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Sócrates, amigo de Peniche

por neves, aj, em 24.02.11

... amigo porque afinal está a fazer divulgação gratuita à mui bela cidade piscatória que, curiosamente, visitei pela primeira vez talvez em 1971 quando em romaria a capela erigida a santa que já não sei o nome.

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Lembro-me apenas, afinal eu era um jovem a caminho dos 16 anos, que a orada era sobranceira ao mar revolto e que havia festa [missa, procissão e tal] onde os crentes vinham pagar as suas promessas. A razão de eu lá me encontrar foi exactamente essa, a de pagar promessa feita à santa [creio que por minha tia Glória residente nas Termas do Vimeiro] se o mano Vasco viesse são e escorreito lá das matas do Cu de Judas em África. É, meus caros, naquele tempo o bom Povo Português sentindo-se incapaz de encontrar respostas para a existência de uma guerra que não tinha fundamento e vendo os seus filhos partir [e tantos não regressar ou chegarem estropiados], tinha que se refugiar nas religiões acreditando eu que mesmo podendo ser acusada de heresia pelos clérigos da altura uma mãe não hesitaria em pedir ajuda simultânea ao Deus cristão e a todas as denominações da Virgem, a Alá e a Buda, a Jesus e a Jeová, também a anjos e arcanjos, e, claro, a todos os santos e santas possíveis e imaginários. O que interessava era o filho regressar.
Contudo, declarando-me solidário para com as dezenas de milhar de vítimas e seus familiares, sou obrigado a interrogar-me sobre o pensamento que afloraria à mente da mãe [também do pai, claro, dos irmãos e até vizinhos] quando o pedido feito à divindade não surtia efeito e o jovem que tinha partido na flor da idade com a mente carregada de sonhos regressava agora mutilado ou em caixão forrado a chumbo: certamente que aqui os padres da freguesia [os realmente e todos os influentes] se encarregariam de atribuir a culpa do insucesso do pedido [ao santo] aos ateus terroristas [também depreciativamente identificados como turras], infames criaturas que não se deixavam dominar e que não abdicavam das [suas] terras herdadas de seus antepassados.

Bom, adiante, porque é necessário, estritamente necessário, justificar que o nosso título não tem nada a ver, absolutamente nada, com a célebre e enigmática expressão lusitana Amigo de Peniche de significado mais ou menos similar à expressão tupiniquim Amigo da Onça [esta também usada em Portugal] mas que faz qualquer um sentir-se em palpos de aranha para explicar a sua origem, contudo é facilmente explicável a injustiça da sua existência já que a malta de Peniche é, afinal, tão fixe como os demais cidadãos da Lusitânia.
Garantido... outras vezes por lá passei, sendo que uma delas me ficou bem na memória: uma sardinhadaà discrição numa Festa de pescadores.

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publicado às 15:04




  
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Comentários recentes

  • neves, aj

    Este Salazar nada tem a ver com o "teu amigo".

  • neves, aj

    O que andas a ler... "obrigas-me" a revisitar o pa...

  • Rosa Lychnos

    Adorei a parte final da recomendação, O limão foi ...


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