um clique para ampliarA Turma é a do 1ºJ [hoje será 5ºJ] da Escola de Fafel em Lamego e lembro-me bem que a maioria dos retratados era da cidade. Por isso é que a turma era das boas, entenda-se como de bons resultados académicos [boas notas] num geral e quanto a disciplina era daquelas que na acta se podia escrever com propriedade: "nada a assinalar". Não quer dizer que as outras fossem turmas de burros, porque não há ninguém burro, todas as mentes são iguais torna-se necessário é que as mentes se abram e o ambiente em que somos criados é um dos factores que facilita bastante essa abertura. Lamentavelmente só me lembro do nome de um dos alunos e curiosamente, do craque, aquele aluno que se destaca pela positiva, que é de raciocínio rápido e seguro, que é trabalhador, cumpridor nos tê-pê-cês, que usa cadernos e livros impecavelmente limpos e organizados, educado e que antes de falar levanta a mão pedindo autorização. Por experiência digo-vos desde já que tantos predicados juntos não é característica de rapaz, não, e claro que vos falo de uma menina, da Maria João, sentada na fila da frente, curiosamente na quinta posição, quer a contar da esquerda quer da direita. Eu, sem barba, e vestido despreocupadamente pareço um deles em tamanho grande. A esta turma lecionava Matemática. Senti-me bem por lá p'la Escola de Fafel em Lamego, apesar de que o impacto inicial foi negativo: escola grande em que se respirava conservadorismo por todo o lado, não sei se fruto da idade dos colegas, num geral [muito] mais velhos do que eu. No meu grupo, o 4º, até havia senhora doutora à espera da aposentadoria que se recusava a ensinar pelos novas directrizes vindas do Ministério. Contudo, o meu desânimo foi apenas até ao dia em que tive o primeiro conselho de turma de turma do segundo ano pomposamente intitulada problemática [recordo perfeitamente o Marcão a quem cantámos os parabéns dos 17 anos numa turma de calmeirões e de autênticas mulheres complemente deslocados em escola preparatória que leccionava apenas até ao 6º ano de escolaridade]. Nesse conselho conheci melhor o chefe, prof de História, Presidente do Conselho Directivo. Afinal estávamos os dois do mesmo lado na luta contra o mofo. A partir daí várias vezes me deu boleia [carona] até Tarouca onde eu vivia. Várias conversas se tinham. A melhor que eu guardo do Zé António foi em reunião de notas [da dita turma de matulões] no final do ano: dois murros na mesa e meus caros vocês vão rever as notas todas porque a Escola não vai ficar com nenhum desses gajos cá para o ano [aí uns três quartos da turma estava para ser reprovada... nem um quarto o foi após os ditos murros]. Belos tempos, carago, que às vezes diz-se carago porque sabe bem.