.
"Só se fosse a minha mãe".
"Ela é bonita?"
"Claro que é, e bem casada"
(mesmo que fosse feia e ou separada, ela arreou-me de imediato)
Sorriu e eu também.
Fiquei aliviado, mas adiantei... "sabes, tenho tios e primos com a cor da tua pele" (a mão e o braço esquerdo dela, eram meus)... ela autorizava que os dedos da minha mão esquerda deslizassem por ela, mas eu não tinha algumas "segundas intenções... que sentiria ela?)
"Conta português"
E falei do meu avô (avô pirata que foi para Angola e formou família com uma negra).
Sorriu ainda mais... parece que se sentiu como comadre da minha pessoa.
Ter-me-ia achado negro?
Não me importa.
Fiz um jogo.
Apostei no 1955, e o resto fez ela... 5 reais.
"Tens que vir cá ver"
"Venho"
(se me lembrar, mas nem que seja daqui a um mês após a validade ter acabado, voltarei)
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... mostrei à "minha Maria" as fotos do Granjal publicadas pelo amigo Manuel Evangelista."Eu também sou do Granjal", disse ela.
Gosto da suavidade da minha zuquinha.
E é, porque o Zé da Silva nasceu no Granjal, em Outubro de 1921, não propriamente no Granjal de Santa Comba Dão, mas no Granjal de Sernancelhe.
Por tal, como representante da Beira Alta nesta imensidão territorial chamada Brasil, é que atribuí o título de Marquesa de Sernancelhe à minha marquesa.
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... a cargo da Prefeitura.
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... "trinta-e-um" é uma expressão popular portuguesa que tanto pode significar, "confusão, pandemónio" como "grande problema, coisa difícil de resolver".E a minha amada bolha no calcanhar esquerdo tornou-se um grande trinta-e-um.
Ontem, domingo, a dita cuja apresentou-se assim onde são notórios os sinais de inflamação. A coroa vermelha assim o indica. Juntemos-lhe dor e calor.
Obviamente que, para evitar males maiores, teria que hoje fazer uma urgência no PS da Lapa (devendo entender-se PS como Pronto-Socorro).
Preparei-me para passar quatro ou cinco horas por lá, uma estopada, mas tinha que ser.
A Marquesa tinha hoje dentista, mas tivemos que fazer a opção entre a minha urgência e os dentes dela.
Faltou à consulta odontológica.
Quanto à (minha) urgência conto depois, em outra altura,
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... caladinho, espera pacientemente que "mamãe" regresse das compras.
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