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... bem a propósito do enigmático algarismo do B.I.
Será desejo comum que, em prol do desenvolvimento, a Terra continue rodando, o Homem continue a cruzar meridianos e que chegado às mais díspares regiões do Globo seja sempre capaz de se fazer comunicar. Mas, a um estranho fora da sua Pátria deparara-se a adversidade do uso de outra língua que não a sua e mais não tem que se adaptar às novas linguagens. Sobre a temática, os nossos emigrantes são letrados e a quem nunca se aventurou pelo mundo fora mais não resta que imaginar as enormes dificuldades por eles atravessadas. Quanto a mim... tenho sorte. Apesar de algumas desarmonias sobejamente conhecidas entre o Português falado e escrito daquém e dalém Atlântico, a integração é fácil e rápida e para mais tenho a vantagem de que a solução de uma dada equação é a mesma em qualquer parte do Mundo (empreguem-se as técnicas que se empregarem) e o produto de nove vezes não sei quantos é também o mesmo. Não é por acaso que a ciência dos números é chamada de Linguagem Universal. E, vem a propósito dizer que tal linguagem permite desvendar o verdadeiro significado do enigmático algarismo do B.I. que se encontra isolado à direita do número do Bilhete de Identidade do cidadão português. Ao polémico algarismo (de 0 a 9) é costume ora lhe ser imputado a quantidade de nomes iguais ao nosso que existem ora o número do ficheiro onde estamos arquivados. Nada disso! É apenas um número de controlo que visa detectar se não existem erros na identificação do cidadão nacional. Com tal sistema poderá verificar-se a veracidade do número do B.I. de qualquer cidadão com a realização de umas contas não muito complicadas. O assunto já foi devidamente abordado pelo professor Jorge Picado da Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra em exposição intitulada O misterioso algarismo do bilhete de identidade onde tomou como exemplo o número 8074662-4 (este 4 é o tal algarismo isolado). Partindo da direita para a esquerda multiplique-se o primeiro número (o algarismo 4) por um, o segundo (o algarismo 2) por dois, o terceiro (o algarismo 6) por 3 e assim sucessivamente. Teremos então: 4x1, 2x2, 6x3, 6x4, 4x5, 7x6, 0x7, 8x8. Somando os produtos obtidos (4, 4, 18, 24, 20, 42, 0, 64) chegaremos ao total de 176, que dividido por 11 dará o resultado exacto de 16, o que aponta para a validade daquele número de B.I. . Assim, a obtenção de um quociente inteiro (qualquer um, desde que não tenha vírgula) na divisão do total dos produtos por 11 (sempre por onze) é indicador de que o número de B.I. está correcto. Se hipoteticamente o resultado fosse decimal (por exemplo 16,3) algo estaria errado com o B.I.Porém, antes de deitarem mãos à obra, saliente-se que segundo o professor este sistema adoptado pelo Ministério da Justiça é falível em 50 por cento sempre que o algarismo de controlo é o zero, já que este poderá admitir o valor numérico de 0 ou 10, o que em casos extremos pode provocar que uma pessoa (com o algarismo de controlo 0) possa vir a ser identificada por um nome que não é o seu.
Cálculo do dígito decontrolo
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