Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Em atitude louca, Voz do Seven veste a pele de Inspector A. Vara no Tojo e entrana ficção policial cómica aproveitando piada magistral que lhe chegou às mãos...
Crime (quase) perfeito
por Insp.A.Vara no Tojo
O telefone toca uma, duas, três vezes... são3:25 horas daquele madrugada chuvosa de Inverno. Ensonado (o deslindar de um crime só lhetinha permitido deitar-se há menos de duas horas) e maldizendo da suasorte consegue finalmente pegar no aparelho que não se livrou do habitualmergulho na coçada carpete alcatifada que cobre o chão do exíguo quartoonde reside. Sabedor que iria ter (mais) trabalho entre mãos (aquele número detelefone só estava ao alcance dos colegas da Esquadra/Delegacia) o InspectorGabardines resmunga um quase imperceptível "qué que é?"
O Presidente da Câmara/Prefeito foi assassinado, berram-lhe do outro lado da linha.
Raios, remoeu indignado e estupefacto onosso homem, no Dia de Natal? Nem um presidente gosta de ser assassinado neste dia.
Com passagem meteórica pela casa debanho/banheiro para tirar uns montículos de remela e esvaziar a bexiga, põe atrabalhar o motor do seu bê-ele-eme-ene a cair aos pedaços e arranca emaltos roncos em direcção ao local do crime, sabendo de antemão que os vizinhoslhe farão (mais uma vez) reclamação por lhes ter oferecido mais uma noite maldormida.
Com um punhal espetado na nuca, o corpo doedil estava sentado e debruçado na mesa da cozinha da enorme mansão. A caraestava literalmente enfiada num tacho ou panela, o que levou imediatamente onosso inspector a conduzir o seu raciocínio para crime passionalpraticado por qualquer adversário político enciumado por não poder eletambém comer do tacho, mas também de imediato colocouna mente inúmeras outras hipóteses, pois omais natural de quem leva uma cacetada na nuca é que a cabeça caia para afrente e por acaso naquele momento o tacho até pode estar à sua frente.
O médico legista segredou-lhe que o crimedeveria ter sido cometido ao "dobrar do dia", portanto durante aúltima hora do dia anterior e a primeira do dia em que estavam, véspera deNatal. O que até vinha de encontro ao que testemunhara a vizinha da frente,qual mulher do soalheiro que gostava de espiar tudo e todos, e que vira a vítimachegar no seu automóvel exactamente às 23 horas e 47 minutos. Mas o queintrigava o nosso inspector era a quantidade de ossos de ave de grande porteespalhados pelo tampo da mesa.
Pela hora-crime que lhetransmitiram era muito pouco provável que a vítima se tenha deliciado com tamanhoassado e a autópsia de certeza que confirmaria sua teoria, portando teria sido o assassino que se enfartazou...pensando bem, o assassino ou os assassinos porque isto de comer um peru inteironão é obra para qualquer um. Coçando a cabeça com os usuais dois dedosda mão direita (o mindinho limpa-cera e o anelar que nunca viu anel), acto que intrigava as gentes ao seu redor, não se sabendo se o fazia em busca de inspiração ou se era acometido de repentino ataque de caspa sempre nestas ocasiões, Gabardines cogitava estudando a estratégia a usar que passariainevitavelmente pela imediata busca pelasredondezas ao homem-glutão de peru assado. Nisto, a um metro de si, estacionou joveme envergonhado polícia,imberbe ainda, dizendo-lhe timidamente (nem todos tinham a coragem de se chegarperto do grande investigador quando ele estava fumegando pelos cabelos) que avizinha, a bisbilhoteira, tinha visto o assassino a sair da moradia e até foraela que telefonara à Polícia intrigada por tão raro costume àquela hora na casa davítima... bisbilhotices, pois então. Em que se teria baseado o nosso inspectorGabardines para deslindar o crime? Enviem os vossos palpites e na próximasemana terão a resposta. Quem acertar terá direito a uma assinatura grátis doVoz do Seven durante um ano. Inspector A. Vara no Tojo não é mais que umahomenagem ao grande Inspector Artur Varatojo que encantou a minhaadolescência com os desafios "à descoberta do criminoso " oraem programa televisivo, de que já nem sei o nome, ora mais tarde emespaços jornalísticos e livros. Acreditem que tais desafios são perfeitosconstrutores do raciocínio, como podereis constatar entrando no seu siteoficial clicando sobre a foto abaixo.
Mas... mas... vocês têm o caso resolvidoe tiram-me da cama às três da manhã? vocifera o nosso homemperdendo até a sua habitual compostura.
É que... é que... gagueja o jovem polícia.
Fala, homem de Deus, fala...
É que... temos dois suspeitos senhorinspector. Chamámos o senhor, porque temos dois irmãos, gémeos, exactamente iguais, com o mesmo peso ealtura também e até se vestem da mesma forma... casaco/terno azul, calçacinza e até chapéus iguais... estão ali naquela outra sala.
Fungando, Inspector Gabardines mira os dois suspeitos,olha-os de alto a baixa e ordena: prendam os dois!
Apesar de nenhum dos doisconfessar o crime (umem defesa da sua culpa e o outro por solidariedade fraternal) o que juridicamente até nem dava base para algum ser constituído arguido, o juiz de plantão concordou com a decisão doinspector e decretou aprisão preventiva dos irmãos, que foram encarcerados na própria Esquadra daPolícia. Apesar de estarem na prisão, os suspeitos eram (muito) bemalimentados tendo até direito, já que se estava em época natalícia, a umasboas postas de bacalhau cozido e a umas refinadas rabanadas... e na virada doano até lhes saiu em sorte uma tacinha de champanhe acompanhando umas fatias deBolo-Rei e de Panetone.
Quinze dias depois, o inspector Gabardines constatou, na sua visita diária aos prisioneiros, queum dos gémeos tinha engordado p'ra burro... até a roupa lhe tinha deixado de servir, enquantoque o outro mantinha o mesmo peso, os 72 quilos com que entrou na prisão. Apósprolongada chupada no charuto apagado e inevitável coçada na cabeça o nossohomem expeliu mais uma das suas célebres baforadas:
Libertem o gordo, ele é inocente.Quem matou foi o outro.
Este Salazar nada tem a ver com o "teu amigo".
O que andas a ler... "obrigas-me" a revisitar o pa...
Adorei a parte final da recomendação, O limão foi ...
MOMENTOS SÃO PAULO
Perdida em casa
A gata do Canindé
A [barata] tonta da Paulista
Tanto Mar
Big desilusão
Estação da Luz
Paz no Mundo
Bar do Quim
LUSA, subida 2011
Papai Noel
Os pecados [confessáveis] de uma menina bem
A Marquesa de Sernancelhe
Dia do Sim
En-laço
MOMENTOS SÃO PAULO